Com a aproximação do Festival Ibero-americano de Cinema de Sergipe (Curta-SE), as atenções estão voltadas para o filme ‘O Senhor do Labirinto', cinebiografia de Arthur Bispo do Rosário, que será exibida no dia 12 de setembro, logo após a cerimônia de abertura do Festival. O longa-metragem foi quase todo rodado em território sergipano e contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), através da Fundação Municipal de Cultura e Turismo. Segundo a diretora de turismo da Funcaju, Tanit Bezerra, a fundação foi a primeira instituição do estado a auxiliar na pré-produção do filme. Os realizadores, inicialmente, contaram apenas com um apoio logístico, com acesso aos computadores e aos transportes da Funcaju. Essa colaboração cresceu quando a PMA assinou um convênio de patrocínio que viabilizou algumas ações, como o uso do espaço da Fundação de Trabalho e Renda (Fundat), localizado no Jardim Esperança (bairro Inácio Barbosa). O local foi utilizado para oficinas de costuras e bordados, onde foram feitas cerca de 200 réplicas das obras de Bispo do Rosário. O convênio também garantiu a realização de uma oficina de produção cinematográfica no espaço do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira. Para o presidente da Funcaju, Waldoilson Leite, a prova de que a Fundação acredita na sétima arte são as atividade desenvolvidas pelo NPD Orlando Vieira, uma das unidades da fundação. "Nós sempre investimos no audiovisual sergipano e não poderíamos deixar de apoiar uma produção como ‘O Senhor do Labirinto'. O fomento ao cinema é uma das ações da Funcaju e os resultados têm sido extremamente positivos", disse. A produtora executiva do Curta-SE, Deyse Rocha, contou como se deu a ideia de trazer o filme para a abertura do festival. "Desde maio deste ano, nós já estávamos negociando com a Tibet Filmes, responsável pela produção do longa. ‘O Senhor do Labirinto' já passou por outros festivais, mas ainda permanece inédito na sua principal locação. Esse filme é um produto sergipano, então os espectadores daqui também têm o direito de ver e apreciar essa obra", disse a produtora. O filme O longa-metragem é dirigido por Geraldo Motta e conta a trajetória do sergipano Arthur Bispo do Rosário. Nascido em Japaratuba, Bispo viveu em Sergipe até meados de 1925, quando mudou-se para o Rio de Janeiro. Na então capital federal, ele começou a trabalhar na Marinha Brasileira por vários anos. Em dezembro de 1938, despertou com alucinações e passou a peregrinar pelas igrejas da cidade. Depois de subir no Mosteiro de São Bento e anunciar a um grupo de monges que era um enviado de Deus encarregado de julgar os vivos e os mortos, Bispo do Rosário foi preso e enviado ao Hospício D. Pedro II. Diagnosticado com esquizofrenia paranóica, o sergipano foi enviado à Colônia Juliano Moreira, onde permaneceu até morrer, em 1989. Na colônia (que foi sua casa durante 50 anos), Bispo do Rosário começou a produzir objetos com todo o tipo de sucata. Após seu falecimento, esses objetos foram descobertos e analisados por outros estudiosos, que viram em sua composição muitos elementos de arte vanguardista. O acervo produzido pelo japaratubense se popularizou no Brasil e no exterior anos mais tarde. A obra de Arthur Bispo do Rosário, até hoje, é tema de discussão sobre os limites da arte e da insanidade. Para alguns profissionais, Bispo é tido como um louco. Mas, para outros, é considerado um gênio. ‘O Senhor do Labirinto' narra a história desse curioso personagem da vida real e será exibido na abertura do Curta-SE, que acontece às 19h do dia 12, no Teatro Tobias Barreto.
