"É a primeira árvore que eu planto na vida. Preciso pensar agora, com minhas amigas, o nome que darei para ela". Aos 10 anos de idade, enquanto a estudante Bruna Ketllyn buscava definir um nome para a primeira muda que havia plantado, ela imaginou que quando um dia retornasse ao local fosse certamente encontrar a árvore que um dia denominou. "Depois vai ficar bem bonito aqui, é bom para a natureza", previu a jovem Bruna no dia 29 de março. No entanto, em menos de um mês, sua perspectiva de uma paisagem saudável e sustentável vinha sendo interrompida por atos de vandalismo.
Nessa data, na avenida Rota de Fuga, Zona de Expansão da capital, estudantes da rede pública e particular de ensino participaram da implantação da Alameda dos Ipês. A atividade foi promovida pela Prefeitura de Aracaju (PMA), por meio da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), em alusão à Semana da Árvore. Mas eis que, num período em que o local ainda se adaptava a um novo ambiente arborizado, vândalos vêm praticando atitudes que vão de encontro ao que se espera de um pensamento consciente no que diz respeito à conservação do meio ambiente.
De acordo com o presidente da Emsurb, Fábio Silva, os atos são isolados e não representam práticas coletivas. "Percebemos que, infelizmente, esses atos fazem estrago para toda a sociedade. Atitudes que vão muito além do fato de arrancar as mudas e roubar as vigas de madeira que lhes dão suporte, mas que causam prejuízos financeiros no tocante à manutenção da área arborizada e interferem no desenvolvimento natural da região escolhida para o plantio de árvores", opina.
Na ocasião da implantação da Alameda dos Ipês, 100 mudas foram simbolicamente plantadas pelas crianças. "O ipê é uma árvore nativa, de um material muito rico e resistente, e além de toda a beleza que possui também fornece um bom sombreamento. Futuramente, esse plantio beneficiará tanto os pedestres quanto os ciclistas que passearem por aqui", disse o gerente de Áreas Verdes da Emsurb, Francisco Ney. Dias depois, mais 665 mudas foram plantadas, totalizando 765, um número representativo diante da necessidade de arborização no local.
Plantio
O trabalho dos servidores da Emsurb durou mais de uma semana. "O serviço do plantio tem vários procedimentos como fazer a cova, colocar adubo, o tutor, plantar a muda e após tudo isso é realizada a manutenção, com a utilização de carro-pipa", explica Ney. "Todas essas 765 mudas foram plantadas com muito esforço, visando principalmente à qualidade de vida e a valorização da região. Ou seja, é um benefício para toda a comunidade", comenta.
Os números negativos associados aos últimos atos de vandalismo assustam. Do total de 765 mudas, 233 foram destruídas. "Algumas foram cortadas ao meio e outras simplesmente arrancadas. O principal alvo dessas pessoas são os tutores. Não há uma explicação coerente para entender esse tipo de ação. Cerca de 30% das mudas sofreram com esse vandalismo. É uma porcentagem muito alta", desabafa Francisco Ney.
Investimento na arborização
Paralelo ao impacto ambiental, a destruição das mudas representa ainda prejuízo aos cofres públicos. "Temos uma grande estrutura para realizar serviços dessa natureza. Além dos insumos temos a mão de obra e a manutenção, que precisa ser constante", disse o gerente de Áreas Verdes.
O investimento para cada muda chega a R$ 4,80, aproximadamente. Portanto, o valor da muda multiplicado por 233 (o total que foi destruído) temos um resultado exato de R$ 1.118,04. Já o tutor que custa R$ 1,35 o metro, considerando a mesma quantidade, muito embora sejam utilizados 3 metros para cada muda, o prejuízo chega a R$ 927,34. "Fora isso temos os custos da mão de obra para abrir as covas, plantar às mudas, combustível, entre outras coisas. Somado a isso, o prejuízo aumenta significantemente", acrescenta Fábio Silva, presidente da Emsurb.