Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual realiza festa junina

Educação
21/06/2011 10h02
Início > Noticias > 46268

A sensibilidade de quem utiliza os mais diversos sentidos por pouco dispor da visão, não representa um empecilho à diversão para os mais de 100 alunos inseridos no Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP), localizado no bairro São José. Comemorando a chegada das tradicionais festas de São João, São Pedro e Santo Antônio, eles cantaram e dançaram ao som do autêntico forró pé de serra no ‘Arraiá Pé no Chão', evento realizado nesta terça-feira, 21, na Sociedade Semear.

Acompanhados pelos familiares e amigos, os alunos encheram de cores o espaço que foi palco para exposição das mais belas indumentárias juninas. De acordo com a diretora do CAP, Joana D'Arc Meireles, o ponto alto da programação foi a coroação da rainha e das princesas do milho, bem como o casamento caipira. "A quadrilha, símbolo elementar do ciclo junino, não podia faltar numa festa tão especial que homenageia seus forrozeiros até no nome. O pé no chão simboliza a utilização do membro do corpo humano em virtude da cegueira ou da baixa visão dos atendidos pelo centro", explicou a diretora.

Mesmo interagindo com os convidados e dançando ao som do cantor Roberto Jesus, 52, também atendido pelo CAP, os alunos aguardaram ansiosos o momento em que seriam sorteados os quatro balaios juninos. "Entre os alunos do CAP, temos Rodrigo, que além de cego é autista. Ele não falava quando começou a fazer parte do centro e hoje ele canta as canções escritas por Roberto Jesus, assíduo frequentador das aulas de canto e violão, cujos conteúdos o auxiliaram nas apresentações artísticas em praças públicas e bares da capital. Com a ajuda do CAP, Roberto Jesus chegou a gravar vários CDs e a se apresentar com Rodrigo", acrescentou com entusiasmo Joana D'Arc.

Superação

Há dois anos sendo atendido no CAP, Antônio Fábio César é exímio nas aulas de leitura de escrita em Braile, orientação e mobilidade, soroban e educação física. "Me identifico muito com os colegas do CAP, tanto que visito o espaço três vezes por semana. Posso considerar o meu desenvolvimento como produtivo, pois aprendi a utilizar bengalas, o que me possibilitou subir escadas, ir ao shopping, ao médico e ao centro da cidade. Grandes avanços registrados por mim, que perdi a visão há três anos",  testemunhou Fábio.

Eleita a primeira princesa do ‘Arraiá Pé no Chão', Maria de Lourdes Costa, 71 anos, se orgulha ao declarar que já foi professora, coordenadora e secretária da Escola Municipal de Educação Infantil Hermes Fontes, tendo atuado na rede municipal de ensino durante 31 anos. "Passei a fazer parte da família ‘CAP' há quatro anos, quando comecei a me desenvolver durante as aulas de orientação e mobilidade, leitura escrita em Braile e educação física. Tudo isso além de participar do ‘Coral do CAP', que em muito me felicita", detalhou Maria de Lourdes, ao frisar que resgatou o equilíbrio antes debilitado.

Atendimento

O CAP de Aracaju, criado em 1998, é o primeiro do país mantido por uma administração municipal. Para se matricular, o cidadão deve levar um relatório médico detalhando suas limitações visuais e ser avaliado pela equipe do Centro de Apoio. O CAP, que hoje atende cerca de 170 alunos, fica localizado na Rua Vila Cristina, nº 194, bairro São José. O horário de funcionamento vai das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30. Com a festa junina do centro e o recesso dos alunos e professores, as atividades pedagógicas serão retomadas em 20 de julho.