Começou na última segunda-feira, 24, e se estende até o próximo sábado, 29, a programação da Semana Nacional do Braille. Em Sergipe, o evento está sendo realizado pela Secretaria de Estado da Cultura, com a colaboração da Secretaria Municipal de Educação (Semed), através do Centro de Apoio Pedagógico aos Portadores de Deficiência Visual (CAP). As atividades acontecem na Biblioteca Pública Epifânio Dória, em Aracaju.
O CAP está promovendo oficinas de mobilidade e arte, além de uma exposição montada no hall de entrada da biblioteca. "A Secretaria Estadual de Cultura fez o convite a todas as instituições que trabalham com deficientes visuais e nós aceitamos imediatamente. A iniciativa é belíssima e merece todo o apoio possível", elogia a diretora do CAP, Margarida Teles.
A exposição reúne o material utilizado no ensino da linguagem para pessoas com pouca ou nenhuma visão. Já as oficinas são uma forma de divulgar o que é transmitido aos alunos do CAP diariamente. "Nos empenhamos em mostrar tudo o que o CAP tem a oferecer à comunidade. Os aparelhos que não puderam ser transportados para a exposição vieram na forma de fotografia", observou Margarida.
CAP
O CAP de Aracaju é o primeiro do país mantido por uma administração municipal. Desde 1998, a unidade assiste diariamente pessoas com pouca ou nenhuma visão, auxiliando na adaptação ao processo pedagógico.
Na instituição, deficientes visuais aprendem a desenvolver habilidades como locomoção independente, cálculo matemático (com a utilização do ‘soroban', espécie de ábaco de origem japonesa) e, principalmente, leitura em braille.
Braille
A Semana Nacional é uma homenagem que os governos prestam ao bicentenário de Louis Braille (1809-1852), criador do famoso sistema de leitura para cegos. Natural de Coupvray, pequena aldeia a leste de Paris, Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809. Ficou cego em 1812, aos três anos, após se acidentar na oficina do pai. Ao tentar perfurar um pedaço de couro com uma sovela, aproximou-a do rosto, e acabou por ferir o olho esquerdo. A infecção se expandiu e atingiu o outro olho, deixando-o completamente cego.
Para desenvolver o sistema de leitura e escrita para pessoas cegas, ele utilizou como base o sistema de Barbier, aplicado para a comunicação noturna entre os soldados do exército francês. Em 1837, Louis Braille apresentou a versão final do sistema que, embora tenha levado algumas décadas para ser aceito na França, antes do final do século XIX já havia se difundido pela Europa e por outras partes do mundo.
O Sistema Braille permite a formação de 63 caracteres diferentes, que representam as letras do alfabeto, números, simbologia aritmética, musicografia e, recentemente, informática. O Braille é reconhecido como uma excelente ferramenta de alfabetização e correção ortográfica para as pessoas com deficiência visual - especialmente as que apresentam a deficiência desde a infância e foram alfabetizadas de acordo com o sistema.