Durante o mês de agosto, o Programa de DST/Aids e Hepatites Virais de Aracaju registrou 31 novos casos de infecção pelo vírus HIV, elevando para 225 o número de diagnósticos positivos registrado em 2011. Embora esse total ainda não tenha atingido o resultado de todo o ano de 2010, quando o número de novos casos atingiu 320, é possível dizer que a doença vem evoluindo, principalmente entre os mais jovens.
O coordenador do programa, Andrey Lemos, ressalta que as estatísticas não são preocupantes, pois elas estão abaixo das previsões para o período. No entanto, ainda não foi possível deter o crescimento do número de casos. Por isso, as ações de conscientização vêm sendo ampliadas, em especial com os mais jovens e grupos específicos, como homossexuais, travestis e garotos e garotas de programa. "Falar de prática sexual com segurança é complexo porque grande parte ainda não se previne. O Brasil já venceu o que a Organização Mundial da Saúde previa, mas a gente ainda tem um barreira a enfrentar", reconhece Lemos.
Ainda que não seja possível traçar um perfil da pessoa que é diagnosticada, Andrey Lemos destaca que a incidência tem sido maior entre mulheres heterossexuais e casadas, homens hétero e bissexuais, e adolescentes. A faixa de idade atingida é de 20 a 29 anos. "A doença não tem preconceito, ela está em todos os segmentos. Mas a dificuldade maior é a mudança de comportamento. Há muita informação, mas especialmente nos adolescentes reside o receio de procurar a unidade de saúde para pedir o preservativo", lamenta.
Sífilis e hepatites
Outro dado que chama à atenção é o número de pessoas contaminadas por sífilis. De janeiro a agosto deste ano, já foram registrados 176 casos, 13 a mais que em todo o ano de 2010. Já as hepatites foram diagnosticadas em 77 pessoas este ano, contra 153 em 2010. Os números são do Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA) da Prefeitura de Aracaju, que faz gratuitamente os exames. A unidade recebe 35 pessoas diariamente, atingindo uma média de 700 atendimentos por mês. Lá é possível diagnosticar as Hepatites A, B e C e HIV/Aids.
Acompanhamento
O Programa de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é reconhecido pelo Ministério da Saúde como o quinto melhor do país e o quarto da região Nordeste em execução das ações e metas programadas. Isso dentro de um conjunto de mais de 220 iniciativas em todos os estados. Além das diversas campanhas sobre a importância da prevenção, há as ações educativas em empresas e canteiros de obras, por exemplo, que promovem a realização do teste rápido de HIV e distribuição de preservativos.
Este ano já foram distribuídas mais de 1,3 milhão de camisinhas. No mesmo período do ano passado, foram 1,2 milhão; 5% desse total é de preservativos femininos. "Essa é uma ferramenta muito importante para o exercício do poder da mulher, uma estratégia para ela se prevenir, pois o machismo ainda é outra barreira a ser quebrada", comenta Andrey Lemos.
O município mantém, ainda, o Serviço de Atendimento Especializado a pessoas com HIV/Aids (SAE), que há 11 anos atende cidadãos de todo o Estado. Segundo o coordenador do programa, atualmente duas mil pessoas são acompanhadas, sendo 1.137 homens e 850 mulheres. Por mês, no entanto, o SAE realiza cerca de 1.600 atendimentos. "Temos o serviço mais qualificado do Nordeste. A equipe é composta por enfermeiros, assistentes sociais, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, infectologistas e odontólogos. Temos o maior número de profissionais por área", ressalta Lemos.
O número de pessoas infectadas, por outro lado, pode ser maior. Andrey Lemos reforça a importância de as pessoas diagnosticadas com o vírus procurarem o serviço de atendimento oferecido pela SMS. Muitas não se submetem ao acompanhamento tão logo sejam diagnosticadas porque a doença demora a se manifestar, o que pode ocorrer em um período de oito a dez anos, a depender do estilo de vida da pessoa. "Todos deveriam vir, mas muitos esperam a evolução da doença, que vai causando a perda imunológica. Em alguns, isso pode demorar, mas em outros ocorre mais cedo", explica.
Preconceito
Andrey atribui a relutância em buscar o diagnóstico e o tratamento ao preconceito que ainda existe com quem é portador do vírus HIV. A pessoa fica vulnerável porque, muitas vezes, perde o emprego e é abandonada pela família. "A AIDS não é como o câncer, que provoca comoção, pois ainda se julga a pessoa infectada pela prática moral. Ainda permanece esse pensamento ignorante. O que mais mata de AIDS é o preconceito. Só se transmite pela relação sexual desprotegida", pondera.
Ele reforça que todas as 43 Unidades de Saúde da Família (USF) estão munidas de preservativo. Não há quantidade estipulada: o cidadão pode pegar quantos necessitar. As USFs também possuem equipes para fazer o diagnóstico e são orientadas a encaminhar os casos ao SAE.
Informações sobre os exames e o serviço de acompanhamento podem ser obtidas através do CTA, que funciona de segunda a sexta-feira das 7h às 17h. O telefone é (79) 3234-0928. O SAE funciona no mesmo período e o telefone de contato é (79) 3234-0944. O telefone do Programa DST/Aids e Hepatites Virais é (79) 2106-9719.