"Os sprays de água formados na avenida Beira Mar possuem altos índices de agentes endêmicos e patogênicos e têm contaminado toda a região". O alerta foi dado pelo professor Dr. Alexandre Luna Cândido, do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Sergipe (DMO/UFS), líder do Grupo de Pesquisa em Microbiologia e Imunologia, estudioso e pesquisador da persistência, crescimento e espalhamento de bactérias e vírus que provocam infecção e contaminação através de águas e derivados de pescados.
Para afirmar isso, o professor Alexandre Luna, realizou diversas pesquisas na última década em canais, áreas litorâneas e outros focos de retenção de águas em Aracaju e detectou focos de proliferação de algumas endemias. "Há mais de dez anos fazemos pesquisas moleculares laboratoriais que comprovam que fatores como salinidade, temperatura e radiação não causam a morte desses microorganismos, e mais: a tábua de maré, as espumas e os sprays de água são vetores para o desenvolvimento de vírus como o que causa a Hepatite A (HAV)", garante uma das maiores autoridades no assunto.
Segundo o docente, a brisa marítima, típica de regiões litorâneas, são condutores naturais desses vírus. "Nossos estudos, tanto laboratoriais quanto in loco, demonstraram que as águas que margeiam a avenida Beira Mar e outras regiões costeiras estão suscetíveis a receber material com resíduos sanitários residenciais e, por vezes, dejetos hospitalares, e que, a população que mora nas proximidades não estão imunes à ação desses microorganismos atidos na umidade", adverte o professor.
"Os vetores são os mais diversos: sejam os mergulhos nas águas contaminadas; o pneu do veículo em contato com poças de águas oriundas do rio, o orvalho fixado nas janelas dos edifícios próximos à Beira Mar, ou mesmo uma sutil corrida matutina no calçadão. Todos esses eventos podem ser considerados como potenciais disseminadores dos vírus e bactérias e contaminar um considerável número de pessoas. Por se tratar de organismos ou moléculas não vistos a olho nu, por vezes ignoramos seu poder de óbito, mas alertamos que podem causar morte", destaca.
Obra da 13 reduz risco de contaminação
Ainda de acordo com professor Luna, os dados obtidos em suas pesquisas apontam para um nível de contaminação altíssimo, e que as partículas moleculares conduzidas pelos sprays de água colocam em risco a saúde da população. "A importância da obra reside justamente na questão da saúde pública: reduz o risco de infecção e contaminação e distancia as lâminas de água da área residencial. É um gesto de responsabilidade de quem gere a coisa pública. Isso quem diz não sou eu, mas nossos estudos, baseados em conceitos metodológicos com alto rigor cientifico", conclui o estudioso.
Outro professor universitário, João D'Ávila, também apresenta dados sobre importância da obra de contenção e o risco de exposição das pessoas com a umidade com gotículas contendo material bacteriano nocivo a saúde. "Hoje o rio Poxim, está contaminado com cerca de 1,6 milhões de coliformes/100 ml de água. Isso significa que as águas do rio possuem substâncias extremamente danosas à sociedade", ratifica o João D'Ávila.
Repercussão
Na edição do último sábado, 1º, o Jornal da Cidade repercute o trabalho do professor Alexandre Luna, ratificando a gravidade apontada nas pesquisas e alertando sobre os riscos de infecção por meio de microorganismos existentes nas águas do rio Poxim, próximas à avenida Beira Mar. Na entrevista, o professor deixa claro o resultado de seus estudos que confirmam a resistência dos micro-organismos a antibióticos, fato que abona a necessidade da obra de contenção e que, a priori, poderá evitar um surto endêmico na população que trafegue pela região.