A Secretaria Municipal de Educação (Semed) realizou nesta segunda-feira, 21, um café da manhã afro, no Centro de Aperfeiçoamento de Recursos Humanos (Cemarh), no bairro Siqueira Campos. O objetivo foi refletir sobre as relações raciais nas escolas, no contexto da necessidade de aplicação da Lei nº 10.639/2003, que trata da implantação de história e cultura africanas nos currículos de toda a educação básica. A ação abriu, oficialmente, a Semana da Consciência Negra na rede municipal de ensino.
O Secretario Municipal de Educação, Antônio Bittencourt Júnior, fez um discurso emocionado sobre o papel da educação no ensino da diversidade racial. "O maior e mais ousado gesto de revolução é a educação. Tire de cada um de nós o que a educação nos deu e restará muito pouco. Por isso, chamar a rede municipal para essa discussão é debater o respeito à diversidade. Um compromisso contra a intolerância. O respeito à possibilidade das pessoas serem diferentes. Existe um instrumento muito eficaz nesse processo: a educação", disse o secretário.
O evento contou com a apresentação do espetáculo teatral 'Todo camburão tem um pouco de navio negreiro', protagonizado pelo grupo 'Os Desinibidos', formado por estudantes da rede municipal. A peça emocionou professores, coordenadores de escolas e o representante nacional da União dos Negros pela Igualdade, o professor de história, Andrey Lemos. "O teatro retrata bem a realidade em que vivemos. O racismo existe e a educação é um dos principais mecanismos de reconhecimento de direitos e promoção da cidadania", comentou Andrey.
"Essa iniciativa da Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria municipal de Educação é louvável. O respeito às diferenças deve começar na sala de aula, envolvendo professores e alunos, para que todos sejam multiplicadores", disse José Pedro dos Santos Neto, coordenador das Politicas de Igualdade Racial do Governador do Estado.
Na ocasião, foi oferecido um café da manhã temático. Os professores também puderam conferir a exposição do fotógrafo Márcio Garcez sobre a festa de Lambe-sujo e os Caboclinhos, além de máscaras confeccionadas por alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Clara Machado, localizada no bairro Santos Dumont. "O tema afro está presente nas atividades pedagógicas, porque já faz parte do projeto político das unidades de ensino. São conceitos que precisam ser trabalhados desde a educação infantil", diz a coordenadora-geral da escola, Leila Ramos Argolo.
As questões sobre igualdade racial e as diferenças culturais serão ainda foco de um grande seminário realizado pela Secretaria Municipal de Educação, em janeiro. "É preciso priorizar oficinas e chamar o professor de Matemática, de História, e mostrar como ele pode aplicar o ensino da cultura negra no dia a dia da sala de aula", completa Antônio Bittencourt Júnior.
