O combate à dengue em Aracaju vem apresentando resultados satisfatórios, que afastam a capital do risco de uma epidemia. É o que atestam os índices de infestação e incidência da doença, responsáveis por apontar, respectivamente, a presença de larvas do mosquito aedes aegypti nos bairros da capital e o número de casos confirmados a cada grupo de 100 mil habitantes. As taxas diminuem a cada dia e deixam a cidade bem próxima da condição de baixo risco, o que é satisfatório para o controle da dengue, de acordo com o vice-prefeito e secretário municipal de Saúde Silvio Santos.
"Apesar de todo trabalho realizado pela Prefeitura no combate da dengue, a colaboração da população é fundamental nessa luta. Quanto menor o índice de infestação do Aedes aegypti, a doença não se apresentará de forma epidêmica, porém a dengue não vai deixar de existir", alerta Santos.
Antes de tudo é necessário, portanto, explicar o que cada índice significa e a importância do acompanhamento realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) na garantia de que esses dados traduzam a realidade e a preocupação para que a dengue não se alastre.
A infestação é o percentual de imóveis onde foram encontradas as larvas do mosquito da dengue em um bairro. Para calcular esse índice, a cada dois meses a SMS realiza o Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypt (LIRAa), onde são registrados os índices de infestação predial, que dizem respeito à presença da larva do mosquito transmissor da dengue nos bairros da capital. Para fazer o cálculo, analisa-se o número de casas em que as larvas foram encontradas a cada grupo de 100 residências.
A média de Aracaju no último relatório emitido aponta uma infestação de 1,6%, ou seja, a cada 100 casas os agentes de endemias encontraram as larvas do mosquito da dengue em 1,6 unidades residenciais. Nos bairros Robalo, Inácio Barbosa, Jabotiana, 13 de Julho o índice de infestação foi de 1%, ou seja, houve constatação de larvas do mosquito em 1 a cada 100 casas visitadas; nos bairros Getúlio Vargas e no Santo Antônio, por exemplo, os agentes encontraram criadouros em 2 de cada 100 casas visitadas.
Risco médio
A coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue Taíse Cavalcante, aponta que o último LIRAa identifica Aracaju como local de risco médio ou alerta, o que significa que a transmissão da doença pode ocorrer em determinados bairros. "Os resultados desses índices determinam a classificação, de cada bairro e da cidade, em situação satisfatória, alerta ou risco para o surgimento de epidemias de dengue. Este ano, já foram realizados quatro levantamentos", explica.
Ainda segundo ela, para comprovar a real avaliação do LIRAa o relatório deve ser comparado com os resultados dos mesmos ciclos dos anos anteriores devido às condições climáticas, como períodos de chuva e sol, que são determinantes ou não para o desenvolvimento mais rápido do mosquito da dengue.
Nos últimos três anos, portanto os resultados do LIRAa vem caindo. Em julho de 2009, foi registrado um índice de infestação de 2,9%; em julho de 2010, de 2,5% e em julho deste ano, 1,6%. Isso demonstra o trabalho sério e contínuo das ações do Programa Municipal de Controle da Dengue. "Para evitar a transmissão da doença em caráter de epidemia, os índices de infestação precisam cair ainda mais ficando abaixo de 1%, o que aponta o baixo risco e é satisfatório para o controle da dengue", pondera o secretário municipal de Saúde Silvio Santos.
Incidência
O índice de infestação é, portanto, diretamente relacionado ao de incidência de dengue, pois quanto maior for o número de residências que apresentarem a larva do Aedes aegypti, maior será o número de casos da doença. De janeiro a julho de 2011 foram confirmados em Aracaju 614 casos de dengue, o que indica uma média mensal menor que 60 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, atestando a condição de ‘baixa incidência', embora haja situação propícia para números mais elevados.
Nessa categoria, o limite é de 100 casos para cada 100 mil habitantes; de 101 a 300 casos confirmados de dengue para cada 100 mil habitantes a incidência é considerada ‘média' e acima de 301 casos para cada 1oo mil habitantes a incidência é considerada ‘alta'. Os meses de abril e maio deste ano concentraram mais da metade dos casos registrados até o momento - foram 363. Em junho, quando começou uma queda significativa desses índices, foram 34 casos confirmados e, até o momento, o mês de julho teve apenas 14.
Tipo 1
"Em abril tivemos a confirmação da circulação do vírus da dengue tipo 1, que não circulava há 10 anos no município, o que aumenta o número de pessoas com a possibilidade de pegar a doença. A recirculação do vírus, por si só, poderia ter provocado uma epidemia da doença, no primeiro semestre, fato que não ocorreu por causa da queda do índice de infestação, resultado do trabalho [de combate e prevenção] realizado", ressalta a coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue Taise Cavalcante.