A hanseníase, uma das doenças mais antigas na história da medicina, atinge parcela significativa da população mundial. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 40 mil novos casos da doença surgem a cada ano. Por isso, o Ministério da Saúde (MS) vem realizando cursos de capacitação para o tratamento da hanseníase em vários municípios brasileiros.
Nessa segunda-feira, dia 26, começou em Aracaju mais uma capacitação promovida pelo MS. Desta vez, o foco do curso é mais específico e trata da prevenção de incapacidades provocadas pelo Mal de Hansen. As palestras estão sendo ministradas pela fisioterapeuta Suen Oliveira, monitora do Ministério da Saúde.
O curso é direcionado aos profissionais de saúde envolvidos no tratamento da hanseníase e aos coordenadores dos programas estadual e municipal de combate à doença. As aulas são divididas em duas partes, uma teórica e outra prática. A parte teórica começou nessa segunda-feira, 26, no Sest/Senat, localizado na avenida Tancredo Neves, e continua na próxima sexta, dia 30.
A parte prática da capacitação acontece terça, quarta, quinta, no Centro de Estudos do Movimento e Atividade Humana (Cemah), sempre das 8 às 17 horas. De acordo com a monitora do Ministério da Saúde o objetivo dos cursos é criar um tratamento padronizado da hanseníase.
"Nas reuniões com os profissionais de saúde dos estados e municípios, tentamos transmitir conhecimentos sobre a doença e, com isso, estamos tentando aprimorar o tratamento. A intenção é obter um tratamento padrão a nível nacional", explica Suen Oliveira.
No curso, os profissionais são orientados a fazer o correto preenchimento da ficha de avaliação neurológica, depois da aplicação dos testes das incapacidades provocadas pela hanseníase. É feita também uma orientação a respeito dos auto-cuidados dos pacientes.
Índice
Em Aracaju, o programa de combate a hanseníase tem suas bases firmadas nas Unidades de Saúde da Família (USFs), onde são diagnosticados os casos da doença. O relatório com os dados obtidos é enviado regularmente ao Cemah. Segundo as representantes da coordenadoria estadual do Programa de Combate à Hanseníase, as fisioterapeutas Daniela Teles e Manuela Santiago, o número de casos da doença em Aracaju é considerado alto.
"Aqui na capital, foram diagnosticados 28 casos de hanseníase em cada 100 mil habitantes. Para diminuir este índice, enviamos este número ao Ministério da Saúde para que o programa de combate à doença seja intensificado", conta Daniela Teles.
O tratamento da hanseníase dura de seis meses a dois anos. Tudo depende do grau de evolução da doença. "Quanto antes a hanseníase for diagnosticada, mais rápido será o tratamento, que é todo feito a base de comprimidos", explica Manuela Santiago. O tratamento é feito nas USFs do município e a prevenção acontece através da aplicação da vacina BCG.
Sintomas
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa provocada pela bactéria Mycobacterium leprae, um parasita que ataca a pele e nervos periféricos, mas pode afetar outros órgãos, como o fígado, os testículos e os olhos.
Com período de incubação que varia entre três e cinco anos, sua primeira manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas.
Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já existentes aumentam e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações em regiões do nariz e dedos, por exemplo, e impedir determinados movimentos, como abrir e fechar as mãos. Além disso, pode permitir que determinados acidentes ocorram em razão da falta de sensibilidade nessas regiões.
O diagnóstico acontece, principalmente, na avaliação clínica: aplicação de testes de sensibilidade, força motora e palpação dos nervos dos braços, pernas e olhos. Exames laboratoriais, como biópsia, podem ser necessários.
Contágio e tratamento
A doença é capaz de contaminar outras pessoas pelas vias respiratórias, caso o portador não esteja sendo tratado. Entretanto, segundo a organização Mundial de Saúde, a maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não a desenvolve. Aproximadamente 95% dos parasitas são eliminados na primeira dose do tratamento, tornando o portador incapaz de transmiti-los a outras pessoas.
O tratamento, que é gratuito, dura aproximadamente um ano e o paciente pode ser completamente curado, desde que adote corretamente os cuidados necessários. Assim, buscar auxílio médico é a melhor forma de evitar a evolução da doença e a contaminação de outras pessoas.
Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, em face do estigma que esta doença tem, não é necessário o isolamento do paciente. Aliás, a presença de amigos e familiares é fundamental para a cura. Durante esse tempo, o hanseniano pode desenvolver suas atividades normais, sem restrições. Entretanto, reações adversas ao medicamento podem ocorrer e, nesses casos, é necessário buscar auxílio médico.