Projovem promove debate sobre efeitos das drogas

Educação
10/02/2010 18h19
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Com uma linguagem informal e descontraída, cerca de 130 alunos do Projovem Urbano apresentaram na noite dessa terça-feira, 9, os resultados de um trabalho voltado à promoção da participação cidadã. Os temas escolhidos pelos jovens foram os prejuízos causados pelo uso de drogas, as composições químicas, os efeitos psicossociais e a conscientização efetiva da sociedade acerca dessa problemática.

Consequência do Plano de Ação Comunitária do Projovem, a execução do trabalho se deu no núcleo Geraldo Sobral, localizado no loteamento Pau Ferro, bairro Santos Dumont, onde funciona a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Ministro Geraldo Barreto Sobral. Lá, os estudantes puderam expor cartazes, diferenciando as drogas lícitas das ilícitas, e realizar apresentações de dança e teatro sobre as relações entre prostituição, desemprego, violência e o uso de drogas.

De acordo com o coordenador pedagógico do Projovem em Aracaju, Marcus Santos, o programa apresenta em seus eixos um currículo tripartido para a formação básica, profissional e de ação comunitária. "Os alunos, sob a orientação de uma assistente social e de educadores, fazem um diagnóstico do ponto de vista social com o objetivo de mudar a realidade do bairro. Para isso, eles montam um quadro de desafios, organizando seus planos de ação com vistas ao exercício da cidadania", informou o coordenador.

Segundo a assistente social responsável pelo núcleo, Cicy Bezerra, a apresentação do trabalho é fruto de uma série de atividades desenvolvidas com base na realidade dos estudantes. "Através da ação comunitária, trabalhamos temas como cidadania, movimentos sociais, direitos humanos e políticas públicas. A partir dessa instrução, realizamos uma análise social sobre a comunidade a fim de eleger um tema relevante para conscientizar alunos e moradores. Na visão dos estudantes, os principais dilemas enfrentados hoje pela comunidade são as drogas e a violência decorrente de seu uso", detalhou Cicy.

Conscientização

A estudante Débora de Jesus Santos, 26 anos, afirmou ter se empenhado bastante nas atividades e disse que o tema tornou-se atrativo, uma vez que a questão é uma realidade muito próxima dos estudantes. "A escolha do tema foi democrática e quase unânime. Nosso objetivo é conscientizar alunos, pais e comunidade sobre os riscos do uso das drogas. Para isso, fizemos diversas pesquisas na internet e procuramos órgãos públicos, como a Polícia Militar e o Instituto Médico Legal, estimando até um número aproximado de jovens mortos em decorrência das drogas", contou a jovem.

Já Josivânia Vicente, de 24 anos, mãe de duas crianças, mencionou com base em sua experiência de vida as consequências desse mal. "A partir da experiência que tive com meu ex-marido, durante 11 anos, relato o que passei na convivência com as drogas. Ele faleceu no ano passado e há bastante tempo era usuário. De início, ele só usava maconha, depois passou a usar outros tipos de drogas, como cocaína e crack, e a vida dele só piorava. Embora ele sustentasse o próprio vício, nada justificava ser um usuário em descontrole. Por isso, presto meu depoimento para conscientizar meus colegas sobre os riscos do uso das drogas. Esse mal destrói amizades, o amor e a própria vida", discursou Josivânia, emocionada.

Alerta

Para o coordenador de prevenção e reinserção social do Departamento de Narcóticos (Denarc) da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, Givaldo Nascimento, a importância de realizar eventos como esse está, acima de tudo, na conscientização. "O trabalho de conscientização de jovens é de suma importância, porque é essa parcela da população que vem sendo cada vez mais requisitada, não só como usuário, mas também para o tráfico", observou o palestrante.

Também presente ao evento, o coordenador administrativo do Projovem, Junior Trindade, acrescentou considerações sobre a relevância da ação comunitária. "É de extrema importância desenvolver uma campanha com a juventude sobre os efeitos negativos das drogas. Nossa expectativa com esses trabalhos é positiva, porque notamos mudanças significativas com os alertas de conscientização. Já temos trabalhado o tema nos 15 núcleos do Projovem e a idéia é intensificar ainda mais e convocar toda a sociedade para a discussão, sobretudo acerca dos efeitos nocivos do crack", afirmou.

Projovem

Iniciado em 2005, o Projovem atende alunos com idade entre 18 e 29 anos. Mais de dois mil estudantes já se formaram pelo programa em Aracaju. A origem humilde e o déficit educacional são realidades compartilhadas entre eles. Por isso, todos recebem uma bolsa mensal de R$ 100 durante o curso, que possibilita ao jovem concluir o ensino fundamental ao mesmo tempo em que se prepara para o mercado de trabalho.

A qualificação profissional é dividida em arcos de ocupação definidos conforme a necessidade de cada pólo do programa. Para Aracaju foram propostos cinco: serviços pessoais, serviços domésticos, construção e reparos, vestuário e alimentação. O aluno escolhe o que mais lhe interessa e os professores ficam com a responsabilidade de trabalhar os respectivos conteúdos.

Além dos eixos formação básica, qualificação profissional e participação cidadã, o programa tem entre suas finalidades específicas a inclusão digital como instrumento de inserção produtiva e de comunicação; e a ampliação do acesso dos jovens à cultura.