COMSEPAT pede regulamentação de ciclomotores

Transporte e Trânsito
29/11/2011 09h12
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Devido ao alto índice de acidentes de trânsito envolvendo usuários de ciclomotores, uma Sessão Especial foi realizada na Câmara Municipal de Aracaju (CMA) nesta segunda-feira, 28. O principal objetivo do debate foi apresentar à sociedade os anseios do Comitê Municipal de Segurança e Paz no Trânsito (COMSEPAT) de Aracaju, que clama pela regularização.

De acordo com o Superintendente Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), Antonio Samarone, os vereadores de Aracaju nunca aprovaram leis que não estivessem de acordo com os interesses da população. "Os vereadores jamais votam sobre qualquer coisa que a sociedade se coloca contrária. Eles sempre estão de comum acordo com os anseios da sociedade, e não vai ser agora que isso não irá acontecer", coloca Samarone.

O aumento de motocicletas e ciclomotores que circulam em Aracaju vem crescendo cada vez mais. "O número de ciclomotores circulando em nosso Estado supera o de automóveis. Sabemos que a grande maioria dos seus condutores não tem habilitação. Portanto, estamos diante de uma situação de segurança pública: se alguém comete um crime, ninguém vai ser incriminado já que o ciclomotor não está legalizado. São crianças que estão conduzindo em calçadas, com excesso de peso, sem proteção alguma. É inadmissível se fazer politicagem com uma situação tão séria como essa. Faço um apelo à sociedade e aos vereadores desta Casa para, juntos, encontrarmos uma forma de não deixar na clandestinidade esse grande número de ciclomotores", afirma o superintendente Samarone.

 Dados do Ministério da Saúde, referentes ao número de acidentes envolvendo veículos ciclomotores e similares, foram apresentados pela representante da Rede de Urgência e Emergência de Aracaju, Maria Cecília Mendonça. Segundo ela, o setor público vem gastando cada vez mais.

"São dados alarmantes e a sociedade não se dá conta do prejuízo material e imaterial causados por estes acidentes. Sabemos que a população vai continuar comprando carros e motos porque as pessoas precisam se locomover seja a trabalho, estudos, etc. Nós precisamos fazer com urgência alguma coisa para evitar essa grave situação que envolve pedestre, ciclos, motoristas, ocupantes de veículos e outros", esclareceu Maria Cecília, afirmando ainda que Aracaju está a frente de todas as capitais nordestinas em acidentes de trânsito.

Criminalização

De acordo com a delegada de delitos de trânsito, Georlize Teles, realizar parceria com todos os segmentos da sociedade é fundamental para encarar a situação. "É gratificante enfrentar uma grande luta como essa tendo a parceira de gente que também acreditam nela, como os membros do COMSEPAT, porque tenho a certeza de que tem muitas pessoas que perderam familiares ou são vítimas diretas de acidentes que querem a legalização desse veículo. Conclamo a toda população e aos vereadores de Aracaju, que em nome da cidadania e das vidas de todos nós, vamos fazer alguma coisa concreta o mais rápido possível", disse Georlize.

A delegada ressaltou que a criminalização é um fator muito importante para a diminuição da criminalidade. "Como delegada de polícia na área de segurança pública, a maioria dos inquéritos envolvendo ciclomotores são poucos porque não há comprovação legal da posse desses veículos. É preciso que tenhamos a consciência de que os nossos jovens estão morrendo e, mais grave ainda, estão matando", conclui Georlize Teles.

Educação

A educação para o trânsito também foi defendida pelo presidente da Associação Brasileira para Medicina de Tráfego (Abramet), Ricardo Fakhouri . "Esses ciclomotores representam um grave risco à vida. A grande maioria dos seus condutores não passa por nenhum processo de aprendizagem. Conduzir um veículo de qualquer natureza é preciso que eu entenda da legislação do trânsito. É necessário esse processo de formação e capacitação dos condutores desses ciclomotores. Nós estamos vivendo uma guerra civil no trânsito, e por isso não podemos nos calar diante desse grave problema, porque são vidas de pessoas que estão em jogo", disse Ricardo.

Ana Carla e Thiago Pinheiro, representando a liga acadêmica de traumas da Universidade Federal de Sergipe (UFS), apresentou alguns itens que contribuem para aquisição de ciclomotores, como ausência de fiscalização, preços baixos e facilidade de crédito, falta de uma regulamentação para esse veículo. Apresentaram ainda através de slides, as consequências causadas pelo trauma de um acidente especificamente com motos e similares. "A família é também uma vítima oculta do trauma, porque em muitos casos, as vítimas desses acidentes são os responsáveis pela renda familiar", relatou Ana Carla.

Com informações da Câmara Municipal de Aracaju