PMA atua no combate à violência infanto-juvenil

Família e Assistência Social
23/05/2011 09h18
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Nesta tarde da última sexta-feira, 20, o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Benjamim Alves de Carvalho realizou uma palestra sobre as diversas formas de violência e abuso sexual sofridas por crianças e adolescentes, bem como as maneiras de identificação de casos e procedimentos para a denúncia. O evento, voltado para os jovens assistidos pelo Cras e para toda a comunidade, aconteceu sede do próprio do Centro, localizado no bairro Coroa do meio. 

A palestra faz parte do cronograma de ações socioeducativas sob o tema ‘Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil', desenvolvido pela a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social e Cidadania (Semasc), que tem o objetivo de apresentar o serviço de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil, bem como mobilizar os participantes para a campanha educativa de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. As atividades começaram no dia 28 abril e se encerram em 31 de maio.

O conjunto de ações promovido pelos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) junto aos servidores que integram a Semasc, a própria sociedade e outras unidades socioeducativas envolve a distribuição de material informativo sobre a violência sexual, exibição do documentário "Abuso sexual doméstico", palestras, apresentação do serviço de atendimento a rede de proteção à criança e ao adolescente, distribuição de panfletos, montagem de stand de divulgação, oficinas e caminhadas.

A psicóloga do Creas São João de Deus e palestrante, Leônia Sampaio, afirmou que o intuito da ação é de preparar as crianças, os adolescentes e as mães para identificar os casos de abuso e violência e, logo após, fazer a denúncia desses casos. "Falei sobre os tipos de abuso, que acontecem com o contato físico ou sem o contato físico, as consequências psicológicas comportamentais e físicas, e o que isso vai influenciar na vida dela depois de ser vítima desse abuso. Além disso, espero que elas aprendam a identificar quando uma criança passou por uma situação dessa, que será diagnosticada pelos sintomas que ela apresenta, o que mudou na vida dessa criança, no jeito psicológico, físico e que elas tenham consciência de que podem denunciar, e em quais os órgãos ela pode estar fazendo essa denúncia", ratificou.

Para a coordenadora do Cras Benjamim Alves de Carvalho, Maria Cila Gomes, a palestra vai ajudar a orientar não só as crianças e aos adolescentes, mas também às mães dos mesmos, que por vezes não receberam a devida instrução. "Muitos deles não são orientados sobre a violência e a sexualidade. A ação é relevante porque percebemos também que as mães desses jovens, por algum motivo, acabam não orientando seus filhos e, às vezes, elas mesmas não estão devidamente orientadas a respeito do assunto", afirmou.

Esclarecimentos

Dona Íris dos Santos é mãe de duas crianças assistidas pelo Cras. Ela contou que está mais esclarecida depois que assistiu aos noticiários e participou da palestra de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil. "É importante assistirmos a essa palestra porque vemos nos noticiários os tipos de violência e, com a palestra, o assunto da violência é intensificado. Dessa forma, vamos estar mais preparados para defender nossas crianças e adolescentes. Depois dessa explanação fiquei bem mais esclarecida", assegurou.

Jhonny Carlos Santos faz parte do Programa ProJovem Adolescente. Para ele, a palestra ajudará a identificar as vítimas do abuso e da violência sexual.  "A palestra foi ótima porque muita gente não sabe o que ocorre lá fora, e não sabe também quem está sendo agredido sexualmente. Essa experiência é importante para todos e se fosse para dar uma nota a ela, eu daria 10", disse.

Caminhada

"Esse é um grito de cidadania em defesa das nossas crianças e adolescentes". Essa afirmativa foi feita pelo Secretário da Assistência Social de Aracaju, Bosco Rolemberg, durante a grande caminhada de Enfrentamento ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, realizada pela Prefeitura Municipal de Aracaju, através da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania.  O evento foi realizado na tarde da última quarta-feira, 18, e contou com a presença de milhares de pessoas que iniciaram o ato na praça da Bandeira, depois seguiram  pela avenida Barão de Maruim, rua Itabaiana, em destino à praça Fausto Cardoso. 

Durante a manifestação, funcionários da Semasc distribuíram camisas e panfletos informativos do Disque 100, para denunciar casos de abuso contra crianças e adolescente. Segundo Bosco Rolemberg, a caminhada representou um desafio lançado à sociedade.  "Lançamos esse desafio à sociedade e que foi correspondido pelas crianças, pelos jovens, pelos idosos, junto com outras instituições, a exemplo da Secretaria Pública do Estado de Sergipe e os próprios funcionários que se incorporaram a esse grito de cidadania", disse.

A Coordenadora do ensino fundamental do Colégio Arquidiocesano, Tereza Cristina, afirmou que a caminhada foi relevante, pois ensinou as crianças a denunciarem os abusos e a exploração que muitas delas sofrem. "É importante porque devemos incentivar as crianças desde cedo a conhecer formas de reivindicar e denunciar os abusos por elas sofridos", contou.

De acordo com o Defensor Geral José Raimundo, cuidar das crianças e dos adolescentes é um dever tanto do Estado quanto da sociedade. "É dever do Estado e do Município e de cada um de nós, enquanto cidadãos, cuidar das crianças e dos adolescentes da melhor forma possível", apontou.

Araceli

Araceli Cabrera Sanches tinha oito anos quando foi seqüestrada, no dia 18 de maio de 1973, depois foi drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. Muitos acompanharam o desenrolar do caso, desde o momento em que Araceli entrou no carro dos assassinos até o aparecimento de seu corpo, desfigurado pelo ácido, em uma movimentada rua da cidade de Vitória. Entretanto, poucos foram capazes de denunciar o acontecido. O silêncio da sociedade capixaba acabaria por decretar a impunidade dos criminosos.