A Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Assistência Social e Cidadania (Semasc), em parceria com o Instituto de Estudo de Direito e Cidadania (IEDC), está realizando o curso de formação de agentes multiplicadores na prevenção e enfrentamento ao tráfico de pessoas. A capacitação acontece até esta sexta, 12, das 8 às 18h, no auditório da Fundação São Lucas, localizado na rua Guilhermino Resende, s/n, ao fundo da Igreja São José.
O objetivo é formar profissionais capazes de atuar no enfrentamento ao tráfico de pessoas. As informações passadas durante o curso vão permitir que os participantes possam ajudar a combater o problema e ainda auxiliar na identificação de criminosos. A capacitação trata de temáticas como ‘Direitos Humanos e Tráfico de Pessoas; ‘Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de exploração sexual'; ‘Diversidade Sexual e Tráfico de Pessoas'; ‘Experiências de Tráfico de Pessoas no Nordeste'; e ‘O Sistema Brasileiro de Enfrentamento do Tráfico de Pessoas'.
A iniciativa integra o projeto ‘Desenvolvimento Econômico e Cidadania', resultante de um convênio entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o IEDC, e é uma co-realização do Instituto Latinoamericano de Promoção e Defesa de Direitos Humanos (ILADH), WINROCK Internacional Brasil e Fundação São Lucas.
"O Instituto Latinoamericano de Direitos Humanos, junto com o IEDC, promove esse curso para a formação de agentes multiplicadores para disseminar esse tema. Eles vão estruturar ações de prevenção a esse delito, realizar cursos e campanhas, para que se coloquem holofotes na atuação do crime organizado transnacional, que transforma pessoas em mercadorias, comercializando vidas", afirmou a coordenadora do Núcleo do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Instituto Latinoamericano de Direitos Humanos, Anália Ribeiro.
Protesto
Para a coordenadora regional do curso e representante da Fundação São Lucas, Aline Barreto, a capacitação é também uma espécie de protesto contra esse tipo de delito. "O tráfico de pessoas é um problema de ordem criminal que é pouco divulgado e debatido. O movimento que estamos integrando tem a intenção de criar e articular redes de apoio para combater esse crime", disse.
A educadora social da Central Permanente de Acolhimento do Projeto Acolher, Andréia Gomes de Melo, destacou a importância do debate para os trabalhos que desenvolve em Aracaju. "Como trabalho na área de assistência com casos de alta complexidade, conheço muitos casos de pessoas que vivem em certas situações e não sabem o que fazer. Eu, sabendo do assunto, vou poder ajudá-las, com o devido direcionamento, registro das denúncias e procura por ajuda qualificada", afirmou.
Para a coordenadora do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis, delegada Georlize Oliveira, o debate está sendo positivo, pois aborda um dos crimes mais cometidos no mundo. "A discussão vai contribuir de forma efetiva porque estamos falando de um crime que hoje é um dos mais cometidos no mundo. O tráfico de pessoas, em alguns locais, é pior que o tráfico de drogas. Além disso, ele é perverso, monstruoso e afeta a dignidade da pessoa humana, que acaba sendo tratada como coisa", avaliou.
Vítimas
De acordo com o dentista do Hospital São Lucas, João Garcez Filho, o curso serve tanto para conscientizar a sociedade, quanto para reforçar as potencialidades da mulher, maior vítima do tráfico de pessoas. "Eu vejo isso como múltipla ação de conscientização de todos nós, sem exceção, no sentido de ver como o preconceito que recai sobre a mulher está embutido em todos nós no dia a dia. A capacitação é relevante, pois reforça a potencialidade, a genialidade e a criatividade delas", apontou.