Transferência para o bairro 17 de Março continua

Família e Assistência Social
28/07/2010 17h42
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Mais de 240 famílias têm, a partir de agora, uma vida nova, mais digna e promissora pela frente. Desde que saíram da invasão do Morro do Avião, localizada no Santa Maria, e receberam da Prefeitura de Aracaju suas casas próprias, os mais novos moradores do bairro 17 de Março têm a certeza de que o futuro reserva para eles dias mais tranquilos.

De acordo com informações da equipe da Fundação Municipal do Trabalho (Fundat), que trabalha no local recepcionando as pessoas e direcionando-as para suas casas, desde a última segunda-feira, 26, quando o trabalho de transferência começou a ser realizado, já foram acomodadas em suas residências mais de 244 famílias, até a tarde desta quarta, 28. Até o final da semana a prefeitura vai realizar a desocupação total do Morro do Avião.

Primeira noite

Em cima dos armários, da mesa de jantar ou do fogão de Lucilene Hilário, não podia ficar nenhuma panela. A dona de casa, que morava há cinco anos em um barraco feito de madeira, precisava proteger muito bem a comida. "Se eu deixasse à toa, os ratos e as baratas subiam nos móveis, abriam os vasos e acabavam com tudo", conta ela.

Era no meio do lixo e dos insetos, sem o mínimo de estrutura e saneamento básico, que Lucilene e o marido viviam com seu filho único. Desde ontem, sua rotina é diferente. Na noite passada, ela adormeceu rodeada de paredes feitas de tijolos, tendo sobre sua cabeça um teto seguro, e diante de tudo isso ela não esconde a emoção que sente por ser uma das beneficiadas com uma casa própria. "A pessoa que tem uma casa tem tudo na vida. Estou muito feliz", alegra-se.

Enquanto ela cuida da casa nova, seu filho, Cleber, brinca na rua, já mostrando familiaridade com o local. "Ontem, quando o pessoal começou a se mudar, ele ficou todo ansioso pra chegar a hora da gente. Quando chegamos aqui, ele perguntava toda hora se essa casa era nossa mesmo", relata a dona de casa.

Na mesma rua de Lucilene mora a também dona de casa Analice da Conceição. Com uma família um pouco maior, formada por dois filhos, uma neta e um genro, ela também já teve a sensação de passar a primeira noite em sua casa própria. "Aquilo lá não era vida de gente. O que eu passei durante sete anos naquele lugar eu não quero passar nunca mais. Essa noite foi de muito agradecimento a Deus por tudo, pelos dias, pelas noites e por essa casa, uma riqueza que eu vou ter pra sempre", emociona-se Analice.

Donos de casa

Com uma enxada na mão, o pedreiro Edvaldo dos Santos capina o quintal. Não o quintal de um patrão ou um amigo, mas o da própria casa, onde ele chegou esta tarde. Em seu semblante, hoje se vê tranquilidade, mas há bem pouco tempo havia rugas de preocupação, por ter que ver sua família morando em condições subumanas no Morro do Avião.

"Meu barraco não podia ver chuva. Quando se formava uma nuvem no céu, eu precisava estar em casa para cobrir os móveis com plástico e não perder tudo", conta Edvaldo. Seu antigo barraco, localizado em cima do morro, corria o risco de desabar a qualquer momento. Agora, seus dias são mais tranquilos e seguros. "Hoje estamos na paz de Deus, pode ser inverno, pode ser verão, que aqui estamos seguros. Esse é um sonho que eu tinha há muito tempo e que agora foi realizado", afirma o pedreiro.

Fabiano dos Santos é outro pai de família que acaba de chegar à sua casa nova, no bairro 17 de Março. Ele conta que sua filha, que antes não podia brincar na rua, repleta de lixo, lama e insetos, agora está animada com a nova moradia. "Desde que chegamos, ela não para de correr pela rua, que é toda asfaltada. Agora, além de uma casa, moramos com essa estrutura, temos até calçada", festeja.

Orgulho

Na sala da casa de Maciel dos Santos, além da sua esposa e seu pequeno filho, estavam seu irmão e sua cunhada. Recém-chegado ao bairro 17 de Março, onde está localizada a sua residência, o garçom já tem a satisfação de receber visitas e orgulha-se em exibir sua casa própria. "Meus pais já vieram aqui conhecer também. Assim que eu tiver condições, vou fazer um churrasco pra comemorar a vida nova", comemora ele.

No lugar onde morava há cinco anos, ele conta que vivia em situação de risco. "Meu barraco era em cima do morro e até já desabou uma vez. Lá tinha muito lixo e quando chovia descia tudo, deixando um cheiro terrível", conta Maciel. Todos os dias, antes de ir para o trabalho, o garçom tinha que deixar a esposa e o filho pequeno na casa da mãe, onde eles podiam ficar em segurança. A partir de hoje, sua rotina vai ser diferente. "Agora posso sair tranquilo pra trabalhar, inclusive de noite, porque sei que minha família vai estar segura", diz.