Vítimas de acidentes de trânsito são lembradas em cerimônia religiosa

Transporte e Trânsito
22/11/2011 09h16
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Esta segunda-feira, 21, foi marcada pelo Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito. Para celebrar a data, a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) promoveu, no fim da tarde de ontem, uma cerimônia religiosa ministrada pelo bispo auxiliar de Aracaju, Dom Henrique. O local escolhido foi o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE).

“Trouxemos esta cerimônia religiosa para o HUSE porque este é o maior hospital do Estado e atende diariamente diversas vítimas de acidentes de trânsito. Entendemos que este espaço é o ideal para trazermos reflexão e acalanto às vítimas e a seus familiares. Hoje é um dia de oração e, sobretudo, de conscientização, um dia para toda a sociedade pensar se é este trânsito tão violento que queremos para nossos filhos, pais, avós, para nós mesmos. Queremos, a partir desta reflexão, mudar nossas atitudes, pois a solução para tamanha violência está nas mãos de cada cidadão”, lembra o superintendente Antonio Samarone.

Estatística

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2010 foram registados no Brasil 40 mil óbitos em decorrência de acidentes de trânsito. Deste total, 613 aconteceram em Sergipe, o que significa, aproximadamente, duas mortes por dia. Somente entre os meses de janeiro a outubro de 2011, em Aracaju, 74 pessoas já morreram vítimas de acidentes de trânsito - 50% das vítimas fatais envolvidas nos acidentes ocorridos na capital guiavam motocicleta, 24, 3% eram pedestres, 20,3% guiavam carro e 5,4% eram ciclistas.

“As estatísticas são alarmantes e enquanto a sociedade não compreender seu papel no combate aos acidentes de trânsito estes números só tendem a aumentar a cada ano. Para se ter uma ideia, 80% dos leitos da ala vermelha do HUSE estão ocupados por vítimas de acidentes no trânsito, ou seja, dos 20 leitos disponíveis para pacientes graves, 16 estão ocupados por vítima da violência no trânsito, que como sabemos não traz somente morte, traz também sequelas.  Para cada óbito são registradas 12 vítimas não fatais, desta, quatro ficam com sequela para o resto da vida”, aponta o diretor de Trânsito, Major Paulo Paiva.

Celebração

Vítimas, familiares, funcionários do HUSE, agentes da Companhia de Policiamento de Trânsito (CPTran) e a Liga Acadêmica de Traumas (Litrauma) participaram da celebração religiosa, que contou também com apresentação de coral formado pela equipe de Educação para o Trânsito da SMTT, que entoou cânticos religiosos durante a pregação de Dom Henrique.

O bispo auxiliar de Aracaju destacou em sua fala o respeito à vida e ao próximo como elementos fundamentais para a paz no trânsito. “O dever sagrado do cristão é cuidar da vida humana. Aqueles que se habilitam para dirigir devem ter consciência de seus atos. As mortes no trânsito, que são tão brutais, levam consigo sonhos, perspectivas e deixam para as famílias das vítimas traumas e sofrimento. Amar a Deus é amar ao próximo e quem ama o seu semelhante não guia de forma imprudente”, destaca.

Antes de encerrar a cerimônia, Dom Henrique abriu espaço para o depoimento da estudante de Direto, Cristiane Rodrigues dos Santos, que teve seu pai morto em um acidente de trânsito, em março deste ano. Emocionada, Cristiane leu para os presentes um texto que narrava sua triste experiência.

Seu pai, Maltero Rodrigues dos Santos, de 63 anos, foi atropelado por um motociclista que, de acordo com testemunhas, trafegava em alta velocidade. “Durante o inquérito descobrimos que este rapaz, que atropelou e tirou a vida do meu pai, era reincidente, ele já havia cometido outro crime de trânsito em 2009, pelo qual foi absolvido. O que me deixa triste é que ele não pagou por este crime e provavelmente não pagará pelo do meu pai, pois a promotoria já pediu a absolvição do réu. O que sinto é impotência diante de todo o fato e pergunto: a culpa então é de quem? Do meu pai que saiu de casa?”, finalizou.

As palavras da jovem emocionaram toda a plateia. A cerimônia foi encerrada com uma oração pelas vítimas e por seus familiares. Ao termino Dom Henrique e Antônio Samarone, se dirigiram a urgência do HUSE e visitaram vítimas de acidentes de trânsito.