Ao longo deste ano, a Fundação Municipal do Trabalho (Fundat) qualificou 4.500 pessoas. Desse número, cerca de 20% iniciaram o seu próprio negócio, principalmente aqueles que se capacitaram nas áreas de cabeleireiro e culinária, promovendo uma transformação radical em suas vidas. Pessoas que não tinham perspectiva ou se encontravam em depressão, descobriram que por meio da qualificação profissional é possível obter renda e dignidade. A proposta da fundação é oportunizar a capacitação, elevar a autoestima dos treinandos e mostrar-lhes que as possibilidades existem.
A Fundat mantém seis unidades/escola, distribuídas pelos bairros Santa Maria, Coroa do Meio, Porto D'anta, Santos Dumont, Jardim Esperança e Jardim Centenário. Além disso, são mantidas parcerias com instituições e associações de moradores, chegando ao número de 29. As instituições cedem o espaço físico e a fundação com o material didático e instrutores. Técnicos acompanham o desenvolvimento dos cursos. Próximo ao encerramento dos treinamentos é realizada uma avaliação por parte dos alunos. Os instrutores da fundação passam por um rigoroso critério de seleção.
Em todos os cursos da Fundat são disponibilizadas aulas de relações interpessoais, totalizando 10 horas/aula, que são ministradas por profissionais das áreas de psicologia, administração, relações humanas e outras. São momentos em que os alunos se conhecem, absorvem conhecimento de como se comportar diante de uma entrevista de trabalho; como fazer um currículo; extravasam suas ideias; elevam a autoestima e outros conhecimentos que os ajudam a ingressar no mercado de trabalho.
São mais de 30 cursos diferentes que são oferecidos aos cidadãos totalmente gratuitos. Entre os cursos estão massoterapia, cabeleireiro, culinária, informática básica e avançada, inglês, espanhol, biscuit, pintura em tecido, atendimento ao cliente, telemarketing, corte e costura, entre outros.
Empreendedoras
De acordo com pesquisa realizada por técnicos da Fundat, cerca de 20% das pessoas que são qualificadas optam em montar o seu próprio negócio. Não foi diferente com Cledja da Silva Borges Batista, 24 anos e Iara Cristina dos Santos Silva, 24 anos. As duas têm histórias semelhantes. Amigas há oito anos, resolveram fazer o curso de cabeleireiro na instituição parceira da fundação, Centro Social Comunitário Diácono Odilon Torres, localizado na rua Santa Clara, 529, bairro Jardim Centenário.
As duas jovens tomaram conhecimento do curso por meio do presidente do Centro Social Eustalon Lemos Torres, que há seis anos está à frente daquela instituição. "Há alguns anos mantemos parceria com a Fundat e muitas pessoas da comunidade, após a qualificação, ingressam no mercado de trabalho ou ainda iniciam o seu próprio negócio", comentou.
Além do convite, Iara observou que em frente ao Centro Social, havia uma faixa informando sobre o início das inscrições para o curso de cabeleireiro. Considerando que Cledja estava doente, a amiga fez a inscrição das duas. Começou aí uma história que resultaria em sucesso.
Mesmo sem a profissionalização, ambas costumavam fazer escova, atendendo as clientes em suas residências. Diariamente, com o seu material de trabalho, apenas um secador de cabelos e algumas escovas, percorriam longas distâncias para o pronto atendimento. Após a capacitação profissional, as amigas resolveram montar um "salão de beleza". Iara tinha um lavatório velho e, considerando que o tio tinha uma barbearia desativada, as duas resolveram ressuscitá-la. Promoveram uma transformação no ambiente, utilizando a cadeira do tio e outros objetos. Fizeram um empréstimo de R$ 1 mil. Elas mesmas arrumaram o espaço, pintando-o e deixando do jeito delas.
A sociedade deu certo. O boca a boca e a qualidade nos serviços oferecidos chamaram a atenção dos clientes. A parceria perdurou por quatro meses. Iara ganhou um espaço da mãe com alguns equipamentos e Cledja também montou o seu salão.
São histórias semelhantes. São duas jovens, casadas e cada uma tem um filho com dois anos, além de morar no Jardim Centenário. A vontade de crescer profissionalmente as levaram a investir num sonho. Hoje, cada uma tem o seu próprio salão, seus clientes e obtendo uma boa renda. "Quando se tem um salão de beleza, é preciso ter um bom atendimento; oferecer qualidade nos serviços e bons produtos", exemplificou Cledja.
Ultrapassando barreiras
Após 24 anos exercendo a profissão de caixa, Jicelma Correia, 43 anos, foi demitida. Passou por um processo de depressão porque até então não tinha perspectivas. Da mesma forma, foi convidada pelo senhor Eustalon Torres para fazer o curso de doces e salgados e, na sequência o de tortas e bolos. "As aulas de relações humanas me ajudaram muito. Senti uma força saindo de dentro de mim. Minha autoestima se elevou e não perdi tempo. Antes mesmo de terminar o curso, comecei a montar uma lanchonete", esclareceu Jicelma.
A empreendedora descobriu que tinha um talento. Na parte da frente da sua casa, localizada na avenida Centenário, 107, Conjunto Bugio, havia um espaço e iniciou a construção. Resolveu apostar no seu potencial e deu certo.
"Foi um sonho que consegui realizar. Hoje trabalho para mim mesma e tenho clientes fidedignos", destacou Jicelma, acrescentando que é um ponto muito bom, localizado em frente a um condomínio residencial.
Jéssica de Andrade é uma cliente que não dispensa os salgadinhos. "A massa é leve e o sabor é inesquecível", comenta, destacando que também é muito bem atendida.
O promotor de vendas Juliano Francisco dos Santos, 31 anos, é cliente desde a inauguração. "Moro no bairro Inácio Barbosa, mas não dispenso o enroladinho de camarão e, aos domingos, o caruru. Realmente, a Jicelma conquista os seus clientes pelo tempero e a sua atenção.
A presidente da Fundat, Telma Rios Pimentel, afirmou que o órgão tem como missão proporcionar a qualificação profissional; intermediar a mão de obra para o mercado de trabalho e oportunizar o microcrédito para empreendedores. "Estamos trabalhando para oferecer o melhor para aqueles que nos procuraram e, ao verificarmos que obtiveram sucesso, é gratificante", disse.
