Elas não se intimidam diante de martelos, pregos, serrotes e outros equipamentos. Pelo contrário, são cinco mulheres que estão demonstrando que sabem como lidar com ferramentas e madeira, em meio aos colegas que estão frequentando o curso de carpinteiro polivalente. A capacitação está inserida no “Projeto Construindo o Futuro”, realizado pela Fundação Municipal do Trabalho (Fundat). São 25 homens e mulheres que estão buscando a qualificação profissional visando o mercado de trabalho.
O curso está acontecendo nas instalações do Sesi, no Conjunto Augusto Franco, local onde o Senai, entidade contratada pela Fundat, mantém um laboratório (canteiro de obras). O treinamento consta de 160 horas, com aulas das 7h30 às 11h30, com término previsto para o dia 16. A profissão de carpinteiro polivalente é uma das mais importantes numa obra. O profissional é o guia e não pode errar. Daí a importância em formar bons profissionais.
A turma é destaque no conceito aprendizado e divisão. A maioria já se conhecia ou formulou uma amizade concreta. Gicélia Pereira de Almeida, 37 anos, é auxiliar de marcenaria e está frequentando o curso depois do convite recebido do seu chefe, o marceneiro José Roberto de Melo, 47, que mantém um pequeno negócio.
Gicélia de Almeida, mãe de duas filhas, disse que gosta do que faz atualmente, mas que já exerceu várias profissões. “É fascinante construir móveis e a cada peça concluída, é uma realização. Agora, estou me profissionalizando como carpinteiro e, com certeza, agregará ainda mais aos meus conhecimentos”, relata.
A auxiliar de marcenaria relatou que está construindo a sua casa e que o novo aprendizado já está sendo aplicado. “Não preciso contratar ninguém para saber alguns detalhes da construção. O curso é fascinante e não estou sentindo dificuldade por ser mulher”, destaca.
José de Melo explicou que ficou sabendo do curso por meio de um ex-funcionário seu, o Ronie, que também está frequentando o curso. “Estamos numa grande família. Um foi incentivando o outro e juntos estamos aprendendo. Achei uma boa ideia em convidar a Gicélia porque ela tem talento, fato que observo diariamente quando está construindo um móvel quanto aqui nas aulas de carpintaria”, observa.
A convivência no grupo é bastante saudável. A turma já promoveu diversos encontros, trocas de números dos telefones. “Acredito que o nosso resultado está sendo positivo principalmente porque todos têm o mesmo propósito que é o aprendizado, o crescimento profissional”, confirma José Roberto.
Maria Josélia dos Santos, 38 anos, mãe de três filhos, já exerceu as profissões de porteiro e auxiliar de cozinha. Atualmente desempregada e cuidando dos afazeres domésticos, está buscando a profissionalização na área da construção civil rumo ao mercado de trabalho. “Resido no Marivan e no meu percurso de ônibus, sempre observei mulheres trabalhando numa obra. Fiquei encantada e servia como um espelho para mim. Hoje, estou me capacitando e, com certeza, vou trabalhar nessa área”, confirma.
Na concepção de Josélia, a mulher tem capacidade para desempenhar a profissão de carpinteiro. “A nossa delicadeza se transforma em perfeccionismo e no propósito de realizar um trabalho que atenda as necessidades de uma obra”, comenta.
Aclewilson Ferreira Brito, 35 anos, é pedreiro e está se qualificando como carpinteiro para agregar o conhecimento à profissão que desempenha. “Como pedreiro, a gente sabe algumas coisas das outras profissões dentro da construção civil, mas é preciso ter a técnica. Quero ampliar os meus conhecimentos e com isso, melhorar a minha renda”, explica.
O curso está sendo ministrado pelo instrutor Gladston Bezerra Fontes, que mantém uma experiência de 20 anos. “É uma turma diferente, se não dizer que é uma das melhores que já ensinei. O interesse é constante”, disse.
O instrutor relatou que o carpinteiro é o pilar de uma construção. “A turma está aprendendo os componentes sobre formas de pilares, sapatas, escadas e laje; assentamento de esquadrias, janelas e portas; orçamento de obra de construção; construção de telhados e vários outros itens importantes para a desenvoltura da profissão”, declara.
Além da parte prática, os alunos obtiveram aulas de relações interpessoais, segurança no trabalho da construção civil, normas técnicas e tecnologia das ferramentas.
Projeto
O Projeto Construindo o Futuro foi lançado em agosto do ano passado, formando mais de 230 pessoas. Está é a 13ª turma que se qualifica. O projeto é desenvolvido em parceria com construtoras que absorvem a mão de obra qualificada no mercado de trabalho. E, já nas últimas duas turmas, também contribuíram na cessão das passagens de ônibus para o deslocamento dos alunos.
São ofertados cursos de pedreiro polivalente, pedreiro de estrutura, pintor de obras e texturas, assentador de revestimento cerâmico, instalador predial hidráulico, gesseiro, carpinteiro, entre outros.