A Prefeitura de Aracaju iniciou um trabalho inédito para prevenir a transmissão da Aids entre o público masculino, com a criação do 'Plano Municipal de Enfrentamento da Epidemia do HIV na população HSH' (homem que faz sexo com homem). Na sexta-feira, 11, técnicos das secretarias municipais de Saúde (SMS) e de Educação (Semed), estiveram reunidos com representantes de entidades de defesa dos direitos do público LGBTT para discutir a formulação das ações.
A iniciativa acata o plano de ações sugerido pelo Ministério da Saúde (MS) neste sentido. Na oficina, realizada no Centro de Educação Permanente em Saúde (Ceps), foi feito o mapeamento da epidemia de HIV no território aracajuano. Os participantes ainda discutiram alternativas de melhora nos serviços de diagnóstico e assistência HIV/Aids. Ao final do encontro, foram elaboradas estratégias para desenvolvimento de ações que consigam alcançar grande parte da população homossexual de Aracaju.
Segundo o coordenador do Programa Municipal de DST/Aids, Andrey Roosevelt, desde o ano 2000 o Ministério da Saúde vem realizando ações para redução dos números de infecção por HIV em grupos vulneráveis. "Como o número de soropositivos entre HSH não caiu, percebeu-se a necessidade de um plano específico de ação para este segmento. Com esse objetivo, foi lançado em 2008 o Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia do HIV na população HSH e que agora ganha ações prática na nossa cidade", explicou Andrey.
Ainda segundo ele, este plano de enfrentamento abrange também os gays e as travestis. "Este segmento possui uma identidade e orientação sexual mais definida, diferente do HSH, que tem experiências homossexuais, mais não se identificam como gay. Essa situação é mais comum que se pensa e precisa ser observada", pontuou o coordenador. Andrey acrescenta que Aracaju é a primeira capital do Brasil a programar a elaboração de um plano de enfrentamento da Aids especificamente voltado para o público HSH.
Vulnerabilidade
O assessor técnico do Departamento Nacional DST/Aids do MS, Oswaldo Braga, fala que os homossexuais tem 11 vezes mais chances de contrair o vírus da Aids. "Em termos gerais, a cada 100 mil habitantes 19,4 pessoas são infectadas pelo HIV. Entre 100 mil homossexuais, 226 contraem o vírus. Se dividirmos o número geral por este número específico, chega-se à conclusão que homossexuais estão 11 vezes mais vulneráveis a serem infectado pelo vírus da Aids", esmiuçou o técnico. Ele também reforça que os HSH estão ainda mais vulneráveis. "Essa parcela da população não se sente gay e por isso acreditam que não podem pegar Aids", reitera.
Para a líder da Associação das Travestis na Luta pela Cidadania (UNIDAS), Jéssika Taylor, esses fatores elevam a importância dos profissionais e dos serviços públicos de Aracaju serem direcionados no âmbito de saber acolher, atender e lidar com as questões que envolvem a orientação sexual de gênero homossexual, deixando de lado toda e qualquer espécie de Homofobia. "Essa iniciativa é de suma importância porque contempla as nossas necessidades. Eu creio que com este plano, no qual estamos participando da elaboração, as travestis serão mais bem tratadas nas Unidades de Saúde da Família, hospitais e demais serviços de saúde do município", destacou.