A aluna do 9° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Manoel Bomfim, Laise de Farias, 15 anos, foi a terceira colocada no ‘Concurso Artístico e Cultural: A Educação a Favor da Vida e Contra o Crack', na modalidade poesia. O concurso é uma das ações da campanha de combate ao crack promovida pelo Governo do Estado de Sergipe, que realizou a cerimônia de premiação na última terça, 28, no auditório do Banese, localizado na Avenida Augusto Maynard.
Além de estudantes e professores das redes municipail e estadual da educação, o evento contou com a presença da primeira-dama do estado, Eliane Aquino. No ocasião, Eliane salientou a importância de provocar reflexão e mudança de atitudes na comunidade escolar com vistas à ampliação do conhecimento sobre o tema e a discussão das causas e consequências do consumo de drogas. "Esse é o começo de um longo trabalho que tem como objetivo salvar vidas, levando informação para os cidadãos e tornando-os capazes de tratar do assunto sem preconceitos", declarou.
Na cerimônia, foram entregues 45 prêmios, sendo 15 aos alunos, 14 aos professores e 14 às escolas. Os alunos receberem aparelho celular, notebook, netbook e playstation. Já os professores foram agraciados com câmera digital, notebook e netbook, enquanto que as unidades escolares receberam aparelho de som, computador e datashow. O concurso envolveu cinco modalidades: poesia, música, desenho, vídeo e redação, as quais abordaram o tema do combate e prevenção às drogas.
Premiação
A aluna Laise de Farias recebeu como prêmio um aparelho celular. "Pensei bastante no tema e procurei fazer uma poesia que se adequasse. Daí abordei a problemática da exclusão social em virtude do uso de drogas. Mais importante do que o mérito pela facilidade de escrever poesias é a conscientização através da educação que tem papel fundamental no combate a esse mal", explicou.
Além de Laise, o professor orientador Luiz Márcio Lima Palmeira, bem como a unidade escolar Manoel Bomfim, também foram premiados com uma câmera fotográfica e um aparelho de som respectivamente. A coordenadora pedagógica da Emef, Elizabete Sampaio, afirma que abordar temáticas como essa é uma prática constante da escola. "Procuramos discutir diversos temas transversais em sala de aula. Quando surge um concurso, abraçamos a oportunidade de exercitar a leitura e a escrita para que eles se sintam motivados com a aprendizagem e, ao mesmo tempo, com a causa. Os alunos se sentiram tão motivados com a competição que concordaram em expor na escola todo material que foi produzido", ressaltou a coordenadora.
Presenças
Participaram também da cerimônia, o diretor-presidente do Banese, Saumínio Nascimento, e a diretora do Departamento de Educação, Maria Izabel Ladeira. "Uma série de eventos como este ainda serão promovidos no próximo ano, pois é preciso mobilizar cada vez mais alunos e professores para que se tornem protagonistas dessa campanha a favor da vida. A nossa expectativa é de que os próximos eventos tenham uma participação ainda maior de todos", afirmou Maria Izabel.
Ao todo, cerca de 650 alunos das escolas estaduais e municipais participaram do concurso. Os trabalhos foram produzidos por estudantes do 4º ao 9º ano do ensino fundamental, do 1º ao 3º ano do ensino médio, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do Programa Nacional de Inclusão de Jovens - Projovem Urbano e Rural.
Confira a poesia da aluna Laise de Farias:
"A educação a favor da vida e contra o crack"
Isaac, viciado em crack
Uma vez pensando,
de sua vida sentiu saudades,
porque sabia que o que vivia não era vida
e ele era um covarde.
Covarde porque não teve coragem
de se distanciar do crack,
vendo-se como um traste,
que de viver, não tinha vontade.
Seus caminhos eram desastres,
não sabia mais o que era suavidade,
seus olhos só viam e seus ouvidos só ouviam brutalidade
E o mais difícil para Isaac
era aceitar que devido ao vicio pelo crack
ele mesmo cometia brutalidade, pelas ruas da cidade.
Até que na mesma tarde,
em que pensava na antiga vida, Isaac,
uma senhora disse: Rapaz, boa tarde!
Isaac não sentiu vontade
de retribuir-lhe a cordialidade
porque nunca em nenhum lugar da cidade,
alguém honesto lhe desejou boa tarde.
A boa senhora sentou ao seu lado,
sem ligar para seu semblante fechado,
e decidiu conversar um bocado
com aquele rapaz muito calado.
E começou a falar que era professora aposentada,
que já havia tido alunos que não queriam nada,
além de perturbar na sala de aula.
Isaac então, começou a se sentir atraído,
pela maneira simples da senhora de rosto descontraído.
E respondeu a uma pergunta, que ela, entre várias, o fez.
Disse que há muito tempo estudou e que deixou a escola
por falta de vontade e de incentivos para viver.
Logo, a senhora soube que ele era um viciado.
No entanto, não se espantou e disse olhando-o calado:
- Basta querer não fazer nada de errado,
e acreditar num futuro como um rapaz educado.
Ela levantou-se e estendeu-lhe a mão.
Isaac sentiu pela primeira vez algo bom em seu coração,
levantando-se e dando-lhe também, a mão.
Saíram a andar, passando por duas ruas,
até chegarem no fim de uma última.
Ali havia uma escola bonita,
que tinha uma faixa, com a seguinte frase escrita:
"A educação contra o crack e a favor da vida".
A senhora leu para Isaac o que estava na faixa
E disse: "Se você se dedicar e acreditar
no poder renovador da educação,
aparecer-lhe-ão riquezas de alegria e felicidade de montão.
Exijo que você agora viva como se fosse diversão".
Isaac sorriu, sentindo uma esperança, mesma que vaga,
e frequentou a escola com aplicação e boas notas.
Acreditando que a educação estava lhe abrindo as portas
para esquecer o sofrimento e ter uma vida gloriosa.