A Prefeitura de Aracaju mantém um plano permanente de ações para detectar precocemente pessoas com hanseníase e controlar o aparecimento da doença. Desde o início desta semana, um novo ciclo de capacitações sobre diagnóstico, tratamento e cura da hanseníase está sendo realizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Durante esse período os assuntos abordados são o diagnóstico, com a avaliação clínica e exames dermato-neurológicos (aplicação de testes de sensibilidade, força motora e sensibilidade dos nervos dos braços, pernas e olhos) e exames laboratoriais como baciloscopia e biópsia.
"A nossa luta é constante. A atualização sobre os aspectos da hanseníase para as equipes de saúde ajuda os profissionais a reforçar a busca ativa de pessoas com a doença e a diagnosticar com maior agilidade. São justamente o diagnóstico e o tratamento precoces os principais instrumentos que temos para a eliminação da doença", diz o secretário municipal de Saúde, Silvio Santos.
O novo ciclo de atualização segue até o próximo dia 21, e é dirigido aos médicos, enfermeiros e pediatras que atuam na Rede de Atenção Primária da Secretaria. O curso está sendo realizado no Centro de Educação Permanente em Saúde (CEPS), localizado na rua Luis Carlos Prestes, nº 99, Ponto Novo.
De acordo com a técnica do Programa Municipal de Controle da Hanseníase, Anaide Prado, o curso terá oito turmas, com 40 profissionais cada. As facilitadoras da capacitação são a hansenóloga Mariamália Newton e a infectologista Fabrizia Dias.
Ações
Em Aracaju, todas as 43 Unidades de Saúde da Família (USFs) através das equipes do Programa Saúde da Família (PSF), desenvolvem ações para diagnosticar, orientar e tratar os doentes. Cada paciente fica sob responsabilidade de uma das equipes do PSF, que faz a assistência até a alta do paciente. Há também auxílio na conclusão desse tratamento e a avaliação dos contactantes, que são as pessoas que convivem com os doentes.
A infectologista Fabrícia Dias explica que a hanseníase é uma doença contagiosa, mas para que isso aconteça é preciso que haja um contato íntimo e prolongado com o doente. "O convívio com o paciente pode ser mantido desde que as devidas providências de tratamento sejam tomadas. E logo a partir da primeira medicação, esse paciente não é mais transmissor da doença, o que torna infundado qualquer tipo de segregação e discriminação", destaca a infectologista.
Ao longo dos séculos, muitas pessoas com hanseníase apresentaram deformidades físicas, o que contribuiu para gerar medo da doença e ao mesmo tempo preconceito contra os doentes. "Quanto mais rápido for o diagnóstico, mais fácil será curar as pessoas sem deixar sequelas físicas. E ao contrário, quanto mais tarde se faz o diagnóstico, mais frequentes serão as sequelas da hanseníase, que podem ser graves", afirma a técnica Anaide Prado.
Saiba Mais
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa provocada pela bactéria Mycobacterium leprae, um parasita que ataca a pele e nervos periféricos, mas pode afetar outros órgãos, como o fígado, os testículos e os olhos.
Com período de incubação, que varia entre três e cinco anos, sua primeira manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas.
Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já existentes aumenta e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações em regiões do nariz e dedos, por exemplo, e impedir determinados movimentos, como abrir e fechar as mãos. Além disso, pode permitir que determinados acidentes ocorram em razão da falta de sensibilidade nessas regiões.