Por conta das chuvas, a Prefeitura de Aracaju está intensificando as ações voltadas ao combate da leptospirose, doença ocasionada pela bactéria leptospira, que pode estar presente na urina do rato. As atividades preventivas são realizadas pelas equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Vigilância Sanitária e da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
De acordo com a coordenadora do CCZ, a médica veterinária Gina Blinoff, os trabalhos são realizados permanentemente em toda a cidade. "Nós fazemos a desratização dos logradouros, isto é, aplicamos raticidas periodicamente em canais, praças, creches, mercados e repartições públicas. Isso é feito sempre que é identificada a presença de roedores", explica Gina.
Segundo ela, a prevenção também é feita através da anti-ratização, que consiste na colocação de telas de proteção em determinadas áreas para evitar a chegada de ratos vindos de outros áreas.
De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica, de fevereiro até julho de 2009 foram notificados 31 casos de contaminação, com quatro mortes. No mês de janeiro não foi registrado nenhum caso de lepstopirose.
Higiene
A coordenadora do CCZ lembra que, para ter resultado, o trabalho preventivo necessita da contribuição da sociedade. "Manter o lixo bem acondicionado em lixeiras tampadas ajuda bastante a evitar a presença de ratos, pois eles são atraídos geralmente por lixo espalhado. É importante lembrar que o momento correto de colocar o lixo na porta é uma hora antes da passagem do caminhão do lixo", alerta Gina.
"A casa deve estar sempre limpa, principalmente as áreas externas, como quintais, varandas e jardins. E quem tem árvores deve manter a varrição em dia, sempre recolhendo as folhas caídas. O bom também é enfatizar que os armários que armazenam alimentos devem estar sempre com as portas fechadas, senão eles atraem os roedores", enfatiza.
Além disso, Gina também alerta que as pessoas que têm animais domésticos precisam redobrar os cuidados. "Os cães devem ser vacinados sempre, pois uma vez infectados não são mais curados e têm que ser sacrificados. Uma boa medida é evitar deixar cacos com ração durante a noite, pois os ratos se alimentam dele e muitas vezes urinam ao redor do recipiente. Por isso, é recomendado guardar os cacos tampados e em locais altos", orienta Gina.
Cuidados
A coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) chama atenção ainda para os perigos de se recorrer ao uso do ‘chumbinho'. Encontrado principalmente na forma de grãos cinza-chumbo, o veneno é considerado ilegal, devido às formas clandestinas de produção e comercialização do produto.
Pesquisas indicam que um único grama do veneno pode matar uma pessoa de até 60 quilos. Por isso, as pessoas mais afetadas pelos riscos que envolvem o manuseio do veneno ilegal são as crianças. "Geralmente, elas ingerem o falso raticida quando o veneno é colocado em pedaços de comida, espalhados pelos cantos da casa. Além disso, o produto tem formato semelhante a uma bala, o que pode ser bastante atrativo", alerta a coordenadora da Vigilância Sanitária, Ana Angélica Costa.
A melhor solução é recorrer aos produtos comercializados de forma legal. "O ideal é utilizar raticidas convencionais, que não agridem a saúde das pessoas. Os chumbinhos não são venenos contra ratos, são agrotóxicos perigosos", explica a coordenadora do CCZ.
Sintomas
De acordo com o médico sanitarista Nilo Almeida, febre, dor de cabeça e no corpo (mialgias), sobretudo nas panturrilhas (batata da perna), são os principais sintomas da leptospirose. Muitas vezes, eles são confundidos com os da dengue.
Por isso, em caso de suspeita, é necessário o encaminhamento de exames de sangue ao Lacen (Laboratório Central - Parreiras Horta), referência pelo Ministério da Saúde em Sergipe. Assim que surgirem os primeiros sinais, a recomendação é procurar imediatamente uma Unidade de Saúde da Família (USF).