Segunda noite do Fórum do Forró homenageia Zé Dantas

Funcaju
03/06/2011 12h04
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Debates, novos conhecimentos compartilhados e muita música ao som do acordeon, triângulo e zabumba. Assim foi o segundo dia do X Fórum do Forró, que aconteceu na noite da última quinta-feira, 2, no Centro de Convenções de Sergipe. A discussão do dia foi uma jornada pela trajetória de Zé Dantas, também conhecido como o ‘Doutor do Forró'. Para explicar quem foi o compositor, estiveram na mesa o professor e pesquisador Zé Augusto, o jornalista Xico Bezerra, a víuva de Zé Dantas, Dona Iolanda e o organizador Paulo Correa.

A palestra teve início com Xico Bezerra falando da importância de Zé Dantas na obra de Luiz Gonzaga, abordando, não só sua trajetória musical, mas também pessoal. "Dantas demonstrava uma cumplicidade para com sua região e com a seca", argumentou o jornalista. Logo após, dona Iolanda Dantas se apresentou contando muitos detalhes da trajetória artistica do marido. "Seu pai ameaçou tirar-lhe a mesada, caso descobrisse que Zé ainda estava envolvido com o forró", contou a senhora em um dos momentos mais empolgantes do debate. Também foram apresentados vídeos do Rei do Baião tocando as canções que compôs com Zé Dantas e até o trecho de uma entrevista na qual Gonzaga fala um pouco da relação que teve com seu parceiro de obra. 

Após algumas explicações sobre a vida do homenageado, o público participou fazendo perguntas à viúva de Zé Dantas. Dona Iolanda tirou dúvidas sobre a forma de compor de Dantas, suas posições políticas, as apresentações musicais (que eram raras), a relação do compositor com a mídia (sobretudo com o apresentador Flávio Cavalcante) entre outros aspectos que marcaram a vida do 'Doutor do Forró'. Encerrado o debate, foi a vez do público deixar o auditório para assistir a apresentação do Quinteto Sanfônico. Assim os músicos continuaram a homenagem prestada a Zé Dantas que estaria completando 90 anos em 2011.  

Resgate histórico

O Fórum encerrou mais uma noite cumprindo o objetivo de proporcionar um diálogo entre artistas, pesquisadores e apreciadores do ritmo musical característico do sergipano. "A proposta aqui é de se construir o conhecimento, e proporcionar para as novas gerações de músicos. Há um desconhecimento muito grande do que é o forró e o fórum atua para mudar isso", disse o professor e radialista Zé Augusto.

Dona Iolanda, se mostrou muito contente ao final do debate agradecendo ao público e realizadores pelo convite e por lembrarem a obra do seu esposo: "Acho muito válido termos esse espaço para debate. Incentiva bastante a juventude que já está fazendo forró", argumentou. Já Xico Bezerra ressaltou o aprendizado deixado pela conversa: "É importante que se tenha uma consciência crítica do que é o forró, analisar o ritmo, suas letras, e o que os forrozeiros têm a dizer em cada canção", finalizou o jornalista.

Biografia

Nascido em Carnaíba, interior de Pernambuco, Zé Dantas foi o parceiro habitual de Luiz Gonzaga, logo depois deste separar-se do seu parceiro habitual Humberto Teixeira. Filho de uma família tradicional, Zé Dantas se formou em medicina (daí vem a alcunha de 'Doutor do Forró'), trabalhando com obstetra durante muitos anos e, paralelamente, compunha junto ao rei do baião. No entanto, por respeito ao pai que não tolerava esse tipo de música, Zé Dantas não assinava suas canções. O carnaibense conheceu Luiz Gonzaga em 1949, no mesmo ano em que concluía seu curso no Recife.

No ano seguinte, Zé foi morar no Rio de Janeiro para especializar-se em obstetrícia. Durante toda a década de 1950, a parceria Gonzaga-Dantas rendeu canções únicas, tais como: 'Sabiá', 'Vem Morena', 'Riacho do Navio', 'Vozes da Seca', 'Cintura Fina', 'A Dança da Moda' entre muitos outros. O compositor, poeta, folclorista e médico viria a falecer prematuramente no Rio de Janeiro, aos 41 anos, mas não sem antes deixar um rico legado para o ritmo musical tipicamente nordestino. O X Fórum do Forró continua nessa sexta-feira, dia 3, a partir das 19h, no Centro Integrado de Convenções de Sergipe.