Professores retornam às salas de aula

Educação
19/08/2011 14h58
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Diversas escolas da rede municipal de ensino começaram a dar os primeiros sinais de retorno às atividades normais. Após o pronunciamento do desembargador Roberto Eugênio da Fonseca Porto pela ilegalidade da greve dos professores, na última terça-feira, dia 16, o Sindicato dos Profissionais do Ensino do Município de Aracaju (Sindipema) foi informado da decisão judicial e os professores da rede decidiram retomar as atividades escolares nesta sexta-feira, 19, depois de mais de 60 dias de movimento grevista. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Drº Carvalho Neto, localizada no bairro América, aproximadamente 50 professores atuam na unidade e lecionam para 590 estudantes.

De acordo com o coordenador pedagógico Pedro de Santana, serão realizadas reuniões para dinamizar o retorno às aulas. "Os professores retomaram as atividades, mas os alunos não compareceram. Nesse momento, o mais importante é discutir com os professores sobre o calendário anual para que não haja perdas no aprendizado. Faremos reposição de aulas e os alunos vão passar por revisões de conteúdos nas diversas disciplinas de forma a dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem no ano letivo", afirmou o coordenador preocupado com a preparação dos alunos para a Prova Brasil - processo de avaliação instituído pelo Ministério da Educação e que deverá ser aplicada no mês de novembro.

Na escola Santa Rita de Cássia, localizada também no bairro América, 62 professores atuam na unidade e ensinam para 1015 estudantes. Na manhã desta sexta-feira, 19, apenas três professores retornaram para a escola, mas não contaram com a presença dos alunos para dar início às atividades. "Acredito que na segunda-feira todos os professores comparecerão à escola e as atividades serão retomadas por completo. Alguns professores avisaram à coordenação que não voltariam hoje, assim como muitos alunos também. Teremos reunião com o conselho escolar para determinar reposições de aula e readaptar o calendário anual", garantiu a coordenadora pedagógica da Emef Santa Rita de Cássia, Ivanilde de Santana.

Não à greve

A greve dos professores durou mais de dois meses, mas a professora Juliana Fraga Santos não aderiu ao movimento e decidiu priorizar o cronograma anual para não prejudicar seus alunos. "Quando o sindicato realizou a primeira convocação para greve, a Emef Santa Rita de Cássia estava na última semana do primeiro semestre letivo e em período de provas. Em conjunto, os professores preferiram não aderir ao movimento naquele momento para que os estudantes não fossem prejudicados. Em seguida, a rede municipal de ensino entrou de férias. Em agosto, decidi retomar as aulas, independente ao movimento grevista porque não quis prejudicar os alunos e nem meus interesses particulares", disse Juliana, indignada com o movimento grevista.

Para ela, as reivindicações deveriam ser feitas pelo sindicato e não pelos professores, que deveriam estar em sala de aula, ensinando. "Não sou a favor de greve porque ela só prejudica os alunos que não apreendem os conteúdos da mesma forma, uma vez que o ritmo de aprendizagem é quebrado. Em 2009, tivemos a mesma greve e não obtivemos grandes mudanças, então neste ano decidi priorizar meus alunos, mesmo porque entre todas as categorias que decretam greve, a de professor é a mais prejudicada porque tem que repor os dias em que não trabalhou bem diferente dos profissionais da área de saúde, por exemplo. E se tenho um sindicato para buscar vantagens e melhorias salariais, não vejo o porquê de estar fora da sala de aula. Por isso, outorguei meu direito de greve para o sindicato", desabafou a professora que não parou as atividades do 4º ano na escola Santa Rita de Cássia.

Alunos

Os estudantes Rodrigo Andrade de Jesus, de 10 anos, e Evelly Rodrigues de Araújo, 8 anos, disseram ter sido favoráveis à continuidade das aulas no período de greve. "Gosto de vir às aulas porque não atraso meus estudos", contou o menino. "Achei muito bom que minha professora não entrou em greve. Minha irmã cursa o 7º ano aqui e ficou um bom tempo em casa sem fazer nada. Meu pai logo procurou a direção da escola para saber quando as aulas dela retornariam e a coordenadora disse não ter previsão. Meu pai ficou muito preocupado com essa situação", revelou a garota.