Para oferecer mais conforto aos trabalhadores que fazem a limpeza da cidade, a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) criou, em 2001, a Casa do Gari. Localizado na avenida Airton Teles, no bairro Santo Antônio, o espaço serve como ponto de apoio e dispõe de cozinha, banheiros masculino e feminino, refeitório e armários pessoais para os agentes de limpeza.
Ao todo, 109 profissionais - a maioria margaridas - estão ligados direta ou indiretamente à Casa do Gari, onde são coordenados os trabalhos de limpeza das vias que vão da Barão de Maruim até a Coelho e Campos e da avenida Rio Branco à Pedro Calazans.
"Algumas margaridas estão aqui há mais de 20 anos. Antes elas se cansavam muito limpando a rua, então tivemos que fazer jus ao nome e tratá-las como uma flor também, porque elas são ótimas", explica o coordenador da Casa do Gari, Marcos Oliveira, que diz se sentir realizado com a felicidade dos funcionários.
E quando o assunto é alegria, todos se lembram logo de Maria Cristina Lima da Conceição. Há mais de 20 anos, ela diz que só consegue trabalhar cantando. "Desde adolescente eu costumo cantar, alegro meu dia e o das outras pessoas. Eu gosto de cantar o amor, porque o amor vence tudo, né?", afirma Cristina, acrescentando que sempre recebe elogios pelo alto-astral.
Mas, apesar do talento, ela optou por fazer do canto um hobby e se dedicar mesmo à profissão. "Eu até cantava em alguns bares, mas meu marido não gosta, então parei. Como eu sou apaixonada pelo meu trabalho, é nele que me realizo cantando", conta com alegria a margarida, que mora no conjunto Albano Franco.
Sobre o conforto oferecido pela Casa do Gari, Cristina relata que não dispensa os armários para guardar seus objetos pessoais, inclusive produtos de beleza. "Se a gente não se cuidar, quem vai deixar a cidade limpa?", questiona.
Sorriso e paquera
Tão famosa quanto Cristina é Maria Nilva Santos Oliveira, conhecida pelo grande sorriso que faz questão de não tirar do rosto. "Todos os dias eu venho da Barra dos Coqueiros sorrindo, não tenho motivos para lamentar", diz Nilva, que além de trabalhar cerca de oito horas por dia, ainda encontra disposição para cozinhar, sempre que os companheiros de trabalho pedem.
Mas nem só de trabalho vivem as margaridas. Segundo a agente de limpeza Maria Cícera Pereira, que é solteira, a paquera rola solta nos dias de trabalho. "Eu nunca me casei, porque acho que com o amor a gente fica mais sentida. Escolhi ser livre. Mas no dia a dia a gente recebe muita cantada sim, é bom. Faz bem para o ego. Às vezes um passa e diz que a gente está maravilhosa hoje, essas coisas", diverte-se Cícera.
Resultado
Trabalhando felizes, o resultado não podia ser outro. As ruas e demais espaços públicos da capital estão sempre limpos e agradáveis. A organização chama a atenção de todos, em especial dos turistas, que não poupam elogios.
A limpeza da cidade é feita por quase 900 profissionais, que se mobilizam todos os dias para recolher lixo e entulho e deixar Aracaju sempre bonita. Apesar de o trabalho ser duro, os garis e as margaridas não reclamam e se orgulham do papel que desempenham. "Eu amo meu trabalho, é uma bênção ver tudo limpinho", reforça Maria Nilva.