Servidores revelam seus múltiplos talentos

Administração
28/10/2009 08h15
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Por Priscila Viana (estagiária) 

Para muitos servidores públicos, servir bem à população é mais que uma tarefa rotineira a ser cumprida. Alguns encaram seu trabalho como uma atividade nobre, digna de orgulho e dedicação. Outros vão mais longe e, além de se destacar como excelentes servidores municipais, direcionam parte do seu talento para o exercício do voluntariado e de atividades artísticas.

É o caso do agente comunitário Aguiondas Souza do Valle, que atua na Unidade de Saúde da Família (USF) Fernando Sampaio, no conjunto Castelo Branco. Bastante conhecido na comunidade pela atenção com que realiza o seu trabalho, Aguiondas coordena uma equipe de canto formada por idosos que integram o grupo de convivência 'Jovens Há Mais Tempo'.

Criado pela assistente social Maria Auxiliadora, gerente da USF Madre Tereza de Calcutá - localizada no bairro Jabotiana -, o grupo de convivência reúne pessoas da terceira idade para a realização de atividades de integração, como caminhada, canto, pintura, dança e teatro. São ações que proporcionam aos participantes do grupo momentos de lazer, realização e bem estar.

Acreditando na importância desse trabalho, Aguiondas, que também é cantor e compositor, se dedica ao grupo há cinco anos. "Quando conheci o grupo, cerca de 50 idosos e mais cinco voluntários realizavam caminhadas com o pessoal do bairro. Então, por entender que a música é uma atividade rica, de cunho educativo e sociocultural, decidi criar a nossa equipe de canto com os participantes do grupo", relembra.

Sem local fixo para seus encontros, o grupo de canto passou a ensaiar na igreja do conjunto Castelo Branco, onde permanecem até hoje. Dos 90 integrantes, 18 fazem parte da equipe de canto. Somente este ano, o grupo já realizou 300 apresentações gratuitas em diversos tipos de eventos, como casamentos, aniversários, inauguração de estabelecimentos comerciais e até enterros.

No entanto, Aguiondas ressalta que, devido aos problemas de saúde de alguns membros do grupo, ele solicita um auxílio estrutural sempre que recebe convites. "A maioria dos idosos apresenta problemas relacionados a diabetes ou hipertensão, por isso necessitam de transporte específico, uma alimentação rica em frutas, sucos e muita água. Não cobramos nada para nos apresentar, mas solicito que as pessoas e instituições que nos convidam se encarreguem do transporte e da alimentação, para proporcionar mais conforto a eles", afirma o servidor.

Emocionado, ele revela que se sente cada vez mais engrandecido, ao ver cada passo dado pelos seus companheiros de canto. "Eu me encanto diariamente com esse grupo. Há poucos dias, nos apresentamos no Centro de Referência de Assistência Social [Cras] Santa Maria e uma senhora que estava na frente da plateia começou a chorar. Ela veio a mim e disse que a música que tocávamos naquele momento lembrava a infância dela. Imagina você ouvir isso", declara Aguiondas.

Canto

Também é na paz de espírito alcançada através da música que as servidoras Cláudia Virgínia e Judite Santana se realizam. Cláudia é assessora técnica e Judite, assistente social, ambas servidoras da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb). A história de vida das duas é diferente, mas se assemelha quando o assunto é o canto pela fé.

Cláudia Virgínia, 38, foi criada na igreja Assembléia de Deus, no bairro Siqueira Campos. Aos seis anos, já frequentava o grupo de crianças, e hoje participa do coral ‘Canto de Júbilo'. A dedicação é imprescindível na rotina da servidora municipal. Movida por sua crença, além de ensaiar e cantar na igreja duas vezes por mês, Cláudia também faz questão de contribuir com outras instituições, sempre que é convidada.

"Nós fazemos o ensaio de vozes e atendemos convites de outras igrejas, já participamos de encontros, apresentações com outros corais. Já fomos até para a Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco", afirma Cláudia, ressaltando a importância do intercâmbio cultural. Acompanhado pela orquestra ‘Sons do Júbilo', o coral da Assembléia de Deus se apresenta todos os anos, na época do Natal, no shopping Jardins, e já teve seu talento demonstrado também na praça Fausto Cardoso.   

Periodicamente eles incluem novidades no coral, composto por 70 pessoas. "Além das apresentações de canto, nós exibimos peças maiores, chamadas de cantatas. É o momento em que nós contamos histórias através da música. E já estamos nos preparando para a cantata da Páscoa", adianta Cláudia.       

Além do cotidiano de trabalho na Emsurb, o canto também aproximou Cláudia de Judite Santana. Com 46 anos, ela é frequentadora assídua da Igreja Evangélica O Caminho da Vida, no conjunto Lourival Baptista. Ainda pequenina, sonhava em cantar, mas não estava satisfeita com sua própria voz. Decidida a seguir em frente na carreira musical, ela fez uma promessa a Deus.

"Eu não achava que minha voz era boa para cantar no coral, então fiz um acordo com Nosso Senhor. Falei a Ele que, se minha voz melhorasse, eu só cantaria na Igreja Caminho da Vida. Ele me deu essa graça, e desde então eu não canto em outra igreja", garante Judite.   

Há 10 anos, a servidora faz o vocal e a segunda voz do grupo de louvor da igreja, chamado Voz da Adoração, composto por nove pessoas. Agora, ao contrário do que ela pensava, os frequentadores da igreja só têm elogios à sua voz. "Hoje as pessoas me elogiam muito, falam que gostam da minha voz porque eu coloco a minha alma no canto, meus sentimentos", conta.



A fé também é o combustível principal na vida de Rildo Siqueira Cavalcante, servidor que há 23 anos trabalha no Centro de Processamento de Dados (CPD) da Secretaria Municipal de Administração (Semad). É ela quem move Rildo a participar, há oito anos, da organização da procissão do Senhor dos Passos, uma das festas mais importantes do município de São Cristóvão, onde mora o servidor.

"A princípio eu só ajudava nas tarefas da paróquia, mas logo depois fui convidado para integrar a organização da procissão do Senhor dos Passos. Todos os anos eu não só peço bênçãos, mas também agradeço todas que já recebi. É emocionante demais fazer parte dessa história", afirma Rildo.

A procissão do Senhor dos Passos reúne de 30 a 40 mil pessoas por ano. Além da tradição, outro responsável pelo sucesso do evento é a divulgação, trabalho que Rildo conhece muito bem. "Além de convidar todos os moradores da cidade, eu também ajudo a manter no ar a página virtual da paróquia, onde publicamos todos os passos do Festival e convidamos pessoas de outros lugares para nos visitar. É o primeiro site católico de Sergipe", diz Rildo.

O trabalho é intenso, mas Rildo garante que não está sozinho nesse caminho. Seus filhos participam da catequese e da Pastoral da Criança, enquanto a esposa é ministra da Paróquia. Para ele, é preciso que as pessoas encontrem um apoio para seguir em frente. "Eu agradeço a Deus todos os dias pela minha vida, minha família. Sem religião, a pessoa não tem como suportar as dificuldades. Só tenho a louvar", diz o servidor municipal.

Arte

Muitos servidores procuram a arte como um diferencial para a rotina. É o caso da procuradora municipal Alessandra Campos, que utiliza muita criatividade para elaborar lindas pinturas. A advogada, que trabalha na comissão de inquéritos da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), mantinha um escritório de advocacia, até optar pelas cores da arte.

"Depois de pensar bastante, decidi fechar o escritório. Troquei o estresse e o ambiente fechado pela liberdade de criar", afirma Alessandra. O sentimento depositado nas pinturas em telas de MDF (material feito de madeira) é facilmente percebido pelos admiradores da arte. O estilo de pintura decorativa utilizado por Alessandra inclui apliques em alto relevo, que chamam a atenção de todos.

Além de todo o colorido exposto pela servidora, um elemento se destaca pela inovação. São as sofisticadas negras africanas utilizadas como personagem em seus quadros. "Além das mandalas, eu gosto bastante de criar essas africanas. Acredito que elas retratam bastante o nossa cultura", revela a servidora.          

Há muitos anos ela mexe com artesanatos e pintura. No entanto, foi há alguns meses que ela decidiu priorizar o bem estar. "Desde os 15 anos eu fazia bijuterias, mexia com arte, pintura e fazia exposições. Mas hoje posso dizer que me senti à vontade de optar pela qualidade de vida, e não há como comparar, pois hoje estou muito mais feliz", afirma Alessandra.