PMA continua atuando no combate à leishmaniose

Saúde
25/04/2011 11h52

A Leishmaniose é uma doença zoonótica, ou seja, é transmitida ao homem através dos animais. Considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma das seis maiores doenças parasitárias do mundo, ela apresenta-se basicamente em duas formas: leishmaniose tegumentar, que causa danos à pele e mucosas e a leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, que afeta o fígado e baço.

O mosquito transmissor da doença é o flebótomo, conhecido popularmente como ‘mosquito palha' ou ‘birigui'. Ele é pequeno, possui manchas brancas no corpo e hábitos noturnos. A contaminação ocorre quando o mosquito, ao picar um animal ou homem que já esteja contaminado, inocula na presa o protozoário Leishmania Chagasi que está no seu sangue, e assim dá inicio ao ciclo da doença.

A transmissão é feita através do mosquito infectado pelo homem ou cão, que prolifera a doença ao picar outro animal ou humano. O mosquito se prolifera em locais úmidos, sombreados, arborizados e que tenham matéria orgânica em decomposição, como resto de folhagem. A Leishmaniose visceral é uma doença grave, de aparência lenta e de fácil transmissão, tanto para os cães quanto para o homem. Em região rural e de mata, os roedores e raposas são os principais transmissores da doença; no ambiente urbano, os cães.

A doença pode levar três meses ou até alguns anos para se manifestar no animal. Os sintomas em geral são emagrecimento, crescimento exagerado das unhas, perda de pelos, úlceras com sangramento nas orelhas, focinho e calda e secreção ocular. Em um estágio mais avançado, há o comprometimento do fígado, baço e rins, podendo levar o animal à morte. Em Aracaju foram registrados 538 casos de cães infectados em 2010 e esse ano já são 34 comprovados.

Segundo o coordenador do Cento de Controle de Zoonoses (CCZ) Paulo Thiago, existem animais assintomáticos, ou seja, que não vão apresentar nenhum sintoma da doença. Ele explica que isso depende do estado imunológico ou nutricional do animal. "Aqueles cães que forem mais bem nutridos, bem cuidados e consequentemente estiverem com a imunidade alta, demoram a apresentar o quadro ou simplesmente não apresentarão os sintomas", conta.

Humano

Febre, emagrecimento, palidez, tosse, hemorragia, respiração acelerada e diarréia são alguns dos sintomas característicos da doença. Porém, o aumento do abdômen por conta do inchaço do baço e do fígado é o maior sintoma apresentado. Esse inchaço comprime o pulmão e coração o que causa cansaço, taquicardia ou outras complicações, como a pneumonia. Crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis à doença e pessoas que já tenham algum problema de saúde ou que sejam usuárias de drogas são mais propensas a adquirirem.

Em Aracaju foram registrados 38 casos de Leishmaniose em 2010 e esse ano já são oito casos confirmados. É importante esclarecer que o óbito muitas vezes não está diretamente ligado ao calazar. "Como é uma doença que baixa a imunidade, a pessoa pode se tratar da Leishmaniose, mas o tratamento não ser eficiente e ela adquirir outra doença secundária, como complicações respiratórias e cardíacas, que podem levar ao óbito", afirma Antônio Nilo de Almeida, veterinário sanitarista.

Paulo Thiago explica que ano passado houve um óbito na capital causado por uma doença secundária. "Os pacientes que detectam a doença não procuram os postos de saúde para fazer o tratamento adequado. O hospital acompanha no período de 20 à 30 dias e logo após da alta é necessário que o paciente procure a unidade de saúde para dar continuidade ao tratamento e refazer o exame para saber se a medicação foi eficiente. O grande problema é que o pessoal não está indo se tratar e nem fazendo o exame periodicamente", explica.

Prevenção

Para prevenir a proliferação do mosquito e evitar a doença nos cães e no homem, é necessária a conscientização da população e o saneamento básico. Limpar quintais para retirar o acúmulo de folhas caídas, utilizar mosquiteiros, podar as árvores para evitar que os quintais fiquem muito sombreados, evitar circular em quintais e próximos à matagais após as 17h, vacinar o animal de estimação contra a raiva, levá-lo periodicamente ao veterinário, e utilizar coleiras preventivas para evitar que o animal seja picado, são alguns cuidados que devem ser tomados. Locais que tenham criadouros de animais, como galinheiros, são mais propícios a aparecer o mosquito devido à sujeira gerada por esses animais.

Segundo Paulo Thiago, para controlar o aparecimento dos mosquitos é aplicado inseticida na área que tenha ocorrido caso humano.  "Nós só fazemos a aplicação do inseticida em áreas que tenham ocorrido algum caso humano para evitar que o mosquito fique resistente ao pesticida", explica ele. Os períodos pós chuva, entre o mês de setembro e março, são os mais propícios ao aparecimento do mosquito. "É o período que aumenta a umidade e faz com que tenha mais matéria orgânica em decomposição, fazendo com que o mosquito se desenvolva", conta ele.

Tratamento

O diagnóstico da doença, tanto no animal quanto no humano, é feito através do exame de sangue. No entanto, o tratamento realizado nos homens não é efetivo nos cães, que nesse caso não há cura senão a eutanásia. O coordenador explica que o medicamento humano poderia ser uma alternativa para os animais, mas, de acordo com ele, o Ministério da Saúde não liberou o uso, pois o tratamento do animal pode interferir no tratamento humano, já que os sintomas são eliminados, mas o animal continua portador. Por isso ele pede que os donos entreguem aqueles animais que estão contaminados, pois eles podem ser responsáveis por um ciclo de contaminação.

Contato

A presença de qualquer animal com suspeita da deonça deve ser comunicada ao Centro de Controle de Zoonoses, pois o centro dispõe de uma carroça especializada para a captura desses animais. Os telefones de contatos são 3179-3528, 3179-3565 ou 3179-3564, no horário das 7h às 12h e das 14h às 17h.