A oportunidade de ir à Brasília foi aproveitada ao máximo pelos estudantes Cleberton da Conceição dos Santos e Franklin Filipe Conceição Santos, de 17 e 18 anos, respectivamente. Os meninos fazem parte do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem), idealizado pelo Governo Federal e desenvolvido na capital sergipana pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), através da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semasc). Após uma longa trajetória, eles foram selecionados para participar, entre os dias 14 e 17 de outubro, como delegados representando Sergipe no Seminário do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).
A escolha dos dois garotos aconteceu depois de uma série de boas participações em conferências e pré-conferências. Primeiro eles participaram da Pré-Conferência Municipal da Criança e do Adolescente, onde foram selecionados como delegados. Depois, seguiram para a Conferência Municipal, em que se destacaram e foram novamente eleitos pelos colegas como delegados para a Conferência Estadual. Com mais uma participação elogiada, arrumaram as malas e partiram para o seminário nacional. "Realmente não esperávamos conseguir, mas, já que fomos vitoriosos, temos que cumprir bem nosso papel", disseram os bem sucedidos delegados.
Sobre a rotina em Brasília, os garotos contaram que foi intensa e muito proveitosa. "Foram quatro dias de trabalho, onde participamos de debates, reuniões e decisões importantes para o futuro das crianças e adolescentes do país", explicou Franklim. No primeiro dia, eles participaram da abertura do seminário. No segundo e terceiro, ocorreram os debates, reuniões e a criação de uma carta que foi apresentada ao Conanda no quarto dia.
"Planejamos uma carta para o conselho, onde abordávamos assuntos como racismo, maioridade penal, deficientes físicos, entre outras coisas", revelou Cleberton, que fez questão de informar que o conteúdo da carta, por enquanto, não será divulgado para a mídia. "Foram cinco eixos debatidos e nós ficamos na mesma equipe de adolescentes do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Mato Grosso do Sul. Agora vamos acompanhar a implantação das solicitações da carta", completaram os meninos.
Particularmente, os garotos acreditam que no estado ainda falta um debate direto sobre as necessidades dos jovens, além de políticas de inserção social. "A droga está vencendo as políticas sociais e precisamos de medidas que sejam mais eficazes. Os jovens precisam de ocupação, o Estatuto da Criança e do Adolescente precisa ir para a sala de aula ser debatido. Só assim o jovem saberá dos seus direitos e deveres", enfatizou.
Futuro
Daqui a alguns anos, Cleberton sonha em cursar pedagogia e entrar na vida política. Já Franklim deseja estudar educação física. Mas, enquanto os sonhos não são realizados, por ora eles planejam entrar no avião e voar para Brasília mais uma vez, no dia 7 de dezembro, onde irão participar da Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Dessa vez, eles terão a companhia de adolescentes de alguns municípios sergipanos.
Cras
Os meninos frequentam o ProJovem no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Dr. Carlos Hardmam Cortes, no bairro Soledade, onde aprendem sobre cidadania, têm aulas de dança, flauta, entre outras coisas. O Cras do bairro Soledade atualmente atende 85 crianças do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e 40 adolescentes do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem).
A coordenadora do Cras, Iraci Mendonça, relembra que Franklim e Cleberton fazem parte do ProJovem Adolescente desde junho de 2008. "A caminhada deles tem nos deixado muito felizes e tem motivado outros adolescentes. As famílias, nós profissionais e a comunidade têm muito orgulho deles. Bom seria se todos os jovens fossem pessoas com bom desenvolvimento e tivessem interesse pelo futuro do país como eles", disse.