Para que o Forró Caju se desenvolvesse ao longo dos anos e conquistasse um público cada vez maior e mais diversificado, muitas pessoas batalharam incansavelmente no início, para consolidar a idéia de um grande arraial. São pessoas que, de alguma forma, ajudaram a construir a história de Sergipe, ao concretizar a organização dessa festa junina que hoje é uma das maiores do Brasil.
Uma delas é Luiz Eduardo Oliva, atual presidente do Empresa Pública de Serviços Gráficos de Sergipe (Segrase) e vice presidente da Associação Brasileira de Imprensas Oficiais (Abio). Quando ocupava o cargo de secretário adjunto da pasta municipal de Turismo, Esporte e Lazer de Aracaju, em 1993, Luiz Eduardo recebeu a tarefa de organizar a primeira edição do Forró Caju.
"O então prefeito Jackson Barreto revelou sua intenção de colocar em prática um grande São João em Aracaju. Naquela época, os festejos juninos se restringiam à rua de São João, algumas manifestações de bairro e às festas do interior, como Areia Branca, Capela e Estância", lembra.
O atual presidente da Segrase conta que, à época, teve receio de tocar o projeto adiante. "Eu achei temerária uma festa desse tipo, porque a intenção era que fosse na praça Fausto Cardoso, um local que tradicionalmente levava multidões nos grandes comícios, em atos públicos e durante os carnavais. Questionei a idéia por saber da falta de tradição de Sergipe em realizar grandes aglomerações juninas", conta.
A festa
Para começar a organizar a festa, Luiz Eduardo teve uma ajuda do fotógrafo Vovô Monteiro, que também já havia ocupado o cargo de secretário municipal de Turismo, Esporte e Lazer. "Nós pensamos que a festa tinha que ter duas coisas: primeiro, conseguir a participação das diversas classes sociais, porque a classe média, mais jovem, sempre se organizou para ir às festas do interior no São João", afirma.
No entanto, Luiz conta que a grande idéia surgida durante preparação do evento veio de sua colega de trabalho. "A assessora que me acompanhava, Antonieta Santos, me deu a idéia de convidar os principais bares da cidade para ocupar a praça Fausto Cardoso. Nós redesenhamos o local e o deixamos com um outro aspecto", relembra.
"O palco ficava em frente ao prédio do Tribunal de Justiça, e os bares ficavam no entorno da praça, em frente ao palácio Fausto Cardoso e ao palácio da antiga Assembléia Legislativa de Sergipe. Todo aquele vão da praça ficava disponível, com um grande arraial montado e uma programação de forró pé de serra", detalha Luiz Eduardo.
A primeira edição do Forró Caju estava programada para durar 15 dias. No entanto, o sucesso foi tanto que a festa se estendeu até o início de julho, contabilizando praticamente um mês de forró. "Em uma semana, os donos de bares vendiam mais do que a média de um mês inteiro. Nós havíamos apresentado uma programação de peso, com Elba Ramalho, Marinês e sua gente, Nando Cordel e outros", diz.
Sucesso
Para Eduardo, o sucesso em que se transformou o Forró Caju não vem somente das grandes atrações que movimentam o público, mas também da ousadia daqueles que confiaram na festa, desde o início. "O Forró Caju é fruto de uma idéia muito bem executada no seu nascedouro. Então, não tenho a menor dúvida que nós, naquela época, fincamos as bases da maior festa junina de Sergipe", afirma Luiz.
"O início não foi fácil não. Nós tínhamos uma organização pequena, e sequer havia um local especifico. Ficávamos numa barraquinha onde a coordenação se sentava, mas a minha própria cerveja eu pagava", relembra. E é com muito orgulho que o atual presidente da Segrase observa a evolução da estrutura e da divulgação da festa.
"A cada ano que vou, eu passo anonimamente, as pessoas sequer sabem quem sou. Antes eu nem tinha acesso aos camarotes. Isso só veio acontecer há pouco tempo, depois que passei a ocupar cargos públicos. Por isso me sinto extremamente homenageado com essa entrevista", emociona-se Luiz Eduardo Oliva.