Conhecida por ser uma das doenças mais antigas do mundo, a hanseníase - anteriormente chamada de lepra - continua a atingir milhares de pessoas. Além dos males físicos causados pela enfermidade, o doente ainda sofre com o preconceito e a discriminação.
Apesar disso, a hanseníase tem cura e o convívio com o paciente pode ser mantido, desde que sejam tomados alguns cuidados. Para esclarecer esse assunto, a Agência Aracaju de Notícias (AAN) entrevistou a coordenadora do Programa Municipal de Controle da Tuberculose e Hanseníase, Fabrízia Dias.
Agência Aracaju de Notícias (AAN) - O que é a hanseníase e como ela surge?
Fabrízia Dias (FD) - A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria chamada Mycobacteruim leprae, que acomete geralmente a população em idade economicamente ativa e que compromete pele, nervos e até outros órgãos. A doença surge de forma silenciosa e vagarosa, estando o quadro clínico relacionado com a forma de defesa do indivíduo doente.
AAN - A doença é contagiosa?
FD - Sim. A doença é contagiosa a partir do momento em que o indivíduo está com uma grande quantidade de bacilos e os dissemina na forma de tosse, espirro, fala, ou seja, é preciso que haja contato íntimo e prolongado com o doente.
AAN - É possível conviver com o doente?
FD - Sim. A partir da 1ª tomada da medicação o paciente não é mais transmissor da doença, tornando infundado qualquer tipo de segregação.
AAN - Quais as chances de cura?
FD - É importante que se diga que a cura depende da finalização do tratamento e da tomada correta da medicação.
AAN - Existem formas de prevenção?
FD - A prevenção envolve a informação sobre a doença e a capacidade da pessoa de suspeitar de uma mancha, procurar atendimento para diagnóstico ou casos suspeitos encaminhados. Os contactantes sadios de um paciente acometido pela hanseníase devem receber a vacina BCG.
AAN - Aracaju está preparada para atender aos casos?
FD - Aracaju possui em todas as 43 Unidades de Saúde da Família o Programa de Controle da Hanseníase instalado, ou seja, as equipes de profissionais de saúde têm a capacidade de diagnosticar, orientar e tratar os doentes de forma gratuita, estando o paciente sob responsabilidade da equipe, a fim de garantir uma melhor assistência. Há também auxílio na conclusão desse tratamento e a avaliação dos contactantes, que são as pessoas que convivem com os doentes.
AAN - Qual o quadro estatístico da doença na capital?
FD - No ano de 2008 tivemos 194 casos diagnosticados, sendo 129 curados, 01 óbito e 03 abandonos.