Um dia inteiro para discutir a situação da violência na capital. Durante a última quinta-feira, 5, a Secretaria da Saúde de Aracaju promoveu o I Seminário Violência: "Uma Abordagem Ética e Humanizada", no auditório da FASE, com o objetivo de discutir a situação da violência enquanto mazela social. Durante o evento, o Núcleo de Prevenção e Violência da Secretaria da Saúde de Aracaju (NUPEVA) divulgou porcentagem de casos de agressão em Aracaju e também direcionamentos aos servidores de como proceder em casos de violência. A imprensa também participou do Seminário e expôs sua forma de buscar e retratar informações sobre violência.
Participaram do evento: a secretária da Saúde de Aracaju, Goretti Reis, o adjunto da pasta, Petrônio Gomes, o professor da UFS e especialista na questão da violência e dos Meios de Comunicação, Josenildo Guerra, o promotor de Justiça do Estado e professor de Direito, Rafael Schwez Kurkowski, a diretora da Vigilância e Saúde da Saúde de Aracaju, Tereza Cristina Maynard, a presidente da Fundat, Glaucia Guerra, a enfermeira e professora da FASE, Ruth Cristini Torres, a jornalista da TV Atalaia, Priscila Andrade, a Delegada representante do DAGV, Érica Farias, o vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Danival Falcão, a coordenadora do programa Saúde da Mulher da Saúde de Aracaju, Cristiane Ludmila, além de representantes da sociedade civil, Polícia Militar e servidores da Saúde.
"A violência é questão de saúde pública. Elaboramos este seminário para nossos gestores e para a sociedade em geral, desmistificando o tema e fazendo com que o mesmo seja tratado de forma mais consciente por todos. Quando falamos sobre violência encontramos mecanismos para a diminuição da mesma. Sabemos que não existe apenas a violência física, muitas vezes a violência psicológica é maior e muito mais complexa de ser percebida e combatida. Trabalhamos o assunto despertando nos participantes o seu real valor enquanto fonte de informação que lida diariamente com a violência e os meios de comunicação. Queremos frisar que as nossas equipes de Saúde da Família em 2013 intensificaram seus trabalhos dentro das comunidades, aumentando sua atuação perante registros de violência", enfatizou a secretária Goretti Reis.
Segundo o professor da UFS e especialista em análise de mídia e violência, Josenildo Guerra, existe uma supervalorização dos acontecimentos trágicos, o que acaba contribuindo para que se forme um círculo onde a mídia trata a violência como espetáculo. "Existe uma demanda por parte de audiência que consome tais informações. Sabemos que isto é fator cultural e que não vai mudar do dia para a noite, pois é algo lento e progressivo. Não podemos ficar parados achando que as mudanças vão acontecer, precisamos encontrar formas para mudar a realidade das notícias, fazendo um Jornalismo mais responsável" frisou Josenildo, que pontuou ainda que este esforço envolve a escola, o poder público e a família.
Para que o público do evento tivesse uma maior consciência sobre o papel da vítima e do agressor, perante a retratação nos meios de comunicação, o representante do Ministério Público, Rafael Schwez, explicou que o respeito em ambos os casos é primordial. "No Direito temos a responsabilidade criminal (prisão e indenizações) e a responsabilidade civil, que é a mais comum, envolvendo indenização para muitos casos envolvendo jornalistas e suas produções jornalísticas. Proteção, respeito à imagem e privacidade são os pilares que os meios de comunicação precisam seguir. Vale ressaltar ainda que é assegurado o direito à reparação e o direito de resposta, por quem se sentir indevidamente retratado. O Ministério Público recebeu este convite com muito orgulho por se tratar de algo importante para a sociedade sergipana, pois temos a oportunidade de falar sobre nossas ações e sobre a atuação do Estado, através dos nossos trabalhos para com as vítimas de violência. O MP é visto, muitas vezes, como um inimigo, mas somos defensores da imprensa quando a mesma se limita a sua função. Cobramos apenas a divulgação responsável das notícias", explicou Rafael.
Em sua apresentação, a jornalista Priscila Andrade mostrou detalhes do processo de se construir uma matéria, pontuando a necessidade do profissional da comunicação ter a sutileza nas abordagens envolvendo violência e tratar os temas. "É preciso que formemos uma rede de comunicação entre os veículos e as instituições que lidam com a violência. É um trabalho em conjunto e que a delicadeza nas abordagens seja primordial para não expormos os envolvidos no ato de violência. A imprensa tem o poder de contribuir para uma cobrança do caso, fazendo com que muitas situações ganhem visibilidade pública e sejam tratadas judicialmente, porém muitas vezes na pressa existem falhas que só a partir de uma integração entre todos os envolvidos", disse a jornalista.
Para a delegada Érica Farias, conhecer melhor a estrutura das delegacias pode servir para agilizar o processo de registro do fato. Em suas palavras, casos de violência acabam gerando ainda mais problemas futuramente, pois a juventude aprende dentro de casa que os atos violentos são comuns e reproduzem isso culturalmente. "Este evento vem justamente discutir a função de cada setor que trabalha com violência social, especificando como proceder e as possíveis consequências dos crimes. O Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) atende crianças, jovens, casos envolvendo agressões contra mulheres, idosos, homossexuais e sabemos do valor dessas discussões perante as condições da nossa sociedade hoje. Assim, disponibilizamos nossos serviços para que os servidores e a sociedade possam denunciar e procurar nosso apoio para combater a violência", pontuou.
Enaltecendo a ideia do seminário, o vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Danival Falcão, teceu elogios a iniciativa da Saúde de Aracaju em prol de se criar uma rede de ideias, onde os trabalhos sejam feitos em parceria, mobilizando técnicos, entidades e a sociedade civil. "Os profissionais da área de educação e médica têm contato direto e diário com diversas pessoas, o que aumenta a possibilidade de observar casos de violência. Temos que nos comprometer para identificarmos a violência que é constante. Este evento é mais uma etapa para refletirmos como proceder e como mudar nossas atitudes perante as ocorrências. Friso que saber de caso de violência e não denunciar, não registrar é omissão e negligência e isso também é crime", frisou Falcão.
Violência em Aracaju
Segundo avaliação da coordenadora do Núcleo de Prevenção e Violência (NUPEVA), Lijane de Oliveira, o combate à violência depende de vários fatores e a Saúde de Aracaju está dando sua contribuição para que este tema seja mais discutido. "Estamos trabalhando em parcerias importantes com outros órgãos para combater a violência de forma geral. Hoje, o maior índice de violência envolve crianças e adolescentes, mas além destes grupos trabalhamos ainda com as mulheres e também com os idosos. O objetivo do NUPEVA é promover e implantar a cultura da paz, trabalhando com demais órgãos para sensibilizar os profissionais em prol do enfrentamento da violência", informou.
De acordo com a gestora de Referência Técnica do Núcleo de Prevenção e Violência (NUPEVA), Lidiane Gonçalves Ferreira de Oliveira, o registro da violência ainda é pequeno em Aracaju, porém vem melhorando consideravelmente nos últimos anos. "Para se ter uma ideia, em 2009 tivemos 140 casos registrados. Em 2013, até o mês de novembro já somamos 818. Sabemos que o processo é contínuo e que em muitas situações não são registrados, por diversos fatores, porém precisamos trabalhar diariamente para vencermos as barreiras que permitem que a violência continue acontecendo", completou Lidiane.
Procedimentos
Pontuando como cada servidor da Saúde de Aracaju deverá agir em caso de percepção de violência, a coordenadora do programa Saúde da Mulher da Secretaria da Saúde de Aracaju, Cristiane Ludmila, mostrou que alguns detalhes contribuem para a diminuição dos casos e suas incidências. "É preciso prestar atenção aos mínimos detalhes, na maioria são mulheres que quase sempre demonstram em sinais que vêm sofrendo violência em casa. É possível notar incidência de infecção urinária, que pode ser violência sexual, transtornos sexuais, lesões físicas constantes, elas quase sempre voltam constantemente às unidades reclamando de dores e outros problemas, mas para sabermos do que se tratar precisamos ampliar nosso olhar perante os casos, focando num atendimento mais acolhedor, onde a privacidade da pessoa deverá ser mantida", explicou.
Um dia inteiro para discutir a situação da violência na capital. Durante a última quinta-feira, 5, a Secretaria da Saúde de Aracaju promoveu o I Seminário Violência: "Uma Abordagem Ética e Humanizada", no auditório da FASE, com o objetivo de discutir a situação da violência enquanto mazela social. Durante o evento, o Núcleo de Prevenção e Violência da Secretaria da Saúde de Aracaju (NUPEVA) divulgou porcentagem de casos de agressão em Aracaju e também direcionamentos aos servidores de como proceder em casos de violência. A imprensa também participou do Seminário e expôs sua forma de buscar e retratar informações sobre violência.
Participaram do evento: a secretária da Saúde de Aracaju, Goretti Reis, o adjunto da pasta, Petrônio Gomes, o professor da UFS e especialista na questão da violência e dos Meios de Comunicação, Josenildo Guerra, o promotor de Justiça do Estado e professor de Direito, Rafael Schwez Kurkowski, a diretora da Vigilância e Saúde da Saúde de Aracaju, Tereza Cristina Maynard, a presidente da Fundat, Glaucia Guerra, a enfermeira e professora da FASE, Ruth Cristini Torres, a jornalista da TV Atalaia, Priscila Andrade, a Delegada representante do DAGV, Érica Farias, o vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Danival Falcão, a coordenadora do programa Saúde da Mulher da Saúde de Aracaju, Cristiane Ludmila, além de representantes da sociedade civil, Polícia Militar e servidores da Saúde.
"A violência é questão de saúde pública. Elaboramos este seminário para nossos gestores e para a sociedade em geral, desmistificando o tema e fazendo com que o mesmo seja tratado de forma mais consciente por todos. Quando falamos sobre violência encontramos mecanismos para a diminuição da mesma. Sabemos que não existe apenas a violência física, muitas vezes a violência psicológica é maior e muito mais complexa de ser percebida e combatida. Trabalhamos o assunto despertando nos participantes o seu real valor enquanto fonte de informação que lida diariamente com a violência e os meios de comunicação. Queremos frisar que as nossas equipes de Saúde da Família em 2013 intensificaram seus trabalhos dentro das comunidades, aumentando sua atuação perante registros de violência", enfatizou a secretária Goretti Reis.
Segundo o professor da UFS e especialista em análise de mídia e violência, Josenildo Guerra, existe uma supervalorização dos acontecimentos trágicos, o que acaba contribuindo para que se forme um círculo onde a mídia trata a violência como espetáculo. "Existe uma demanda por parte de audiência que consome tais informações. Sabemos que isto é fator cultural e que não vai mudar do dia para a noite, pois é algo lento e progressivo. Não podemos ficar parados achando que as mudanças vão acontecer, precisamos encontrar formas para mudar a realidade das notícias, fazendo um Jornalismo mais responsável" frisou Josenildo, que pontuou ainda que este esforço envolve a escola, o poder público e a família.
Para que o público do evento tivesse uma maior consciência sobre o papel da vítima e do agressor, perante a retratação nos meios de comunicação, o representante do Ministério Público, Rafael Schwez, explicou que o respeito em ambos os casos é primordial. "No Direito temos a responsabilidade criminal (prisão e indenizações) e a responsabilidade civil, que é a mais comum, envolvendo indenização para muitos casos envolvendo jornalistas e suas produções jornalísticas. Proteção, respeito à imagem e privacidade são os pilares que os meios de comunicação precisam seguir. Vale ressaltar ainda que é assegurado o direito à reparação e o direito de resposta, por quem se sentir indevidamente retratado. O Ministério Público recebeu este convite com muito orgulho por se tratar de algo importante para a sociedade sergipana, pois temos a oportunidade de falar sobre nossas ações e sobre a atuação do Estado, através dos nossos trabalhos para com as vítimas de violência. O MP é visto, muitas vezes, como um inimigo, mas somos defensores da imprensa quando a mesma se limita a sua função. Cobramos apenas a divulgação responsável das notícias", explicou Rafael.
Em sua apresentação, a jornalista Priscila Andrade mostrou detalhes do processo de se construir uma matéria, pontuando a necessidade do profissional da comunicação ter a sutileza nas abordagens envolvendo violência e tratar os temas. "É preciso que formemos uma rede de comunicação entre os veículos e as instituições que lidam com a violência. É um trabalho em conjunto e que a delicadeza nas abordagens seja primordial para não expormos os envolvidos no ato de violência. A imprensa tem o poder de contribuir para uma cobrança do caso, fazendo com que muitas situações ganhem visibilidade pública e sejam tratadas judicialmente, porém muitas vezes na pressa existem falhas que só a partir de uma integração entre todos os envolvidos", disse a jornalista.
Para a delegada Érica Farias, conhecer melhor a estrutura das delegacias pode servir para agilizar o processo de registro do fato. Em suas palavras, casos de violência acabam gerando ainda mais problemas futuramente, pois a juventude aprende dentro de casa que os atos violentos são comuns e reproduzem isso culturalmente. "Este evento vem justamente discutir a função de cada setor que trabalha com violência social, especificando como proceder e as possíveis consequências dos crimes. O Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) atende crianças, jovens, casos envolvendo agressões contra mulheres, idosos, homossexuais e sabemos do valor dessas discussões perante as condições da nossa sociedade hoje. Assim, disponibilizamos nossos serviços para que os servidores e a sociedade possam denunciar e procurar nosso apoio para combater a violência", pontuou.
Enaltecendo a ideia do seminário, o vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Danival Falcão, teceu elogios a iniciativa da Saúde de Aracaju em prol de se criar uma rede de ideias, onde os trabalhos sejam feitos em parceria, mobilizando técnicos, entidades e a sociedade civil. "Os profissionais da área de educação e médica têm contato direto e diário com diversas pessoas, o que aumenta a possibilidade de observar casos de violência. Temos que nos comprometer para identificarmos a violência que é constante. Este evento é mais uma etapa para refletirmos como proceder e como mudar nossas atitudes perante as ocorrências. Friso que saber de caso de violência e não denunciar, não registrar é omissão e negligência e isso também é crime", frisou Falcão.
Violência em Aracaju
Segundo avaliação da coordenadora do Núcleo de Prevenção e Violência (NUPEVA), Lijane de Oliveira, o combate à violência depende de vários fatores e a Saúde de Aracaju está dando sua contribuição para que este tema seja mais discutido. "Estamos trabalhando em parcerias importantes com outros órgãos para combater a violência de forma geral. Hoje, o maior índice de violência envolve crianças e adolescentes, mas além destes grupos trabalhamos ainda com as mulheres e também com os idosos. O objetivo do NUPEVA é promover e implantar a cultura da paz, trabalhando com demais órgãos para sensibilizar os profissionais em prol do enfrentamento da violência", informou.
De acordo com a gestora de Referência Técnica do Núcleo de Prevenção e Violência (NUPEVA), Lidiane Gonçalves Ferreira de Oliveira, o registro da violência ainda é pequeno em Aracaju, porém vem melhorando consideravelmente nos últimos anos. "Para se ter uma ideia, em 2009 tivemos 140 casos registrados. Em 2013, até o mês de novembro já somamos 818. Sabemos que o processo é contínuo e que em muitas situações não são registrados, por diversos fatores, porém precisamos trabalhar diariamente para vencermos as barreiras que permitem que a violência continue acontecendo", completou Lidiane.
Procedimentos
Pontuando como cada servidor da Saúde de Aracaju deverá agir em caso de percepção de violência, a coordenadora do programa Saúde da Mulher da Secretaria da Saúde de Aracaju, Cristiane Ludmila, mostrou que alguns detalhes contribuem para a diminuição dos casos e suas incidências. "É preciso prestar atenção aos mínimos detalhes, na maioria são mulheres que quase sempre demonstram em sinais que vêm sofrendo violência em casa. É possível notar incidência de infecção urinária, que pode ser violência sexual, transtornos sexuais, lesões físicas constantes, elas quase sempre voltam constantemente às unidades reclamando de dores e outros problemas, mas para sabermos do que se tratar precisamos ampliar nosso olhar perante os casos, focando num atendimento mais acolhedor, onde a privacidade da pessoa deverá ser mantida", explicou.