Especialista esclarece que vacina contra HPV não representa riscos à saúde

Saúde
25/09/2014 14h26

"Vacina Contra HPV não representa riscos a saúde e protege contra o câncer do colo do útero que é a segunda maior causa de morte entre mulheres no Brasil". A afirmação é da pediatra do Município de Aracaju, Ângela Marinho Barreto Fontes, que também é membro do Comitê de Mortalidade Materno-Infantil e atua como responsável por eventos adversos pós-vacinais, no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais.

Ângela Marinho comenta que a vacina que foi classificada por entidades de pesquisa em saúde nacionais e internacionais como comprovadamente benéfica a saúde. Marinho reforça que a vacina é segura, tanto é que na primeira fase da campanha foram cerca de 11 mil imunizadas na capital sergipana e não houve nenhum caso de eventos adversos após a vacina. A médica orienta que os responsáveis podem ficar despreocupados, pois inexistem riscos de reações graves, e as meninas já imunizadas devem ser apresentadas para receber a segunda dose da Vacina Contra HPV.

"É essencial levá-las para receber a segunda dose, pois a proteção completa contra o vírus do HPV só acontece após a aplicação das três doses da vacina. Com a primeira dose protege, as garotas têm o organismo protegido em 20%, já com a segunda, a capacidade de defesa do corpo é elevada a cerca de 80%. A última dose, que é aplicada três anos depois, conclui efetivamente a proteção", explica a médica.

A pediatra comenta que a vacina surgiu em 2006 e vem sendo utilizada na Europa, e em países como Austrália, EUA, Canadá, Colômbia e México.

"Na Austrália houve uma diminuição de 61% do câncer de colo de útero, esse é um dado bastante animador e que levou o Ministério da Saúde a introduzir a vacina no Brasil, pois mostra que é eficiente e confiável. O material foi testado e existem mais de cinco anos de estudo em que não houve nenhum caso de evento grave ligado a aplicação da vacina", afirma especialista orientando que as pessoas devem buscar a imunização e não se guiar por boatos divulgados na mídia e nas redes sociais, que nas últimas semanas divulgaram informações equivocadas sobre os casos de internação de meninas após vacinação contra HPV em Bertioga, no litoral de São Paulo.  

Naquele caso ficou comprovado que por meio de exame neurológico realizado pela Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo que não havia qualquer relação dos sintomas apresentados com a vacina aplicada. "Depois de avaliadas por uma neuropediatra foi confirmado o resultado e o diagnóstico normal. Aconteceu que as meninas ficaram ansiosas e com medo do fato da vacina ser injetável e temerosas por falsos boatos que ouviam", diz Ângela Marinho.

Segundo a médica, existe apenas a possibilidade de meninas vacinadas apresentarem reações que são comuns a todo fármaco, como alergia a algum componente da fórmula ou cefaléia (dores de cabeça).  "Não existe associação entre casos de paralisia ou reações severas a vacina contra o HPV. Desde quando foi implantada, a aplicação da vacina é monitorada e tem vigilância constante dos órgãos e entidades de saúde através de sistema de informação online que são utilizados em conjunto em todo o mundo. Até o presente momento não existem notificações de registros de reações a vacina dentre as milhares de pessoas imunizadas", afirmou.  

Segundo a médica, da composição da fórmula da vacina não existe presença do vírus que causa o HPV, informação que tem sido divulgada por grupos em redes sociais. "A dose é constituída com uma proteína que vai estimular o organismo a produzir o anticorpo contra o vírus", explica.

Conforme a pediatra, a importância da vacina contra o HPV para saúde pública é de elevado interesse público. "Estima-se que o papiloma vírus esta presente em  50% dos homens no mundo, e hoje de 25% a 50%  das mulheres já são portadoras do vírus que pode ser transmitido pela relação sexual. A vacina nas meninas vem justamente para interromper esse ciclo de transmissão, as protegendo antes mesmo de entrarem na fase adulta", destaca a profissional, lembrando que o MS começou a campanha trabalhando públicos na faixa etária de 11 a 13 anos, mas em breve reduzirá a idade para faixa de 9 a 13 anos e  a partir do terceiro ano apenas meninas de nove anos serão vacinadas.

Em Aracaju, a população pode buscar doses da Vacina Contra HPV em todas as 43 Unidades de Saúde da Família. A pediatra do Município de Aracaju, Ângela Marinho Barreto Fontes, reforça que receber a vacina gratuitamente por meio do SUS é uma oportunidade única. "Pessoas que deixam passar a oportunidade de imunizar as filhas acabam tendo que pagar caro para poder acessar a vacina através da rede privada. A imunização chega a custar valores altos como 500 reais a dose", explica comentando que o Governo Federal investiu cerca de 360 milhões de reais para garantir a imunização gratuita para as meninas e pré-adolescentes.