Técnicos do MMA visitam cooperativa de reciclagem

Agência Aracaju de Notícias
03/09/2010 18h12
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A visita técnica à Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju (Care), no bairro Santa Maria, realizada na tarde desta sexta-feira, 3, possibilitou a troca informações entre profissionais do governo municipal, estadual e federal. O estado de Sergipe é um dos primeiros conveniados à União para elaboração de projetos e captação de recursos na área de resíduos. A Prefeitura de Aracaju (PMA) é parceira da Care na coleta seletiva.

No início da visita, os representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) puderam ouvir o depoimento do coordenador do programa Defesa Comunitária do Ministério Público de Sergipe, José Soares do Aragão, sobre o início e desenvolvimento da cooperativa. Em 1999 foi feito o cadastramento das famílias do lixão da antiga Terra Dura e por meio do projeto ‘Lixo e Cidadania - lixo no lixo e e criança na escola', o ministério começou a pensar em soluções para as famílias dessas crianças. No início, cerca de 1,3 mil pessoas foram atendidas.

Assistência

Hoje a Care tem 45 catadores, recebe entre 70 e 80 toneladas de lixo por mês e atende cerca de 60 crianças pelo Recrear, sustentado pela cooperativa. De acordo com Aragão, à medida que as famílias entendem que a cooperativa tem de funcionar tal qual uma empresa, e quando estão estruturados, o MMA deixa de coordenar as ações. Um dos critérios para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras é a capacidade produtiva. "Ainda falta profissional que possa fazer o fluxo desse processo, a logística. Em todo lugar existe um conflito sobre onde por o lixo e onde se armazena. E isso dá perda de produção", revela a consultora do ministério, Kátia Campos.

Ela participou de uma exeprência bem sucedida em Belo Horizonte, Minas Gerais, tal qual vem acontecendo com a cooperativa de Aracaju. Em 1993 a consultora foi uma das resposáveis pela constituição da Associação dos Catadores de Papelão e Material Reciclável (Asmare), que hoje, além da função de cooperativa, funciona como centro cultural. De acordo com Kátia, no início um dos maiores problemas foi adquirir a confiança dos catadores, fato também relatado por Aragão.

Como parte do ciclo do material reciclável, a Prefeitura de Aracaju tem uma parceria com a Care fazendo a coleta seletiva em 26 localidades do município e atendendo aproximadamente de 22 mil moradores. O município faz a coleta desde 2001 e coloca caminhões diferenciados que passam uma vez por semana.

Legislação

Segundo a economista e assessora da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), Claúdia Virgínia Santos, que acompanha a Care desde 2003, o consórcio de resíduos sólidos coordenado pelo município de Aracaju para o aterro sanitário metropolitano irá complementar o ciclo. "Depois da triagem feita aqui na Care, os resíduos serão destinados ao aterro. O que deve retornar para a cadeia produtiva é a matéria-prima da cooperativa", explica Cláudia.

Ela afirma que falta ainda a conscientização da população para que o lixo comece a ser separado nas residências. Cerca de 20% das 70 mil toneladas que chegam mensalmente são de resíduos de alimentos (lixo úmido). A Care sobrevive principalmente por causa do lixo doado pelas empresas parceiras como o Instituto GBarbosa e a Petrobras, que fazem parte do conselho da cooperativa. Além dessas instituições, fazem parte do conselho Banco do Nordeste, Caixa Econômica, Emsurb, Tim/Maxitel, Banco do Brasil, Universidade Federal de Sergipe e a TCA Contabilidade que apura as contas da associação, entre outras.

Famílias

O Gerente de Projeto do Departamento de Ambiente Urbano do MMA, Moacir Moreira da Assunção, acredita que a partir da promulgação da nova lei de resíduos sólidos, sancionada em agosto, o desenvolvimento nessa área será mais expressivo. "A União tem que elaborar seu plano nacional de resíduos sólidos que vai dar as diretrizes para o estado e municípios. Saímos à frente quando firmamos a parceria com o estado de Sergipe", afirma Moacir.

Para 2011, está previsto um orçamento de R$ 1,5 bilhão para os projetos de resíduos sólidos. Os recursos serão destinados à construção de pontos de entrega voluntária, à compostagem, ao aterro sanitário, galpões, entre outros. Moacir acredita que o ponto mais importante da lei é a inclusão do catador em todo o processo, com a dispensa de processo licitatório para as cooperativas.

Em Aracaju, o sustento de famílias por meio da cooperativa já é uma realidade. A catadora Socorro dos Santos Alves, 42 anos, trabalha na Care há quatro anos e mantém sua família com o que recebe das suas 8h diárias trabalhadas. Seu filho e sua cunhada também trabalham na cooperativa de reciclagem do bairro Santa Maria.