Forró é dever de casa desde a infância

Agência Aracaju de Notícias
08/06/2010 15h00

Por Najara Lima

Dividindo espaço com contos de fada, brinquedos dos sonhos e cantigas de ninar, desde cedo é criado na cabecinha de cada criança aracajuana o interesse pelo forró. Muitos, ainda bebês, são vestidos a caráter por suas mães, que fazem questão que seus filhos participem da mais importante manifestação cultural do Nordeste brasileiro: os festejos juninos.

Assim que ingressa na escola, a criança é estimulada a participar das famosas quadrilhas juninas e têm contato, assim, com toda a tradição do forró. Aprendem os passos típicos da quadrilha, conhecem os diferentes ritmos e se encantam com a beleza da festa que embala os visitantes e habitantes da capital sergipana.

Marcador de quadrilhas em escolas desde 1994, Thal Matos apresenta o universo do forró a crianças de 1 ano e meio até jovens de 17 anos. "A experiência de ensinar crianças a dançar quadrilha é muito boa. Elas começam a ter noção do que é uma estrelinha, a bater os pés e as mãos no ritmo da música. Sempre procuro trabalhar com músicas que sugiram coreografias", conta Thal.

O marcador diz que as festas juninas no ambiente escolar são, na verdade, uma grande celebração da cultura sergipana e que as crianças adoram esse clima de festa. "Os pais também se divertem muito e participam também. No dia da apresentação, eles ficam bastante emocionados, muitos choram ao ver seus filhos dançando", afirma.

Cultura

Segundo Vera Mendonça, diretora pedagógica do Colégio José Olino, a comemoração do São João na escola é uma festa que reúne famílias inteiras, uma confraternização entre amigos. Para Thal, a maior emoção dos pais é ver que seu filho é capaz de executar uma coreografia de uma forma que muitos adultos não conseguem fazer. "É como se o forró já estivesse no DNA do povo nordestino", declara Thal.

No Colégio José Olino o tema do arraial deste ano é ‘Sertão Minha Paixão'. Na festa, será trabalhada a cultura nordestina com uma homenagem aos nove estados da região. "O tema dos festejos juninos na escola nunca surge do nada. Temos sempre o objetivo de fazer com que os alunos entendam a origem dessas festas e adquiram mais conhecimento acerca da nossa história", explica a diretora pedagógica.

Socialização

Vera Mendonça defende que a realização de festas juninas na escola tem um sentido que vai muito além da festa e da animação. "A dança junina traz em sua essência o aspecto saudável do coletivo. A quadrilha é um momento de coletividade, de socialização", defende.

Ela compara a organização de uma quadrilha junina à da sociedade, como um todo. "Na nossa vida, todos temos regras e precisamos obedecê-las. Na quadrilha é a mesma coisa. Se um dos participantes não obedece a uma dessas normas, todo o coletivo fica comprometido", observa.