Do ponto de vista nutritivo, o caju é rico em fibras e vitamina C. Em se tratando da analogia à capital sergipana, a fruta tem uma relação não apenas nominal, mas tipicamente nativa com a região. Desde o ano passado, por meio de uma iniciativa de apoio à cultura sergipana, a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) possibilitou um novo significado ao fruto do cajueiro, transformando-o em um elemento visualmente atrativo tanto à população local quanto aos turistas que visitam e conhecem a cidade.
Trata-se do projeto Caju na Rua, que desde a sua primeira edição em 2011 vem encantando os cidadãos que transitam e passeiam pela capital com 11 obras espalhadas por diversos pontos da cidade. Não apenas como uma alternativa de embelezar as vias públicas e avenidas, o projeto consiste em divulgar a atuação dos artistas plásticos locais e aproximá-los do público sergipano. Após serem selecionados para essa edição de 2012, os artistas escolhidos já começaram a dar vida às obras que, a partir do próximo dia 30, irão transformar a cidade numa verdadeira galeria de arte ao ar livre.
"Quando o edital foi lançado, fiz o projeto e depois tive a sorte de ser selecionado. Estou tratando esse caju como se fosse um filho, mas ainda estou preparando-o para receber a arte. Ele precisa ser lixado por completo para aderir à tinta. Como é uma peça grande, depois de alisar a peça eu tiro mais uns três dias para deixá-la pronta", explicou o artista plástico Carlos Conrado, que nesta terça-feira, dia 13, deu início à metamorfose submetida ao caju de fibra de vidro e com aproximadamente 2m de altura. "Os amigos ficaram super contentes, porque é um patrimônio seu que está sendo exposto na cidade. Para mim é muito gratificante", completou Conrado.
Após os artistas lixarem a estrutura, a equipe de coordenação do Caju na Rua ficará responsável por envernizar as obras, já que elas estarão expostas em ambientes abertos. "Essa edição começou logo no início do ano e agora que já temos os artistas selecionados eles começaram hoje a produção. Assim que passarmos o verniz, eles trazem o pincel e a gente fornece 5 kg de tinta para cada um. As cores fornecidas são as básicas, mas a partir da criatividade e misturas que eles fazem vão surgindo novas tonalidades", ressaltou o idealizador e coordenador do projeto, Fábio Sampaio.
Na escultura da artista plástica Claudia Oliveira de Jesus, que além de dominar a técnica de cerâmica, trabalha com ilustrações em xilogravura desde 2005, os traços característicos do método de origem chinesa estarão atrelados a personagens da cultura nordestina. "Tinha uma expectativa em torno da aprovação e depois que tudo deu certo comecei a divulgar nas redes sociais. A ideia do projeto é bem interessante, já que se trata da marca de Aracaju. Nós ficamos mais visíveis como artistas e mais perto da população, e por outro lado, a cidade ganha um pedacinho da gente", comentou Claudia.
Para o profissional Marcel Dias, que atua com grafites desde 1999 e foi o único dos grafiteiros dentre os 10 selecionados, após a equipe realizar o polimento a previsão é de que ele termine suas atividades já na próxima quinta-feira, dia 15. "Foi bom demais ser escolhido. Na quinta-feira eu creio que o meu trabalho já esteja pronto. Vou desenhar alguns personagens que já fazia nas ruas, junto a um céu estrelado, com fitas verdes e amarelas. Vai ser um sucesso quando estiver pronto e eu puder olhar na rua, além de que será um presente para Aracaju", disse o grafiteiro de 26 anos.
Exposição artística
Pensado e concretizado no conceito de intervenção urbana, o Caju na Rua oferecerá à população sergipana o contato direto com o resultado de um processo artístico, dentro do seu cotidiano, nas ruas, avenidas, praças e pontos turísticos de Aracaju. Os cajus serão instalados em diversas áreas da cidade, priorizando aquelas que têm importância histórica e lugares de grande circulação de pessoas.
Os artistas selecionados para a edição 2012 foram: André Moreira, Claudia Oliveira de Jesus, Duardo Costa de Oliveira, Gabriela Caroline Etinger Gomes, Jacira Moura Ribeiro, José Carlos Conrado da Silva, José Luiz Cerqueira, Laís Alves de Oliveira Lima, Luciano Moura Feitosa e Marcel Silva Dias. Não participaram da seleção os trabalhos que continham temas religiosos, políticos, com alusão a times de futebol ou de natureza sexual, assim como também foram vetados os projetos que apresentaram qualquer tipo de propaganda ou logotipo de empresas.
