Exposição ‘Anistiados’ resgata memória do período da ditadura

Funcaju
06/08/2009 12h05
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O interesse da filha em resgatar a história de luta e sofrimento da família deu origem à exposição ‘Anistiados - couro esquecido', que tem início nesta quinta-feira, 6, a partir das 20 horas, na Galeria de Arte Álvaro Santos (GAAS). A jornalista Joana Côrtes reúne diversos trabalhos feitos por seu pai, Bosco Rolemberg, enquanto esteve preso durante a ditadura militar. O evento tem o apoio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju) da Prefeitura de Aracaju.

Em comemoração aos 30 anos da Lei de Anistia, sancionada em 28 de agosto de 1979, a exposição resgata as memórias políticas de quem viveu toda a repressão do regime de exceção. A mostra reúne dez telas pirogravadas em couro, feitas por Bosco Rolemberg (atual chefe de Gabinete do município) ao longo dos quase cinco anos em que esteve detento no presídio prof. Barreto Campelo, situado na Ilha de Itamaracá (PE).

A arte serviu para Bosco como uma válvula de escape para o momento de angústia e sofrimento na prisão. O artista plástico retratava, com um pedaço de couro e uma ponta incandescente, tudo o que havia presenciado durante os anos de clandestinidade nas fábricas do ABC Paulista e nos canaviais pernambucanos. Cenas de luta social e resistência popular serviram de inspiração para retratar um dos momentos históricos mais duros do país.

Além desse material, Joana reuniu textos de grandes nomes do jornalismo e da literatura sergipana, como Cleomar Brandi, Carlos Cauê, Carol Barcellos e Maruze Reis, para "desencouraçar a história" das telas. São crônicas, cartas censuradas e diversos textos literários que retratam a visão de jornalistas, poetas e estudiosos de diversas gerações sobre o acervo exposto.

‘Anistiados - couro esquecido' conta ainda com uma videoinstalação do estudante de cinema Raphael Borges (popularmente conhecido como Mingau), e permanece em cartaz até o dia 29 de agosto. A Galeria de Artes Álvaro Santos fica na praça Olímpio Campos e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, das 9h às 13h. Mais informações pelo telefone: (79) 3179-1308.

Sobre a anistia

A Anistia faz 30 anos. Há três décadas, o então presidente João Figueiredo assinava a Lei Nº 6.683, concedendo Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Naquele 28 de agosto de 1979, mulheres e homens, intelectuais e religiosos, estudantes e operários, camponeses e artistas, exilados e familiares de presos políticos - e dos mortos e desaparecidos - suspiraram aliviados. Era o início do fim da ditadura militar (1964-1985) no Brasil.

O tema é histórico e atual. Há uma Comissão de Anistia, ligada ao Ministério da Justiça, avaliando e executando os casos de indenização dos brasileiros que, de uma maneira ou de outra, tiveram suas vidas marcadas pela ditadura militar. Quatrocentos e vinte e seis deles ainda permanecem na lista de mortos e desaparecidos.