PMA apóia IV Feira de Saúde dos Terreiros

Saúde
24/08/2009 17h56

Nos tempos em que atendimento médico era um privilégio dos ricos, a população negra e pobre só podia recorrer às Santas Casas de Saúde e aos terreiros de candomblé quando necessitavam de alguma assistência. Os espaços onde se praticam cultos de origem africana sempre foram locais buscados pelas pessoas menos favorecidas para cura de doenças. Com o objetivo de resgatar a importância do terreiro como espaço de saúde dentro da sociedade, foi realizada nesta segunda-feira, 24, das 9 às 17 horas, a IV Feira de Saúde dos Terreiros do bairro Santa Maria: Projeto Giberú.

A ação foi uma iniciativa do Terreiro Ilê Axé Demata Ni Sahara, onde foi realizado o evento, e teve o apoio do Programa Municipal DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). "Esse projeto nasceu com a vontade de contribuir com o trabalho social que já vinha sendo desenvolvido nesta comunidade através do terreiro, onde a população encontra espaço para a cura material e espiritual", disse a idealizadora da Feira de Saúde dos Terreiros, a yalaxé Sônia Oliveira.

A feira teve ainda a participação das três Unidades de Saúde da Família do bairro Santa Maria: a UFS Elizabete Pita, USF Celso Daniel e USF Osvaldo Leite. "Esse projeto tem por intuito romper com a discriminação às religiões de matrizes africanas, promovendo uma interação mais forte com os serviços oferecidos pelas Unidades de Saúde da Família desta comunidade", destacou o técnico do Programa DST/Aids, Andrey Lemos, que atua como Ogan Ojubonan do terreiro.

Este ano, o evento promoveu discussões sobre a prevenção da dengue nos terreiros. O assunto foi tema de capacitação para os agentes de endemias que atuam na localidade. "Essa capacitação veio trazer recomendações sobre como os agentes devem se colocar durante uma visita de combate à dengue nos espaços reservados ao culto do camdomblé, adequando a informação e os procedimentos adotados a um entendimento da situação local", explicou o babalorixá da casa, Fernando Kasideran.

Exames

Além de disponibilizar ervas, chás e outros elementos naturais usados para a cura, a feira integrou os serviços ofertados pelos programas municipais de saúde, disponibilizando procedimentos, como exame preventivo do câncer de boca, glicemia, medição da pressão arterial, entre outros serviços.

"Após a feira, caso seja detectada alguma alteração no quadro de saúde das pessoas examinadas durante a ação, haverá o acompanhamento médico desses indivíduos nas unidades de saúde. A importância dessa feira vai além da promoção da saúde, ela reside no incentivo ao respeito às crenças de origem africana", salientou a assistente social da unidade de saúde que atende o Terreiro Ilê Axé Demata Ni Sahara, a USF Elizabete Pita.