Aconteceu na noite desta terça-feira, 13, na Escola Oficina de Artes Valdice Teles, mais uma edição do programa 'Ossos do Ofício'. Desta vez, o tema foi ‘Música nas Escolas: benefício ou prática musical inadequada?', explanado pelo doutorando em Educação Musical e professor de Música da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Marcos Moreira. Na ocasião, o professor, que também é pianista, discorreu acerca da Lei nº 11.769/08, que obriga todas as escolas do país, públicas ou privadas, a oferecer aulas de música a seus alunos. O palestrante também comentou sobre a educação musical no Brasil, além de levantar questionamentos sobre a idade para o início dos estudos em música, o que deve ser ensinado e qual o objetivo das aulas. "Já foi mais do que provado que a música favorece a socialização dos indivíduos e é na escola onde tudo começa. Através do ensino e da prática musical, o aluno melhora o seu rendimento e reduz a agressividade", explica o professor. Além disso, Marcos Moreira citou o maestro e compositor Villa Lobos, revelando que ele foi o grande mentor do canto orfeônico, método pedagógico que permite às crianças gritar, bater palmas e bater com os pés durante os ensaios musicais, visando seu desenvolvimento artístico e sua alfabetização musical. No entanto, o palestrante também explicou que, depois da morte de Villa Lobos, esse método caiu em desuso, assim como o número de profissionais graduados em Música. Isso se deve ao fato de, até hoje, não existir uma obrigatoriedade de profissionais especializados em música nas escolas. Os ‘professores de Artes' têm que conciliar aulas de música com outras modalidades artísticas, sem obter, porém, resultados mais expressivos. Ao fim do debate, deixou-se claro que os profissionais que lecionam música nas escolas do país, formados nessa área ou não, precisam, antes de tudo, conhecer seus alunos e aprender a não ter preconceito com os estilos, e sim transformá-los em um auxiliar para o interesse das crianças e adolescentes em Música. E Marcos Moreira deixou a dica. "Se você pegar um estilo musical que faz sucesso ou que agrada grande parte dos alunos, você busca, junto a eles, a origem daquele estilo, quais foram os grandes nomes da época. Foi assim que eu fiz com uma turma de alunos meus: eles gostavam de arrocha - e acredito que ainda gostem -, mas hoje conhecem tudo sobre um dos seus antecessores, o bolero", explica. Participação Essa edição do Ossos do Ofício contou com a participação de professores e profissionais de Música do estado, como a recém formada Clara Raquel. "Depois dessa palestra, o que nós professores levamos é mais estímulo, alegria e principalmente ideias para serem colocadas em sala de aula", pontua. Emanuel Garapa, um dos diretores do Fórum de Música de Sergipe, também esteve presente no programa. "Debates como esse são muito importantes para se construir conhecimento e divulgá-lo, além de saber o que está acontecendo e quais são as novidades na legislação relacionada à Música. Sabemos que é rara a existência de uma mão de obra técnica específica e precisamos acumular e partilhar conhecimentos para exigir que as leis sejam cumpridas", comenta. O Programa O Programa Ossos do Ofício promove palestras, debates e workshops abordando temas relacionados à educação, arte, cultura e cidadania. A proposta do programa é fortalecer o mercado cultural e a sua sustentabilidade, através do reconhecimento de produtores, agentes e formadores de bens culturais. As palestras e debates acontecem, quinzenalmente, às terças-feiras, das 19h30 às 21h30, e são realizados na sede da Escola Oficina de Artes Valdice Teles, localizada na av. Pedro Calazans, 737, bairro Cirurgia. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (79) 3179-3695.