Casal unido por Santo Antônio conta sua história

Agência Aracaju de Notícias
09/06/2009 09h26
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Por Priscila Viana (estagiária)

Com um largo sorriso no rosto e esbanjando simpatia, a comerciante Silvaneide Soares, de 40 anos, orgulha-se de contar a própria história de amor que, segundo ela, foi abençoada pelas mãos de Santo Antônio. Há 20 anos, ela vende ervas medicinais em uma loja no mercado municipal de Aracaju e sempre recebe dezenas de pessoas que vão ao local em busca de conselhos amorosos.

"As mulheres vêm aqui querendo saber um monte de simpatia. Mas a maior parte pede simpatias de Santo Antônio. Quando começa o mês de junho, é o auge. Elas enchem a loja, perguntando o que fazer pra encontrar um marido", revela. "Tudo o que eu sei aprendi com minha mãe, que faz aniversário no dia de Santo Antônio e é grande devota dele", complementa.

Enquanto Silvaneide aconselha as clientes e oferece as ervas medicinais que, segundo ela, "são tiro e queda", o marido Jairo Dias, com quase 31 anos, modela com precisão imagens de santo feitas de barro. Mas, mesmo concentrado nos detalhes que envolvem a confecção do artesanato, Jairo lança alguns olhares e sorri timidamente, enquanto sua esposa conta, em alto e bom som, a história de amor deles.

"Depois de dois anos separada do meu primeiro marido, eu fiz uma simpatia para Santo Antônio. Virei a imagem de cabeça pra baixo em um copo virgem, com água, e disse a ele que só desviraria quando ele me arrumasse um homem bom, companheiro e que me entendesse", conta Silvaneide.

Exatamente após um mês seu pedido foi atendido. "Em julho, eu fui à casa de uma amiga e ele trabalhava lá, como ajudante de pedreiro. Como eu precisava de uma reforma na casa, chamei ele para ir lá fazer uns serviços. Veja só: ganhei uma casa nova e um marido novo", brinca.

Mas Silvaneide garante que não se acomodou na conquista, que teve uma mãozinha do santo casamenteiro. "Nós estamos com oito anos de união e me casaria com ele mais 100 vezes. Não falo isso porque estou na frente das pessoas, mas ele sabe que é verdade. Temos uma filha de um ano e somos muito felizes", fala com orgulho, enquanto Jairo solta um sorriso cúmplice.

Muitas pessoas vão com frequência à loja de Silvaneide perguntar qual foi a simpatia mais forte que ela fez para viver essa história. No entanto, ela responde que a eficácia não está no sacrifício, mas no sentimento. "É preciso ter muita fé. Se você não acreditar de verdade que seu santo vai operar um milagre pra você, não se consegue o que quer. Eu sempre deposito toda minha fé quando faço meus pedidos", revela.

E como a fé no poder dos santos mobiliza muitas devotas em direção ao mercado municipal, Silvaneide e Jairo já preparam inúmeros produtos para as festas juninas. "Daqui a alguns dias, isso aqui já vai estar cheio de imagens, a procura é muito grande. Além disso, tem também os jornais, eles aparecem sempre, pra saber a nossa história", orgulha-se.

Santo Antônio

Conhecido carinhosamente como Antoninho, Santo Antônio tem fama de casamenteiro. Dizem que as simpatias em seu nome dão certo, se feitas com bastante fé. A devoção tem origem no século XII, graças à generosidade com que ele, que era frei, presenteava as jovens sem dote para que elas pudessem se casar.

Segundo conta outra lenda, uma moça, cansada de rezar e esperar que o santo a ouvisse, atirou a sua imagem pela janela. A estatueta bateu na cabeça de um homem rico, que logo se apaixonou por ela. A partir desses ‘causos', Santo Antônio, festejado em 13 de junho, não teve mais descanso e, até hoje, recebe muitos pedidos.

Nesse quesito, há espaço para todas: solteiras que querem encontrar alguém, as acompanhadas que desejam ‘amarrar' o namorado e aquelas que desejam preservar o casamento.

Simpatias

Segundo a crença, aquelas que anseiam descobrir o nome do futuro companheiro devem comprar um facão e, à meia-noite do dia 12 de junho, cravá-lo numa bananeira. O líquido que escorrer da planta deve formar a letra do futuro amor.

Outra antiga tradição diz que, para descobrir o futuro companheiro, é preciso escrever os nomes dos candidatos em vários papéis. Um deles deve ser deixado em branco. À meia-noite do dia 12 de junho, os papéis devem ser colocados em cima de um prato com água, que passará a madrugada ao relento. No dia seguinte, o que estiver mais aberto indicará o escolhido.

Para quem tem pressa em arranjar um namorado, o ideal é comprar uma pequena imagem do santo, tirar o Menino Jesus do colo do religioso, dizendo que só devolverá quando conseguir um namorado, ou ainda, virar o Santo Antônio de cabeça para baixo.

As mais afoitas tem ainda outro recurso. Elas devem ir a um casamento e dar de presente aos noivos uma imagem de Santo Antônio, sem o Menino Jesus. Depois, pedir no altar para se casar com alguém. Assim que a graça for alcançada, é preciso retornar à igreja e lá depositar a imagem do Menino Jesus.

Para as que já estão acompanhadas, mas ainda não subiram ao altar, também há simpatias. A pessoa deve amarrar um fio de cabelo seu ao do namorado. Eles devem ser colocados aos pés do santo, que, logo, logo, resolverá a questão.

Outra simpatia pode ser feita com um ovo quebrado dentro de um copo com água e colocado no sereno, à meia noite do dia 12 de junho. No dia seguinte, é só olhar o desenho que se formou. Se aparecer algo semelhante a um vestido de noiva, véu ou grinalda, o casamento está próximo.

Para saber se o futuro companheiro será jovem ou mais velho é preciso arranjar uma pimenteira. De olhos fechados, deve-se pegar um dos ramos. Se o escolhido for verde, ele será jovem. Caso contrário, o casamento acontecerá com alguém de idade avançada.

Segundo a tradição popular, há também uma forma especial de um casal brigado fazer as pazes. Para isso, é preciso um cravo e uma rosa. Os talos devem ser amarrados juntos com uma fita verde, na qual serão dados 13 nós. Durante o procedimento, o devoto deve pensar que Santo Antônio vai uni-los outra vez.

Por fim, para descobrir se faltam muitos anos para a grande data, na véspera do dia 13 de junho, à meia-noite, amarre uma aliança - que pode ser de qualquer parente - numa linha ou num fio. Coloque um copo sobre a mesa e segure o fio de modo que a aliança esteja dentro do copo. Pergunte, então, quantos anos faltam para o casório. O número de batidas informa quantos anos ainda restam para o grande dia.