Profissionais da Saúde participam de oficina sobre prevenção de acidentes biológicos

Saúde
26/11/2010 10h25

A Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) capacitou profissionais da rede hospitalar para prevenir acidentes de trabalho com exposição a materiais biológicos, como sangue e secreções, que podem oferecer riscos à saúde dos trabalhadores. A Oficina de Pactuação de Linha de Cuidados de Protocolos de Acidentes de Trabalho foi realizada nessa quarta e quinta-feira, dias 23 e 24, no Centro de Educação Permanente em Saúde (CEPS) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Foram abordados temas como biosegurança e qualidade em serviços de saúde; protocolo de profilaxia em HIV e Hepatites Virais; acidente com material biológico, legislação, prevenção e fatores associados. A programação contou ainda com a distribuição de uma cartilha sobre o tema elaborada pelo Centro de Referência Regional de Saúde do Trabalhador (Cerest-Aracaju).

O pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, José Carlos Couto, parabenizou a iniciativa da Prefeitura de Aracaju. "É uma grande ação e o Ministério da Saúde apóia essa iniciativa porque tem incentivado estados e municípios brasileiros a promover capacitações semelhantes com o intuito de estabelecer condutas capazes de garantir o atendimento imediato aos trabalhadores acidentados", destacou o pesquisador.

De acordo com Couto, os ferimentos com agulhas e material perfurocortante em geral são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de 20 tipos de patógenos diferentes. Entre os agentes infecciosos, os mais comuns são os vírus da HIV, hepatite B e hepatite C.

A médica do trabalho Amair Hagembeck Melo, que atua no Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), disse que, na rotina dos trabalhadores, acidentes acontecem todos os dias. "A maioria dos trabalhadores que se envolve em acidentes sequer consegue lembrar como aconteceu. Ouvimos falas do tipo ‘quando eu vi já tinha me cortado'. Na rotina ocupacional, os trabalhadores têm de prestar mais atenção, fazer a parte dele na prevenção de acidentes e cabe aos gestores capacitar e garantir os Equipamentos de Proteção Individual [EPIs]", afirmou.

Assistência imediata

A enfermeira Vanessa da Rocha do Cerest destaca que boa parte dos profissionais de Saúde desconhece os procedimentos de pós-prevenção no momento do acidente de trabalho. "Essa capacitação é mais uma ação do Cerest objetivando conscientizar e alertar os trabalhadores sobre riscos e providências mais imediatas que devem ser adotadas para a prevenção de infecções adquiridas por vírus como o HIV, hepatite B e C", explica.

"Prestamos a assistência utilizando tipos de materiais que causam lesões, como agulhas, por exemplo. Como o risco existe e é grande, o Cerest desenvolveu, há três anos, o protocolo de Exposição a Materiais Biológicos, visando orientar os profissionais. Temos uma caminhada longa nessa luta, mas o município de Aracaju já conseguiu estruturar, no Hospital Zona Sul, o atendimento emergencial aos trabalhadores vitimados em acidente biológicos. O próximo passo é garantir que as instituições de Saúde de Aracaju que tenham capacidade técnica prestem, no próprio local, a assistência aos seus funcionários. Essa medida minimiza os riscos de contrair vírus", afirma Vanessa Rocha.

A partir da Oficina, a Prefeitura de Aracaju deverá consolidar uma norma que garanta a assistência, o acompanhamento e a notificação de todos os casos de acidentes de trabalho com material biológico no município. "O objetivo desta normatização é garantir a organização de dados epidemiológicos que servirão de base para ampliar as políticas públicas para os trabalhadores da Saúde", antecipa a técnica.