Na manhã desta terça-feira, 20, o secretário municipal de Comunicação Social, Marcos Cardoso, participou como debatedor do projeto Roda de Leitura, que é realizado quinzenalmente na Biblioteca Pública Epifânio Dória e que nesta semana homenageou o jornalista Cleomar Brandi, autor de mais de 700 crônicas e do livro ‘Os Segredos da Loba'. O debate foi coordenado pela professora Roseneide de Santana, do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e teve a participação do também jornalista e amigo do homenageado, Gilson Souza.
O jornalista natural da cidade de Ipiaú, na Bahia, adotou Aracaju como sua cidade em meados da década de 80, onde faleceu no último mês de julho, mas sem antes deixar um extenso legado construído no decorrer de anos de trabalho em vários jornais, TVs e rádios locais.
Para Marcos Cardoso, que é autor do prefácio do livro em debate, a característica mais marcante do trabalho de Cleomar era a conciliação da poesia com a atividade jornalística. "Ele tinha um grande senso de realidade, mas também uma imensa sensibilidade poética. Era evidente sua capacidade de lidar com a crueza da realidade diária do jornalismo, encontrando lirismo nas situações mais inesperadas", avalia o secretário, para quem Cleomar era um cronista enquanto jornalista e um poeta enquanto literato.
"Também foi um grande mestre para os jornalistas iniciantes, a quem não cansava de repetir que 'quem não lê não escreve', ou seja, além de tudo ele era um grande incentivador da leitura", afirmou o secretário de Comunicação. "Cleomar vivia o jornalismo intensamente, mas foi de fato um poeta, com vários poemas não publicados", disse Gilson Souza, que prepara um livro sobre o amigo falecido.
Roseneide de Santana colocou em debate as crônicas ‘A última saideira', ‘O velho leão enjaulado' e ‘A palavra', sendo que esta última ela dividiu em forma de poema. "Cleomar escrevia poeticamente, mas de forma muito densa, quase sempre fazendo denúncia social", disse a coordenadora. Participaram do debate professores e estudantes de Letras, além de jornalistas.
Segundo a diretora da Epifânio Dória, Sônia Carvalho, a realização da Roda da Leitura é uma maneira de pensar e discutir a literatura sem o engessamento da sala de aula, o que permite uma maior fluidez dos debates. "A Roda é um espaço onde se pode pensar a literatura como arte e a leitura não só como literatura", disse. "A importância de Cleomar, por exemplo, ultrapassa os limites dos jornais para os quais ele escreveu. Ele era um escritor entusiasta e por isso foi muito merecida e oportuna a escolha do seu nome para essa homenagem", justificou Sônia.
O projeto
A Roda de Leitura, que completou três anos de atividade no mês de julho, aborda e homenageia autores sergipanos, nacionais e internacionais, com o objetivo de aproximar seus públicos e incentivar a leitura. O projeto patrocinado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) conta com o apoio do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler) e acontece em todas as primeiras e terceiras terças-feiras de cada mês, em horários alternados.