Nesta sexta-feira, 16, o Centro de Tratamento para os Fumantes completa um mês de funcionamento na capital sergipana. Graças à iniciativa da Prefeitura Municipal de Aracaju, o serviço, que é realizado em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), tem disponibilizado a dezenas de aracajuanos o tratamento completo para a superação do vício do tabagismo.
Nesses primeiros 30 dias já foram atendidos cerca de 100 pacientes na unidade que é abrigada pelo Centro de Especialidades Médicas (CEMAR), localizado no conjunto Augusto Franco. No local são realizadas as iniciativas previstas pelo Programa de Abordagem do Tabagismo, criado pelo Ministério da Saúde. Seu objetivo é disseminar o reconhecimento do tabagismo como doença e buscar as suas formas de tratamento através de um atendimento que inclui diversas formas de terapia.
Uma dessas terapias é a abordagem cognitivo-comportamental, explica a médica Ana Paula Argolo, pneumologista do centro. "Na prática isso significa que nós devemos abordar alguns comportamentos e crenças relacionadas ao hábito de fumar", explica. "Através de reuniões de grupo nós abordamos com os pacientes as questões da dependência tanto psicológica quanto comportamental. Além disso, nós também fornecemos aos fumantes algumas estratégias para ajudá-los a lidar com a parada do tabagismo", esclarece a doutora Ana Paula.
A participação em um grupo de abordagem cognitivo-comportamental é o principal direcionamento dado após a avaliação inicial. Neste primeiro contato, que acontece às segundas, terças, quintas e sextas das 14h às 16h é realizada uma entrevista que busca avaliar o grau de dependência e definir a melhor indicação de tratamento. Após essa etapa são formados os grupos que incluem entre 12 e 15 pessoas.
Nas quatro primeiras reuniões os pacientes se encontrarão com um intervalo semanal e, nas duas seguintes, em intervalo quinzenal. A partir daí, e ao longo de dez meses, são realizados encontros mensais de manutenção totalizando um ano de tratamento. Nessas reuniões, que duram uma hora e meia, são abordados diversos aspectos do tabagismo, com explicações de como funcionam os mecanismos de dependência, além de serem fornecidas estratégias para o abandono do cigarro.
Medicação
"O tabagismo é causa de muitas doenças, mas por si só é uma doença", afirma a médica Ana Paula. Tratar o tabagismo como doença dá as bases para a prerrogativa de distribuição gratuita de medicamentos aos fumantes que tentam vencer o vício. Por isso outra forma preconizada de tratamento no Centro de Tratamento para os Fumantes é a terapia medicamentosa.
"Alguns pacientes para conseguirem parar de fumar precisam desse suporte, mas apesar de a medicação fazer parte do contexto do tratamento, não é o ato medicamentoso isolado que vai resultar na superação do vício. Ele é apenas um apoio", justifica a psicóloga Clarissa Tenório, uma das facilitadoras das reuniões de grupo. "Os encontros são as verdadeiras bases do programa, pois são momentos importantes de interação em que os participantes podem trocar suas experiências e contar com o apoio do restante do grupo. Isso enriquece bastante o tratamento", ressalta a psicóloga.
Demanda
Segundo a doutora Ana Paula este é um período onde há uma série de motivações para o abandono do tabagismo. A grande cobertura que a mídia tem feito a respeito dos males do cigarro e da importância de deixar para trás o seu consumo, e a proximidade do fim do ano são apontados pela pneumologista como uns dos principais fatores responsáveis pela grande busca ao Centro de Tratamento para os Fumantes da PMA.
"Esse é um momento em que muitas pessoas começam a fazer planos para o futuro e definir suas metas para o próximo ano, e para muitas pessoas o abandono do cigarro é uma delas", justifica Ana Paula. Atualmente o programa já possui três grupos formados e mais três iniciarão as atividades em janeiro de 2012. Segundo a pneumologista todas as pessoas que procuram o centro são atendidas e têm a avaliação inicial realizada em poucos dias. O paciente deixa, então, suas informações de contato para que seja chamado à medida que o calendário dos grupos permita sua entrada em um deles.
"Tratar o tabagismo é tratar uma doença ao mesmo tempo em que se previne inúmeras outras que são causadas ou favorecidas pelo fumo", afirma a enfermeira Denise Alves, que também integra o quadro de profissionais do centro. "As pessoas têm percebido que, ao contrário do que as propagadas que passavam na TV há alguns anos, o cigarro tira demais a liberdade e, como todos já sabem, gera uma série de danos à saúde. É por isso que esse trabalho realizado pelo Programa de Abordagem do Tabagismo é tão importante, conclui Denise.
