‘Forró nosso de cada dia’ agita Aracaju

Agência Aracaju de Notícias
08/06/2009 09h50
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Por Gabriel Cardoso (estagiário)

Com a proximidade dos festejos juninos, turistas de todas as partes do país vêm à Aracaju para se deliciar com a gastronomia, os costumes locais e também para dançar forró. Mas o que é uma diversão sazonal para os visitantes é quase uma rotina para os aracajuanos, que durante o ano todo se reúnem em bares ou vão a casas de espetáculo vivenciar alguns dos principais aspectos de sua cultura.

Quem está em Aracaju pela primeira vez e faz um simples passeio pelas ruas da cidade já percebe as preferências de boa parte da população: um barzinho com amigos e muito forró. Cada lugar, entretanto, oferece o ritmo de acordo com o espaço à disposição. Seja no estilo eletrônico ou tradicional, o forró se propaga pelos aparelhos de som e DVD, ou ao vivo, quando se dispõe de estrutura.

Atualmente, os aparelhos eletrônicos predominam nos bares da capital sergipana. Contudo, aqueles que contam com apresentações ao vivo roubam a cena, conquistando a preferência do público. Para alguns privilegiados donos de bar, atrair a atenção da clientela não é lá um grande desafio, basta ser criativo. É o caso dos estabelecimentos situados em locais com grande fluxo de pessoas, como os dois principais pontos turísticos da cidade: os mercados centrais e a orla de Atalaia.

Os aracajuanos passam parte do seu tempo livre, sobretudo nos finais de semana e feriados, nesses dois lugares. O mesmo acontece com os turistas que visitam a capital sergipana nas férias. Todos só esperam ter um bom motivo para adentrar algum recinto, sentar e deleitar-se. Sendo assim, colocar forrozeiros em carne e osso para tocar é o algo mais que faz a diferença na hora de escolher em qual mesa se acomodar.

Comerciante forrozeiro

Dono de um bar no mercado Antônio Franco há seis anos, Seu José Américo - mais conhecido por seu nome artístico, Zé Américo de Campo do Brito, um renomado sanfoneiro sergipano - é quem cuida da cozinha, atende os fregueses e ainda toca em sua sanfona o melhor do forró ‘pé-de-serra'. "Eu sou o único sanfoneiro que toca praticamente na porta do mercado, sentado em um tamborete. Faço isso com o maior prazer e é dessa forma que agrado meus clientes", afirma.

No início e meio da semana, o comerciante forrozeiro faz apenas breves demonstrações com o instrumento, mas às sextas e aos sábados, a partir das 14 horas, a casa esquenta ainda mais e o forró só termina quando o último freguês vai embora. Abraçando a sanfona, Zé Américo atrai seus clientes sem se preocupar com detalhes como a decoração do bar.

"Não é preciso enfeitá-lo para criar o clima ideal de recanto nordestino. O ambiente ao seu redor se encarrega disso", atesta. É nos Mercados Centrais de Aracaju que as cores, sons, cheiros e sabores da cultura sergipana se encontram.

Reduto do forró

Já na Orla de Atalaia, dezenas de bares se misturam e disputam freqüentadores na famosa Passarela do Caranguejo. A concorrência faz com que os proprietários busquem alternativas inovadoras para atrair a freguesia. Desse modo, a arquitetura, a decoração do interior, a potência do som e o atendimento tornam-se preocupações primordiais.

Sabendo disso, Amilton Santana, nascido em Nossa Senhora das Dores, dono de um dos bares mais frequentados da Passarela do Caranguejo, investiu tudo o que pôde para tornar seu estabelecimento popular. Há dez anos, esse bem sucedido ‘tabaréu', como ele mesmo se define, comprou um pequeno terreno na Atalaia, que à época funcionava como estacionamento. Lá mesclou restaurante com música nordestina. A idéia foi um sucesso. "Eu queria abrir um espaço que oferecesse comodidade e tradição. Aqui está o resultado", orgulha-se.

Hoje o bar de Seu Amilton é totalmente caracterizado com motivos sertanejos, em estilo rústico, e conta com a apresentação de várias bandas, não só de forró. Tal ambiente dá a ele destaque em relação aos bares vizinhos, e seus atrativos ganham ainda mais força no período junino. "Minha programação junina dura o ano todo, começa no mês de janeiro e vai até 31 de dezembro. Mas é nessa época que turistas e sergipanos vêm em peso", diz.

Além desses bares mais visados no centro da cidade e na praia, é evidente que existem muitos outros espalhados por todos os bairros de Aracaju que compartilham a mesma proposta de atrair as pessoas e ao mesmo tempo disseminar o ritmo musical mais característico do Nordeste. Que a proposta dá certo, ninguém duvida. É só dar uma circulada e conferir.