Prefeito recebe da Ademi proposta de Plano Diretor

Agência Aracaju de Notícias
21/07/2010 12h27
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O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, recebeu na manhã desta quarta-feira, 21, um projeto do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável (PDDUS) sugerido pela Associação dos Dirigentes de Empresas da Indústria Imobiliária de Sergipe (Ademi/SE). A elaboração do documento tem como objetivo central contribuir com o processo de discussão e formatação
final desse indispensável instrumento de planejamento municipal, que irá transformar a capital numa cidade ainda mais moderna, agradável, equilibrada ambientalmente e que, ao mesmo tempo, vai proporcionar conforto, segurança e oportunidades à população.

O prefeito Edvaldo Nogueira agradeceu a iniciativa da Ademi e disse que a proposta apresentada demonstra o compromisso do setor imobiliário com o desenvolvimento e o progresso de Aracaju. "Esse ato representa um marco importante na luta para que possamos construir uma cidade sustentável e com qualidade de vida", enfatizou.

O prefeito relembrou que a capital sergipana completou 155 anos no mês de março com a demonstração do talento e do esforço dos homens e mulheres que construíram a cidade. "No século XIX se dizia que Aracaju era uma cidade considerada inviável, uma cidade dos miasmas, por conta de sua geografia e das dificuldades sanitárias, dos mangues e charcos. Mas hoje somos a capital brasileira da qualidade de vida. Foi o povo que construiu essa cidade, assim como o setor produtivo e mercado imobiliário. Após 155 anos conseguimos construir uma cidade pujante, progressista, avançada, bonita e organizada, e isso é mérito de todos", ressaltou.

Edvaldo Nogueira se comprometeu a buscar o consenso entre os atores do Plano Diretor a fim de que o mesmo seja harmônico, não dificulte o desenvolvimento do município de Aracaju, sem esquecer o desenvolvimento sustentável. Ele aproveitou para lembrar que a versão final do Plano Diretor será encaminhada à Câmara de Vereadores assim que houver a reabertura dos trabalhos legislativos.

O secretário municipal de Planejamento, Dulcival Santana, comunicou que o processo de revisão do Plano Diretor no Conselho de Desenvolvimento Urbano já foi concluído. "Agora, a fase é de revisão ortográfica e, a partir daí, o processo é de encaminhamento para a Câmara de Vereadores", informou.

O presidente da Ademi/SE, Júlio César Silveira, destacou que as proposições do documento apresentado não se limitam a focar apenas os assuntos de natureza corporativa da  associação, mas sugerir dispositivos mais amplos visando aproximar a normatização das funções da cidade a um modelo integrador e includente, capaz de atingir os segmentos mais
simples da economia e da geração de negócios.

"Entendemos que o município não deve abrir mão do seu papel de indutor maior da ocupação do tecido urbano e do modelo de desenvolvimento pretendido, mediante o planejamento permanente e participativo, fixando marcos regulatórios imprescindíveis à sua adequada operacionalização ao longo do tempo", observou.

Ele ainda avisou que o setor imobiliário está à disposição para permanecer ao lado das demais instituições e da municipalidade no processo de construção do futuro da cidade. "Colocamo-nos à disposição para os esclarecimentos e detalhamentos julgados necessários", avisou.

Presenças

Compareceram à reunião o secretário chefe de Gabinete, Bosco Rolemberg, o superintendente da Caixa Econômica Federal, Luciano Pimentel, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Sergipe (Sinduscon), Tarcisio Teixeira, a vice-presidente de marketing da Ademi, Caroline Teixeira, a vice-presidente administrativo da Ademi, Ana Cecília Barreto, e, representando o Conselho Fiscal da Ademi, Eduardo Barreto, além de Pedro Vinicius, da construtora Casa Nova, entre outros.

Confira o discurso do prefeito Edvaldo Nogueira na íntegra:

"Agradeço a iniciativa da Ademi, que demonstra compromisso do mercado imobiliário com o desenvolvimento e progresso da nossa cidade. Esse ato representa um marco importante nessa batalha, nessa luta para que a gente construa uma cidade sustentável e com qualidade de vida.

Ao completar 155 anos, Aracaju - essa é a compreensão que tenho - difere de outras cidades do Brasil onde o dedo de Deus foi um fator determinante, como é o caso de Salvador, Rio de Janeiro, Maceió, Florianópolis, Recife, cidades onde a geografia foi fundamental na sua construção e desenvolvimento.

Obviamente que sem Deus não se constrói nada, mas Aracaju é uma demonstração muito objetiva do talento e do esforço dos homens e mulheres que construíram essa cidade.

Quem se dá ao cuidado de ler os historiados sobre os séculos XVII, XVIII e XIX, principalmente o século XIX, vê que Aracaju era uma cidade considerada inviável, uma cidade dos miasmas. Há um episódio que confirma isso, quando Ignácio Barbosa chega aqui, se instala na nascente Aracaju, após brigar para transferir a capital de São Cristovão, uma visão de fato avançada para sua época, e menos de um ano depois ele morre. Morre de impaludismo, de uma doença adquirida pelas condições precárias de Aracaju.

Aqui havia muitos mangues, charcos, os viajantes que passavam aqui diziam que Aracaju não tinha condições de se instalar como cidade. Tem um livro do secretário municipal de Saúde, Antônio Samarone, que recorda as doenças devastadoras no inicio do século XIX em Aracaju. Aqui havia muitas dificuldades sanitárias tendo em vista a nossa precária geografia.

O maior mérito dos sergipanos é ter erguido essa cidade, pois há 155 anos dizia-se que
ela não tinha futuro e agora é a capital brasileira da qualidade de vida. Todas as
pessoas que chegam aqui ficam impressionadas com a beleza, a limpeza, a maneira da cidade.

Esse foi um esforço grande de todos, não só do poder público, mas também da sociedade e todos os setores envolvidos, dentre eles o setor imobiliário, que também tem muita importância nesse desenvolvimento, apesar de já ter sido considerado o vilão da história.

Ninguém é Deus e ninguém é vilão, todos nós demos uma parcela de contribuição e obviamente que há erros e defeitos em tudo que se faz na vida. A vida não é só de acertos, mas também de erros, dificuldades e vitórias. O que temos que ver é o somatório do nosso desenvolvimento. E no somatório dos 155 anos de Aracaju há, sem sombra de dúvida, coisas mais positivas do que negativas. Nós conseguimos construir uma cidade pujante, progressista, avançada, bonita e organizada, e isso é mérito de todos.

É preciso, portanto, que na construção do Plano Diretor as intrigas sejam deixadas de lado, é preciso que ninguém seja olhado como vilão, nem bonzinho, porque é natural que haja a disputa, o debate, a defesa dos interesses. A cidade também é palco das diversas visões, dos atores que defendam suas propostas. Por isso é fundamental a proposta que a Ademi está oferecendo, assim como outros setores também darão, os movimentos populares, as associações...

Defendo a idéia de que o debate do Plano Diretor se inicie após as eleições, depois que as paixões eleitorais serão deixadas de lado. Nesse momento, temos que evitar os temas mais complexos, pois eles sempre saem atrapalhados quando há paixão eleitoral. É uma guerra
santa, boa, mas é uma guerra. E muitas vezes usamos e usam contra nós armas e argumentos
que não são justos.

Mas reafirmo que todas as contribuições serão importantes, por isso sugiro que a Ademi, além da própria Prefeitura de Aracaju, leve esse convite a outros setores.

Na reabertura dos trabalhos na Câmara de Vereadores, levarei os projetos, que atualmente estão na revisão ortográfica. E vou buscar a mediação no sentido de que o Plano Diretor saia harmônico, pois não acredito em lei que só busca um lado das coisas. A lei tem que buscar um consenso entre todos os atores envolvidos.

Não pode ser um Plano Diretor que dificulte o desenvolvimento e progresso da cidade, também não podemos ter um Plano Diretor que deixe à margem o desenvolvimento sustentável. É essa junção entre crescimento, progresso, desenvolvimento e sustentabilidade que buscaremos encontrar e ter como parâmetro para o futuro de Aracaju.

Nossa cidade está vocacionada a ser a locomotiva do Estado. Minha opinião é que o menor Estado da Federação brasileira só se viabilizou, ostentando índices de desenvolvimento e progresso, obviamente proporcionais ao seu tamanho, porque tem Aracaju como sua capital. Se tivesse ficado em São Cristovão, provavelmente nossa história seria outra, possivelmente uma história de atraso e dificuldades. Foi Aracaju, seu desenvolvimento e progresso, que possibilitou que Sergipe se viabilizasse como um Estado importante da Federação. Por isso que temos que entender que não podemos parar, frear o progresso.

Aracaju concentra quase 30% da população do Estado, 40% da economia, 70% da mão-de-obra
com carteira assinada. Temos que ter um cuidado especial com essa cidade e continuar seguindo o exemplo de Ignácio Barbosa, que em um momento de muita lucidez percebeu que o futuro de Sergipe estaria na construção desta cidade.

Precisamos desenvolver pensando nas novas gerações, absorvendo a mão-de-obra e ao
mesmo tempo deixando uma cidade onde se possa viver com tranquilidade e felicidade. Nós
podemos ser o exemplo para o Brasil de que se pode crescer com sustentabilidade. A
humanidade cobra progresso, desenvolvimento, mas também a sustentabilidade. Caiu em nossas mãos essa responsabilidade, setor público e privado. Esse é um desafio que temos que encarar.

Portanto, quando a Ademi apresenta suas idéias fico feliz, porque sei que é um setor fundamental no processo de desenvolvimento de Aracaju. Perdoem-me dizer isso, mas vocês valorizam pouco o papel dos construtores da cidade em Aracaju. Eu valorizo muito, desde sempre, pois penso que sem o comércio e a construção civil a cidade de Aracaju não teria tido o desenvolvimento que alcançou hoje. Obrigado."