Pacientes com esquizofrenia recebem tratamento individualizado

Saúde
11/08/2009 10h02
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O termo ‘esquizofrenia' foi usado pela primeira vez em 1911, pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler, com o significado de ‘mente dividida'. Em muitos casos, o paciente esquizofrênico faz uma dissociação entre ele mesmo e outra personalidade, e confunde o real com o imaginário, gerando uma forma diferente de ver o mundo.

Por suas peculiaridades, pessoas que têm a doença precisam de atenção e tratamento especiais. Para garantir o atendimento das necessidades dos pacientes com esse tipo de distúrbio mental, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), disponibiliza Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

Chegando ao Caps, a equipe de saúde realiza o acolhimento e avalia, entre outros aspectos, o grau de autonomia do paciente. Com base nessa avaliação, é feito um projeto terapêutico de acordo com o perfil de cada usuário, garantindo um tratamento individualizado e mais eficiente. A depender do diagnóstico, é recomendada a permanência total ou parcial no Caps.

Além de receber a medicação adequada, sob acompanhamento médico, o enfermo também participa de diversas atividades ocupacionais em grupo, como oficinas de pintura, artesanato e jardinagem. Nos grupos terapêuticos, eles interagem e conversam sobre temas variados, inclusive sobre suas experiências com a doença e evoluções alcançadas.

Família

Segundo a técnica em saúde mental da Rede de Atenção Psicossocial (Reap), Mônica Rocha, o tratamento varia bastante de paciente para paciente. Cada caso apresenta peculiaridades que necessitam de cuidados individualizados, mas todos têm um ponto em comum: a importância do bom convívio familiar.

"A gente procura não tirar a pessoa totalmente da família, porque é importante que eles tenham essa relação. O sucesso do tratamento depende muito do apoio dos familiares e do reconhecimento da doença. Quanto mais cedo o paciente aceita e reconhece que é esquizofrênico e que tem surtos, mais fácil é o tratamento", explica Mônica.

A doença

A esquizofrenia não tem cura. Embora a medicina tenha avançado nos tratamentos, o paciente que desenvolve essa doença deve ter acompanhamento permanente. "Se analisarmos bem, é igual a várias outras doenças. Diabetes e hipertensão, por exemplo, são enfermidades que precisam de medicação para serem controladas. O mesmo acontece com a esquizofrenia", conta.

A causa exata da doença ainda é um dos mistérios estudados pela ciência, mas sabe-se que, na maioria dos casos, os surtos têm início após uma situação de adversidade ou sofrimento intenso. Após a perda de um ente querido, por exemplo, as pessoas que já são psicologicamente vulneráveis podem desenvolver surtos de esquizofrenia.

Durante os surtos, ao contrário do que muitos pensam, poucos pacientes apresentam comportamento agressivo. Os sintomas mais comuns são alucinações auditivas e visuais, além da ideia constante de perseguição. Segundo Mônica, nunca se deve negar ao esquizofrênico sua alucinação.

"Para ele, tudo que ele diz estar vendo ou ouvindo é real. Aquela é a realidade da pessoa, e se você nega uma coisa da qual ele tem plena certeza, você acaba deixando a pessoa desacreditada. Fazer o paciente se sentir acolhido e fazer com que ele confie em você são pontos fundamentais no tratamento da doença", garante.

Preconceito

Outro aspecto importante para o sucesso do tratamento e para o bem-estar do paciente é a aceitação da sociedade que, para Mônica, ainda guarda muito preconceito contra pessoas com enfermidades mentais.

"Inconscientemente a gente quer que as pessoas se enquadrem no que a gente acha que é normal e que está dentro dos padrões da sociedade. Mas será que todo mundo na vida precisa ser e fazer tudo igual? Todo mundo tem o direito de ser diferente!", enfatiza.