PMA mobiliza homens para cuidar da saúde

Saúde
26/01/2012 09h45
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Entre os sexos, os homens têm uma saúde mais frágil. Morrem cerca de sete anos mais cedo do que as mulheres. Eles ainda estão mais vulneráveis às violências e mais suscetíveis às doenças evitáveis. Essas constatações levaram a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) a mobilizar os trabalhadores da Saúde para ampliar o acesso dos homens às unidades de Saúde e potencializar as políticas de prevenção para saúde integral.

Este ano, a primeira roda de conversa sobre o tema reuniu os trabalhadores da Unidade de Saúde da Família (USF) Lauro Dantas Hora, localizada no bairro Bugio. No próximo dia 31, às 10h, o tema vai reunir os servidores da USF Max Carvalho, do bairro Luzia.
As ações são organizadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) por meio do Programa Saúde do Adulto, Idoso e do Homem.

“Estamos convocando os trabalhadores para ajudar na ampliação do aceso e da atenção aos usuários do sexo masculino do Sistema Único de Saúde (SUS). Além das unidades, os técnicos da SMS atuam dentro de empresas como as de construção civil para sensibilizar o maior número de trabalhadores”, diz o secretário municipal de Saúde, Silvio Santos.

As rodas de conversas sobre a saúde do homem são dirigidas pelo coordenador do Programa da Saúde do Adulto, Idoso e Homem, Fabrício Almeida, e pela enfermeira Francileide Lobo. Nesses encontros, os técnicos exibem um vídeo do Ministério da Saúde, de apenas cinco minutos, intitulado Vila Saúde: o verdadeiro sexo frágil. O vídeo aponta as dificuldades dos homens em procurar as unidades de saúde.

“É de responsabilidade de cada um de nós sensibilizar os outros trabalhadores a estimular o acesso dos homens à saúde de forma integral. E não se trata de ampliarmos nossas tarefas, mas de mudarmos nossa postura para sensibilizar os homens a cuidar da saúde e prevenir doenças”, afirma Fabrício Almeida.

Obstáculos

Participaram da roda de conversa representantes de cada categoria profissional da USF: médico, enfermeiro, auxiliar e técnico de enfermagem, dentista, agente de saúde e administrativos. No encontro todos os trabalhadores foram estimulados a falar sobre o tema.

Dos possíveis obstáculos à inserção do homem adulto na rotina das unidades de saúde, os profissionais destacaram as dificuldades dos homens em se ausentar do emprego e a impaciência. Outros apontaram dificuldades do próprio serviço, que prioriza ações programáticas para o púbico feminino. Mas, a questão cultural foi apontada como o grande obstáculo.

“Historicamente, o público masculino apresenta baixa valorização da saúde. De um modo geral, os homens se veem fortes e não admitem ter necessidade de cuidados com a saúde. Eles procuram postos apenas em situações de sofrimento e não de prevenção.

Diferente do público feminino, que procura a Unidade de Saúde já na adolescência, no período menstrual e segue na gestação, com as consultas de pré-natal e depois com os cuidados com os filhos”, conta Fabrício.

A auxiliar de enfermagem Gilvalda Santana afirmou que os homens se apresentam “distantes” da Unidade de Saúde e estão sempre com pressa. “Os homens não querem esperar, geralmente eles são mais impacientes”, revela.

A enfermeira Amanda Azevedo também afirma que o homem adulto é mais prático e muito mais exigente. “Talvez ele aja assim porque não se sinta tão à vontade. Talvez eles não acreditem no funcionamento do serviço. Mas, com uma boa conversa a gente consegue atrair melhor esse usuário”, constata.

A servidora Taís Santos, que atua na recepção da unidade, também destaca que “os homens quando chegam puxados pela mulher, demonstram falta de paciência para marcação de exames e estouram com maior facilidade”, diz.

Já o dentista Jailton Peroba trouxe outra curiosidade relativa ao comportamento masculino. “Muitos homens demonstram a valorização estética do corpo e até na forma de se vestir. Porém, podem estar com uma série de problemas dentários. E muitos dos usuários só buscam o dentista porque foram as mulheres deles que marcaram as consultas”, conta.

O veterano enfermeiro Ênio Calixto reafirmou as dificuldades dos próprios servidores em não direcionar a atenção ao homem. “Nas visitas domiciliares, por exemplo, a nossa cultura é fazer a busca ativa do público feminino e dos idosos”, conclui.