Descoberta em 1882 pelo bacteriologista inglês Robert Koch, a bactéria Mycobacterium tuberculosis, também chamada de Bacilo de Koch, é o agente responsável por um dos principais problemas de saúde pública mundial: a tuberculose. A doença, que mata por ano cerca de 1,7 milhão de pessoas no mundo, recebe atenção especial nas unidades de saúde da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA).
O Plano Municipal de Controle da Tuberculose (PMCT) prevê ações preventivas e de monitoramento com o intuito de ajudar no diagnóstico precoce e garantir a eficácia do tratamento. A administração do município, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), vai intensificar o programa de prevenção à doença durante a Semana de Combate à Tuberculose, que ocorrerá entre os dias 21 a 25 de março, em alusão ao Dia Nacional de Combate à Tuberculose, comemorado em 24 de março.
Médicos, enfermeiros, infectologistas e outros profissionais da área de saúde irão desenvolver uma série de atividades educativas durante toda a semana. No encontro, serão esclarecidas as principais dúvidas sobre formas de contágio da doença e equipe da PMA vai alertar os pacientes para a importância de seguir o tratamento até o final.
Segundo Fabrízia Matos, infectologista da SMS, a meta este ano é sensibilizar um dos principais grupos de infectados pela doença: os usuários de drogas e álcool. A preocupação do município é com os altos índices de disseminação da doença entre estes indivíduos, já que eles apresentam comportamentos associados a grupos de risco.
"O compartilhamento de cachimbos de crack, latas, copos descartáveis, cigarro de nicotina ou de maconha são comportamentos de risco, já que a tuberculose tem como principal via de transmissão o meio oral. Por isso, é comum o alto índice de aparecimento dessa doença em usuários de drogas e álcool, já que na maioria das vezes eles consomem essas substâncias na presença de várias pessoas e sem a mínima preocupação com a higiene", avalia a infectologista.
Parceria
De acordo com Fabrízia Matos, a programação deste ano irá reforçar a parceria entre as unidades de saúde da Prefeitura de Aracaju. O evento tem a intenção de estreitar o vínculo entre os profissionais da Rede de Atenção Básica (Reab) e os do Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (Caps A/D). "Como os profissionais da Caps A/D estão sempre em contato com os usuários de drogas e álcool, seria importante a atuação deles para orientá-los a continuar o tratamento da tuberculose. A criação de vínculos com os pacientes é crucial para a eficácia do tratamento, já que a dependência mexe com os níveis de consciência", afirma.
Para André Calazans, coordenador do Caps A/D, o estabelecimento de parcerias e o compartilhamento de cuidados com outros centros de saúde do município ajudam a produzir resultados positivos na redução do número de dependentes químicos com tuberculose. "A articulação de trabalhos irá propiciar a rápida recuperação dos pacientes, à medida em que os profissionais do Caps A/D observam nestes indivíduos a presença dos sintomas da doença e os acompanham para a realização de exame. Caso seja identificada a tuberculose, o usuário é encaminhado para a unidade de atenção primária para se tratar adequadamente com o acompanhamento necessário dos profissionais de lá", explica.
Personalizado
Segundo André Calazans, o planejamento de ações estratégicas mais específicas é a única alternativa para incutir entre os dependentes químicos a importância da prevenção e da continuidade do tratamento. "Como esses grupos apresentam características mais peculiares do que os portadores tradicionais da tuberculose, torna-se necessário acompanha-los para penetrar de forma mais eficiente dentro destes grupos. Condições especiais para estes usuários, como atendimento personalizado, acesso e diagnóstico mais rápido, além do acompanhamento mais próximo, são medidas fundamentais para ajudar a reduzir o alto índice de abandono do tratamento", observa.
O Caps A/D oferece oficinas e atividades estruturadas sobre a prevenção e tratamento da tuberculose, focados nas necessidades dos pacientes da instituição. De acordo com André, a abordagem do tema junto com outras atividades educativas tem se revelado um método eficaz e bem aceito entre os usuários. "Por meio de outras atividades educativas e de lazer, nós vamos introduzindo o tema do combate à tuberculose, e isso gera menos rejeição em escutar todas as orientações dos profissionais do Caps A/D", conclui.
Registros
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de um terço da população mundial está infectada com o Mycobacterium tuberculosis, com risco de desenvolver a enfermidade. Todos os anos são registrados por volta de 9 milhões de novos casos da tuberculose em todo mundo. No Brasil, estima-se que mais de 57 milhões de pessoas estão infectadas pelo bacilo da tuberculose. Por ano, no país, são notificados aproximadamente 72 mil novos casos e 5 mil mortes em decorrência da doença.
Em Aracaju, os dados apresentados pela coordenação do PMCT mostram que, em 2001, foram registrados 49,1 novos casos de tuberculose para cada 100 mil habitantes; em 2009, 34 casos para cada 100 mil habitantes; e até outubro de 2010, 28,2 novos casos para cada 100 mil habitantes.