Os casos de violência e abuso sexual têm crescido em Sergipe, assim como em todo o país. Em Aracaju, a Prefeitura Municipal ampara essas vítimas, oferecendo a elas serviços de apoio psicossocial disponibilizados no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) São João de Deus, que atende especificamente mulheres, crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violência, seja ela doméstica ou sexual.
O Creas funciona como a última instância de acolhimento das vítimas, que ao chegarem lá, normalmente, já passaram por órgãos como Conselho Tutelar, Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente, Delegacia da Mulher, 16° Vara da Infância e Juventude, IML, e Maternidade Santa Isabel. "Esses órgãos integram o sistema de garantia de direitos. Todos eles atendem a vítima e a encaminham para o Creas", explica a coordenadora do Creas São João de Deus, Magna Mendonça.
Segundo ela, a procura pelo serviço também acontece de forma espontânea. Todas as vítimas atendidas recebem um auxílio transporte para que possam de deslocar de onde moram até o Creas, localizado na Rua São João, bairro Santo Antônio. O Centro oferece um cartão com créditos para ser utilizado nos ônibus que fazem o transporte coletivo. A recarga é providenciada pela coordenação da unidade, sem qualquer custo para o usuário.
Superação
Chegando ao Creas a vítima conta com uma equipe de assistentes sociais e psicólogos preparados para desenvolver um trabalho direcionado à superação do trauma sofrido. O tratamento começa com uma escuta qualificada do problema. "Nesse momento é feito um acolhimento especial, e os nossos profissionais, em momento algum, expressam seus valores e opiniões pessoais sobre o caso que estão atendendo", esclarece a coordenadora do Creas.
O foco do atendimento é a vítima, mas o trabalho também é feito com toda a família. "A idéia é trabalhar com a vítima para a superação da violência, que traz consigo consequências como comportamento agressivo, anti-social, de negação. Já com a família, o objetivo é conscientizá-la do problema e instruir como proceder com o violentado. O tratamento não tem prazo para terminar porque é importante respeitar o tempo da vítima", afirma Magna.
Mudança
O atendimento é feito semanalmente e ajuda a transformar a vida das vítimas e de seus familiares. É o caso de uma moradora de Aracaju, que leva sua filha de 12 anos para se consultar com os psicólogos do Creas. Esperançosa de que a equipe ajude a garota, a mãe afirma que já notou algumas mudanças.
"O caso da minha filha envolve o namorado dela, que forçou a menina a ter relação sexual com ele. O aconteceu com minha filha é revoltante. Trago ela aqui uma vez por semana, e eu espero que ela melhore. Ela gosta daqui, dos profissionais e já estou notando uma melhora no comportamento dela", conta a mãe.
Casa Abrigo
Para casos de violência cometida é contra a mulher, as vítimas são encaminhadas para a Casa Abrigo Núbia Marques, após receberem os primeiros atendimentos no Creas. O abrigo foi criado em 2003 pela Prefeitura de Aracaju para oferecer atendimento especializado às vítimas de violência doméstica e conta com toda a estrutura necessária para garantir o apoio psicossocial de que elas necessitam.
O endereço da Casa Abrigo é mantido sob sigilo. Lá as vítimas e seus filhos menores de idade permanecem por três meses. "Esse é mais um mecanismo da rede de proteção social que oferecemos antes mesmo da criação da Lei Maria da Penha, em 2006", destaca a coordenadora do Creas.