Secretaria do Meio Ambiente garante plantar 20 mil mudas até dezembro

Meio Ambiente
03/09/2013 08h42
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Em entrevista concedida ao Jornal da Cidade, publicada na edição do último domingo, 1º, o secretário municipal do Meio Ambiente, Eduardo Matos, falou sobre as ações da secretaria e do plantio de mudas. Confira a entrevista na íntegra.

 

Desde que foi criada em 08 de fevereiro deste ano, a Secretaria do Meio Ambiente de Aracaju (Sema), através do secretário Eduardo Matos, tem mantido o compromisso de zelar pelo meio ambiente e qualidade de vida da população. Para garantir um clima agradável na Capital, a Sema iniciou a primeira etapa do plano de arborização de Aracaju. O plano foi elaborado pelo órgão ambiental e seguiu critérios importantes como adequação do plantio. A meta é plantar, até o fim deste ano, 20 mil mudas de espécies variadas, principalmente, da flora nativa. Em entrevista, o secretário Eduardo Matos falou sobre estas ações.

Jornal da Cidade - Qual o desafio da Secretaria do Meio Ambiente de Aracaju (Sema) já que a cidade é hoje uma das Capitais menos arborizadas?

Eduardo Matos - Como não existia Secretaria do Meio Ambiente, a arborização era feita pela Emsurb, que acompanhava as atividades por meio do comitê de arborização. Infelizmente, Aracaju possui um dos piores índices de arborização do Brasil. Temos de área verde entre 1 e 2 m²/hab.  Enquanto, Curitiba ostenta 62 m²/hab. Então, tivemos uma reunião com o comitê de arborização e eles sugeriram o plano diretor e nós estamos acoplando ao Código Ambiental. Já, elaboramos um Plano de Arborização, que está dividido em três partes, sendo que a primeira está em execução.  Um ponto importante é que iniciamos este programa com efetividade, evitando perdas de mudas. Motivo para comemorar, já que no ano passado, houve uma perda de 24 mil mudas, de um total de 30 mil plantadas. Esses dados foram fornecidos pelo próprio Comitê de Arborização.

J.C. - Como evitar essas perdas, campanhas educativas podem gerar resultado?

EM - Estamos trabalhando sim com campanhas educativas, inclusive no Programa Prefeitura nos Bairros. A educação ambiental é importante porque as mudas destruídas são, em muitos casos, pela ação da própria comunidade. Agora, todo o monitoramento será realizado pela Sema e Emsurb. Vamos ter também um plano de publicidade, onde vamos trocar o espaço de publicidade pelo plantio de 5 mil mudas. Será uma licitação feita pela Emsurb.

J.C. -  O senhor disse que a meta da Sema é arborizar Aracaju. Por que uma cidade arborizada é tão importante?

EM- As árvores melhoram o microclima; a ventilação; aumenta a área de sombra, principalmente em uma cidade, onde o sol é muito intenso durante 5 e 6 meses. A arborização também favorece a fauna local e recompõe o ambiente. Inevitavelmente quando uma cidade cresce traz também a degradação da parte natural. Então, a recomposição se faz quando se arboriza, de forma a buscar o que foi perdido no passado. Exemplo disso é a Avenida Augusto Maynard e do microclima agradável que aquela avenida oferece. Por isso, é meta da Sema arborizar Aracaju e promover entre os seus habitantes qualidade de vida. 

Ascom - Por falar em árvores em avenidas. É verdade que as árvores da Avenida Hermes Fontes serão retiradas para o BRT circular?

EM - Não, não será essa retirada em massa como alguns gostam de alardear inverdades. È preciso esclarecer que uma cidade é uma atividade impactante. Quando construímos a nossa casa, a qual moramos, já impermeabilizamos alguma parte. Então, à medida que a cidade cresce, ela cria mais problemas. A população cresce e com ela as demandas. O Brasil saiu de 90 milhões de habitantes em 1970 para 200 milhões em 2013. Dai você tem uma demanda de saúde, de educação, de transporte e de mobilidade. Dessa forma, o município precisará melhorar o transporte público, que tem suas deficiências, e ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente. Observe, Aracaju não foi projetada no passado para o número de veículos que temos hoje, e nem o número de habitantes. Temos nesse caso da Hermes Fontes ponderações em dois princípios: da mobilidade e da preservação. Nós vamos fazer um equilíbrio. A Sema ainda não recebeu o pedido de supressão das árvores da Hermes Fontes para implantação do sistema BRT. Mas o secretário de infra estrutura Luiz Durval informou nos casos em que houver os pontos de parada do BRT que deve acontecer a cada 500 m, serão suprimidas poquíssimas árvores, nos demais casos não haverá supressão. Nesse caso, será exigida a compensação na forma da legislacão municipal. Todas as cidades do Brasil passam por isso. Por exemplo, a Avenida Desembargador Maynard tinha canteiros no passado, mas foram tirados para melhorar o tráfego de veículos que ao longo dos 20 anos se intensificou. Mas reafirmo que a secretaria vai zelar para que aja compensação na integra das árvores suprimidas.

J.B. - Antes a Emsurb era quem autorizava e executava as podas e supressão de árvores na capital. Agora com a criação da Sema isso mudou. Como são os procedimentos hoje?

EM - A secretaria autoriza e a Emsurb executa. Nós estamos dando um contorno de legalidade, trabalhando com profissionais da área, engenheiros ambientais, florestais e biólogos. Os procedimentos são os seguintes, quando as árvores causam transtornos a população, apresentando raízes que invadem o sistema hidráulico das casas; poda baixa, impedindo a passagem de carros e de pedestre nas vias e presença de galhos secos e quebrados nas copas que podem causar acidentes, a população deve acionar a Sema que fica localizada à Avenida Pedro Paes Azevedo, na antiga Escola Parque, ou ligar no número 3246-6461, e solicitar os serviços de poda ou de supressão de árvore. Após esta solicitação, técnicos da secretaria vão até o local para realizar uma vistoria e avaliar a necessidade do pedido. Depois da vistoria, prepara-se um laudo que é encaminhado à Emsurb que realizará a operação.

J.B. - Em casos emergenciais como deve proceder a população?

EM - Em casos de árvores que já tenham caído à população pode acionar diretamente à Emsurb para a retirada da via. Mas, em caso em que ela apresente risco a população deve acionar a Sema para que seja feita a vistoria.

J.C.- A poda feita de forma correta, mantendo o equilíbrio dos cortes, evita prejuízos à população e prolonga a vida da árvore. Mas, muitas pessoas executam este serviço. O que a lei diz sobre isso?

EM - A Lei Municipal 1766, das diretrizes de arborização, e 1789 do Código de Proteção Ambiental de Aracaju, proíbe a supressão e poda de árvores sem a autorização do órgão competente, que agora é a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Em Aracaju os únicos órgãos autorizados para esta operação de poda e supressão é a Emsurb, Energisa e Corpo de Bombeiros.

J.C. - É forte aqui em Aracaju a cultura de cortada de árvores. É possível reverter este pensamento?

EM - Sim, mas é preciso investimentos em trabalhos voltados à educação ambiental. Existe uma cultura de supressão, uma cultura de que a árvore dá trabalho. Há uma cultura de desprezar e danificar as árvores. Nós temos muitas árvores mortas por água quente e produtos químicos e isso é uma realidade que precisa ser combatida. A educação ambiental viabiliza isso. Nós estamos iniciando com o projeto da Caixa Econômica Federal ações de Educação Ambiental com as crianças para reverter este quadro. Dessa forma, vamos levar à população a cultura de que árvore é vida e significa melhoria da qualidade de vida, que árvore integra nosso ecossistema e nosso ambiente, e, por conseguinte, nossa casa comum.

J.C. - O senhor mencionou o projeto da Caixa Econômica Federal de Educação Ambiental. Haverá outros projetos mediante o Fundo e o Conselho do Meio Ambiente?

EM - O Conselho estabelecerá parâmetros para a arborização e com o fundo poderemos financiar vários projetos de arborização, de conservação e de recuperação. E uma das metas é o aumento de unidades de conservação dentro de Aracaju. Já temos uma comissão estudando o Parque do Poxim, que compreende mais de 200 hectares de área de mangue dentro da Capital. Queremos salvar algumas áreas no Jabutiana, na Zona de Expansão. E vamos trabalhar também com pequenos bosques, e parques lineares, que é um conceito novo, onde se aproveita o lado de uma rodovia, ferrovia e faz dele um parque linear, dando a arborização da cidade.

J.C. - O que a população pode esperar da Sema?

EM - Diante de uma demanda reprimida, de tantos problemas, nós vamos trabalhar para que Aracaju tenha de fato um ambiente equilibrado, monitorado e fiscalizado. E também contribuir para a melhoria da qualidade de vida da cidade, com mais árvores, menos resíduos nas ruas, melhor drenagem nas ruas, menos enchentes, e para que as atividades sejam desenvolvidas e os empregos sejam gerados, mas ao mesmo tempo o ambiente seja protegido.