Tradicionalmente conhecido como um ponto histórico de tráfico de drogas e prostituição, o Beco dos Cocos, localizado próximo à praça General Valadão, no Centro, já se apresenta à sociedade com uma nova imagem. O local, que abriga importantes prédios históricos, aos poucos está sendo revitalizado pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), transformado em um espaço de lazer e de referência cultural.
Entre os dias 21 e 25 de setembro, as paredes do Beco dos Cocos estão passando por uma intervenção coletiva e se tornando lindos cenários de arte popular. Durante toda a semana, diversos grafiteiros estão embelezando o espaço, como atividade artística complementar à Semana Nacional de Trânsito, aberta oficialmente no último dia 18, pelo prefeito Edvaldo Nogueira.
E as mudanças já são visíveis. O que antes era visto como um local perigoso e obscuro pela população, já se transforma num pólo de cultura, arte e lazer. Em poucos dias, dezenas de pessoas se sentem mais à vontade de passar pela região e fazem questão de apreciar a nova roupagem do patrimônio histórico de Aracaju.
Para o artista plástico Alfi Gristelli, a oportunidade de criar imagens exclusivas para o Beco dos Cocos gerou diversas idéias, e foi difícil escolher apenas um desenho. "Já me passaram pela cabeça mais de mil coisas para pintar. Mas estou preparando a imagem de uma prostituta decadente oferecendo seu corpo para um programa. Algo a se refletir", adianta o artista plástico de 58 anos que, embora tenha nascido na Argentina, se considera brasileiro.
Alfi entende que a intervenção artística é ideal para mostrar à população a importância do local para a história da cidade. "Essa rua é rica demais, na sua simbologia. Ela é cêntrica, testemunha de muitas histórias. E agora, pode se transformar em uma rua de artistas, de cultura popular mesmo. Esse beco tem tudo para atrair turistas, mas não para o turismo sexual e sim cultural", afirma, ressaltando que já presenciou diversos alemães admirando as pinturas.
Conscientização
As atividades de cunho informativo e educativo continuam acontecendo na praça General Valadão até a próxima sexta, dia 25. Os estandes montados convidam a população a conferir os brinquedos confeccionados a partir de material reciclado, os artesanatos das Escolas Abertas da PMA, os grupos de música e teatro, e o trabalho conscientizador das equipes da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) e dos profissionais da saúde e de educação física.
A coordenadora do projeto Brinquedoteca Reciclada, idealizada pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), Trícia Dantas da Costa Santos Silva, mostra-se animada com a recepção da sociedade ao trabalho realizado com o que para muitos é lixo. "Graças a essa exposição, conseguimos atrair diversas pessoas interessadas em trabalhar a reciclagem e fizemos vários contatos com órgãos relacionados ao meio ambiente", afirma.
A mesma opinião se estendeu para os artistas que participaram das atividades. "As crianças ficam encantadas. Elas vêm nas garrafas tantos brinquedos, que querem aproveitar tudo ao mesmo tempo", declara o artesão Adriano Santos, integrante do projeto, ao lado da também artesã Tâmara Pureza.
O trabalho de confecção de objetos a partir de jornais também é um grande atrativo para a criançada. Os irmãos gêmeos Warly e Walisson Firmino Santos, de apenas oito anos, se integram facilmente às atividades artesanais. "Hoje não tivemos aula e nossa mãe nos trouxe para fazer uma cestinha. Estamos gostando muito", declaram os gêmeos, ao lado da avó Leopoldina Santos Pereira, que é servidora da Oficina de Papel da Emsurb.
Intervenção
Enquanto vários motoristas seguiam seu rumo dentro dos seus veículos e centenas de pessoas transitavam a todo momento no calçadão, um grupo da SMTT fazia uma intervenção educativa na faixa de pedestres. Uma espécie de corrente humana chamava a atenção de quem passava na região. Vestidos com uma camisa que mostrava um cone pintado na frente, os agentes de trânsito apelavam para a conscientização através do movimento conelizado.
De acordo com a psicóloga do setor de Educação no Trânsito da SMTT, Rita Luz, a intenção é satirizar a falta de respeito dos motoristas para com os pedestres. "É visível que os motoristas sempre param diante de um cone, eles respeitam a imagem do objeto de trânsito. Mas muitos não param diante das pessoas, parece que os pedestres e os ciclistas não existem ", diz.
Segundo Rita Luz, a idéia foi sugestão do artista plástico Fábio Sampaio. "Estamos trabalhando a visibilidade das pessoas na faixa de pedestre através de uma sátira divertida", complementa a psicóloga. Outro destaque da programação é a exposição sobre mobilidade urbana, que contou com a participação de fotógrafos da Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) e da SMTT.
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