Obras na Zona de Expansão tranquilizam moradores

Infraestrutura
24/02/2011 10h35
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Com as fortes chuvas que caíram no primeiro trimestre do ano passado, a Zona de Expansão de Aracaju sofreu alagamentos nos pontos mais vulneráveis. Para amenizar a situação, a Prefeitura de Aracaju realizou obras emergenciais, drenando parte das águas e interligando as lagoas e charcos dos locais mais afetados. A solução definitiva para o problema depende de um grande volume de recursos - estimados em R$ 5 bilhões - por conta das características naturais da região, marcada por áreas alagadiças.

No residencial Costa do Sol, por exemplo, foram investidos R$ 989.552,43 na implantação de um sistema de drenagem pluvial provisório. As obras compreenderam a criação de canal de 500 metros de comprimento, além da dragagem do canal natural e implantação de tubos para dar maior vazão às águas pluviais.

A medida foi um paliativo para resolver parte do problema de drenagem na Zona de Expansão. A administração municipal aguarda investimentos do Governo Federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento, em sua segunda versão PAC II, para realizar obras definitivas no local. São esperados R$ 32 milhões em investimentos, que serão utilizados na implantação de um sistema de escoamento das águas.

Enquanto a verba não é liberada, a prefeitura continua monitorando os pontos mais críticos (Robalo, São José, Areia Branca e Mosqueiro), trabalhando na prevenção dos alagamentos, através da instalação de novos dutos de vazão e da manutenção dos que já existem em diversos locais da Zona de Expansão. Além da escavação de valas de escoamento e do direcionamento do fluxo pluvial.

Esperança

Para os moradores, a lembrança das enchentes no período chuvoso do ano passado ainda é muito recente. Nas paredes da casa da aposentada Maria José Marques, localizada na comunidade Robalo, a marca do nível da água não a deixa esquecer a inundação, que fez com que a lagoa que existe no quintal subisse a um nível nunca registrado.

"Com a enchente do ano passado eu disse: vou sair daqui", relembrou a aposentada, que mora na região há mais de 40 anos. Segundo ela, no período chuvoso o nível da lagoa sempre subia um pouco, mas não como em 2010, quando a água atingiu a rua. Para prevenir que incidentes como estes voltem a acontecer, a Empresa Municipal de Obras e Urbanismo (Emurb) instalou tubos duplos de concreto, permitindo que a água escoe sem colocar em risco a residência de Maria José.

"Quando a prefeitura colocou a tubulação a lagoa enche, mas tem para onde correr. Do jeito que estava eu ia vender a casa e procurar outro lugar para morar. Agora eu tenho esperança de que não se repita tudo novamente", expressou. A expectativa também é compartilhada pela fabricante de biscoitos Josefa Tereza dos Santos, que teve de se mudar da antiga residência após a enxurrada.

Moradora do Mosqueiro há 10 anos, Josefa Tereza comentou que as lagoas sempre existiram, mas que a cheia do ano passado foi uma fatalidade que ela nunca havia presenciado. Hoje ela mora ao lado da maior vala escavada pelas equipes da Emurb, com mais de 2 km de extensão, que permite que as águas das chuvas escoem para o rio Vaza Barris. "Sempre que há algum problema eu vejo as equipes da prefeitura tentando solucionar. Agora a gente espera que não ocorra o que aconteceu no ano passado", disse.

Monitoramento

Quando é detectado um ponto de alagamento, um técnico da Emsurb é enviado até o local para identificar o problema e avaliar qual a solução. Diversas ações emergenciais foram feitas para drenar os locais mais afetados, com a abertura de valas e o escoamento através de tubulação. Algumas lagoas foram interligadas, permitindo a circulação das águas, evitando pontos graves de alagamento.

Segundo Edvaldo Bezerra, técnico da Emurb, o trabalho de drenagem é muito difícil, pois a formação de novas lagoas nem sempre é previsível. "Muitas vezes realizamos o trabalho de drenagem em um local, solucionando o problema, mas logo a frente, em um ponto onde não represava a água, se forma uma nova lagoa. Para piorar, algumas construções e aterros feitos ilegalmente impedem o fluxo da água, que fica represada e aumenta ainda mais o risco de inundação", pontuou.

Histórico

Aracaju se desenvolveu num sítio geológico formado em sua maior extensão por regiões de charcos e áreas alagadiças. Ao longo do tempo, grande parte dessas áreas foi aterrada para que a cidade pudesse crescer. Na Zona de Expansão, local aonde atualmente se concentra o crescimento urbano, a situação é ainda mais complicada.

A maior parcela daquela área é formada por uma várzea, ou seja, região inundável periodicamente pelas águas de rios ou das chuvas, que durante o período de vazão mantém pontos de represamento onde se formam lagoas. Dessa forma, há um problema de drenagem generalizado em quase toda Zona de Expansão, que começou a se expandir em uma época em que a preocupação ambiental, apesar de existente, não era preponderante.

Nos últimos anos, a ocupação da Zona de Expansão tornou-se mais intensa, sendo alvo de grande especulação imobiliária, com a construção de conjuntos residenciais e condomínios fechados. Aterros clandestinos e construções irregulares bloqueiam o escoamento de parte das águas, aumentando o risco de inundação, que já é grande.